Por thiago.antunes

Rio - Rivais em campanhas presidenciais nos últimos 20 anos, o PT e o PSDB voltam a polarizar as eleições desde hoje com receitas diferentes para o Brasil a partir de 2015. Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, afirma que iniciará no país um novo ciclo de desenvolvimento, com ampliação de políticas sociais e o incentivo à maior competitividade produtiva no país.

Aécio Neves (PSDB) promete manter os programas sociais atuais e aliviar o peso do estado, com o corte de ministérios e o controle dos gastos do governo, para garantir metas fiscais. O candidato também diz que irá promover uma reforma tributária nos primeiros cem dias de governo, caso eleito.

Durante a campanha, Dilma não lançou um programa de governo oficial. Com uma campanha fortemente calcada em defender as conquistas dos 12 anos do governo PT, a presidenta apresentou suas ideias de forma fragmentada. Aécio Neves (PSDB) só divulgou um plano de governo na última semana da eleição. Antes disso, suas propostas também foram apresentadas a conta-gotas, em debates e entrevistas.

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Com o desafio de fazer o país crescer, os dois presidenciáveis possuem pontos de aproximação em suas promessas para a economia. Ambos defendem a autonomia do Banco Central e a continuidade da política de valorização do salário mínimo. Aécio afirma que vai retomar o tripé econômico — controle da inflação, metas fiscais e câmbio flutuante. Dilma diz que não se afastou dessa tríade em seu governo.

Para o economista-chefe da Gradual Investimentos, André Perfeito, nenhum dos dois candidatos irá ‘reinventar a roda’. “A margem de manobra para o próximo presidente é muito pequena. Na política fiscal, por exemplo, para fazer alguma mudança, seria necessário mexer em investimentos. Mas você vai parar com investimentos?”, questiona. Para Perfeito, Aécio deu sinais de que irá promover um ajuste fiscal rapidamente, ao passo que Dilma faria o processo de forma mais lenta.

Entre as diferenças dos candidatos, o tucano afirma que irá reduzir a inflação para o centro da meta no prazo de dois a três anos. Já a presidenta diz que a redução da inflação implica no corte de gastos sociais. Os dois também divergem sobre a atuação dos bancos públicos na concessão de empréstimos para empresas. A necessária reforma política é defendida pelos dois candidatos, mas não há consenso sobre quais pontos devem ser englobados nem sobre a forma de promovê-la.

Dilma propõe que as mudanças sejam aprovadas por meio de plebiscito popular. Aécio pensa que o assunto deve ser discutido no Congresso. Um dos pontos principais defendidos pelo PT é o financiamento público de campanha, que não está contemplado na pauta do PSDB. Os tucanos apoiam o fim da reeleição e o mandato de cinco anos.

Em temas polêmicos, os adversários adotam posturas similares. Os dois são a favor da criminalização da homofobia e contra a descriminalização do aborto e das drogas, mas divergem sobre a redução da maioridade penal. Dilma é contra a medida, argumentando que, nos países em que foi adotada, ela não diminuiu a incidência de crimes. Já Aécio é a favor da redução para 16 anos em casos de crimes hediondos.

Dilma: Autonomia operacional do Banco Central e universalização da educação

Economia -  Manutenção do papel dos bancos públicos como Caixa, Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento na concessão de crédito para áreas como agricultura, moradia popular, transporte público, infraestrutura, indústria e setores estratégicos. Autonomia operacional do Banco Central para alcançar as metas da inflação. Manutenção do atual critério de reajuste do salário mínimo, que combina inflação com o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Política externa - Fortalecimento de blocos latinos como o Mercosul, a Unasul e a Comunidade dos Países da América Latina e do Caribe. Ênfase nas relações com a África e com países asiáticos, em especial a China, o maior parceiro comercial do Brasil.

Segurança -  Integração das Forças Armadas, polícias estaduais, Federal e Rodoviária em Centros de Controle Integrados, nos moldes do que ocorreu na Copa do Mundo. Criação de uma Academia Nacional de Segurança Pública, para formação conjunta das polícias.

Educação - Universalizar a educação infantil de 4 a 5 anos até 2016. Ampliar a rede de educação integral para 20% da rede pública até 2018. Concessão de 100 mil bolsas no programa Ciências Sem Fronteiras, entre 2015 e 2018.

Saúde - Ampliação da rede de Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) e a universalização do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Implementação do programa Mais Especialidades, para complementar o Mais Médicos. A meta do programa é criar uma rede de unidades especializadas com exames e consultas em áreas como pediatria, ginecologia e ortopedia, entre outras.

Aécio - Promessa de redução de maioridade penal para crimes hediondos

Economia - Redução da inflação para a meta de 4,5% ao ano no prazo de dois a três anos. Após alcançar este índice, o candidato promete reduzir a meta da inflação para 3%. Transparência da política fiscal, sem o uso de artifícios no cálculo dos gastos públicos. Autonomia operacional do Banco Central. Redução de custos dos empréstimos bancários. Revisão dos critérios para a concessão de créditos subsidiados pelos bancos públicos. Limitação da taxa de crescimento do gasto público à taxa de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).

Política externa - Revisão do relacionamento do Brasil com os países do Mercosul e ampliação de acordos com países de outros blocos, como a União Europeia. Desburocratização de portos e aduanas.

Segurança - Mudança nas regras de maioridade penal em caso de crimes hediondos, como homicídios e latrocínios. A pedido do Ministério Público, o juiz poderá determinar que o menor entre 16 e 18 anos responda pelo crime como um maior de idade. Criar novas prisões federais para abrigar lideranças do crime organizado.

Educação - Destinação de 7% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação. Uso de avaliações como critério para evolução funcional e incremento de salário. Ampliação da jornada de trabalho do professor para 40 horas. Criação do Poupança Jovem, programa que dará R$ 1 mil a estudantes do ensino médio a cada ano concluído.

Saúde - Criação de uma carreira nacional de médicos do Sistema Único de Saúde, em parceria com estados e municípios. Destinação de 10% da receita bruta da União para a Saúde. Oferta de cursos preparatórios para o Revalida para médicos estrangeiros .

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