Por thiago.antunes

Rio - Deputada federal mais votada do Rio de Janeiro, com 335 mil votos, Clarissa Garotinho desabou em sua primeira entrevista coletiva, concedida em seu gabinete na Assembleia Legislativa. Com uma chamativa blusa rosa, unhas e salto alto negros, e maquiagem discreta para disfarçar o cansaço, Clarissa chegou com educação e simpatia, pedindo desculpas aos presentes por não ter atendido ao telefone após a eleição. "Me desculpem, mas não atendi ninguém e por isso marquei a coletiva, para poder atender a todos. Podem começar", pediu, com um sorriso de canto de rosto.

'Foi o dia ou um dos dias mais tristes da minha vida'%2C disse Clarissa Garotinho%2C sobre derrota do paiAndré Mourão / Agência O Dia

A primeira pergunta foi, na verdade, um pedido de análise pessoal do resultado das eleições. Foi o suficiente para as lágrimas descerem. "Não posso dizer que estou feliz", respondeu, com a voz embargada. "Foi o dia ou um dos dias mais tristes da minha vida. Não tinha clima de comemoração. Meu pai tinha a expectativa de ir para o segundo turno. Seria a oportunidade de desfazer o personagem Garotinho que criaram e que não é o que ele é", disse a deputada.

Crivella e Garotinho garantiram não terem tratado de cargos no caso de eventual vitória nas urnas, mas projetos do ex-governador na área de transportes foram colocados para Crivella. “Sugerimos a ele que incorporasse a redução do IPVA, e passamos a contabilidade do índice de passageiros por quilômetro para a redução das tarifas dos ônibus intermunicipais, entre outras questões”, contou a filha e deputada federal Clarissa Garotinho. 

A inclusão de projetos como o cheque-cidadão, uma das marcas da gestão Anthony Garotinho, não foi tratada neste primeiro momento, mas não está descartada, garante Clarissa.

Clarissa reconheceu o resultado das eleições e, apesar das lágrimas, não quis apelar para o chororô. Mas questionou a diferença entre o que apontaram os institutos de pesquisa na boca-de-urna e o resultado final.

"A gente ouve falar muito em manipulação, mas antes do pleito. Não interessa aos institutos, na boca-de-urna, colocar em xeque sua credibilidade. Eles acertaram a votação do Crivella, do Lindberg, do Tarcísio, da eleição para o Senado e, aqui no Rio, da presidencial. Mas a diferença entre Pezão e Garotinho passou de 6 para 20 pontos. Estranho. E numa eleição com 700 urnas trocadas, notícias na imprensa de pessoas que não votaram porque já tinham votado por ela...", lamentou. A tristeza pelo resultado da eleição para o governo do Rio inflou o desejo que já existia em Clarissa Garotinho de brigar pela reforma política no Câmara dos Deputados.

Clarissa chorou ao lembrar da derrota do pai%2C Anthony Garotinho%2C na disputa pelo governo do estadoAndré Mourão / Agência O Dia

"Precisamos sair da democracia representativa para a democracia participativa. Acho que este foi o recado das ruas. Sou a favor do financiamento público de campanha de forma exclusiva, porque se for misto não adianta. E precisamos mudar a questão do tempo de TV no horário eleitoral. Se tem tempo mínimo, tem que ter tempo máximo. Mas isso depende de pressão das ruas, senão é difícil de ser aprovado", admite a deputada.

Em relação ao segundo turno, Clarissa diz que vai continuar apoiando Dilma para presidente e se colocou à disposição de Marcelo Crivella para o que ele precisar na campanha para o governo do Estado.

'Cabral dizia aos deputados aqui na Alerj que tinha 2 bilhões de reais para reeleger Pezão. É um Maracanã de dinheiro'André Mourão / Agência O Dia

"Cabral dizia aos deputados aqui na Alerj que tinha 2 bilhões de reais para reeleger Pezão. É um Maracanã de dinheiro. Acho que o Rio precisa de todos nós para derrubar este PMDB que usa a política para se servir dela. O Aécio, por exemplo, recebeu o apoio da família Picciani, que é acusada em pleno século 21 de trabalho escravo em suas fazendas, o que deixa a gente indignada porque parece que os desonestos, às vezes, se dão melhor. Mas não devemos invejar aqueles que praticam o mal", disse Clarissa.

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