Por bferreira

Rio - O governador Luiz Fernando Pezão recebeu um prévio não de Lindberg Farias (PT) ao pedir apoio a ele no segundo turno. Em coletiva ontem à imprensa, no Palácio Guanabara, o governador afirmou que ligou para Lindberg e que esse teria lhe dito que a tendência é que ele e a presidência do partido no Rio apoiem o senador Marcelo Crivella (PRB). Mesmo assim, Pezão disse que pediu ao petista que ouvisse sua posição.

Pezão teria adesão de 10 entre 11 prefeitos do PTErnesto Carriço / Agência O Dia

Ontem, o governador já recebeu uma baixa, quando foi anunciado que o ex-governador Anthony Garotinho (PR) se encontrará hoje com Crivella para discutir seu apoio. Mesmo com a sinalização de Lindberg, Pezão afirmou que tem o apoio da maioria dos prefeitos do PT.

“Pedi ao Lindberg que ouvisse o meu apelo. Já apoiei ele, levei ele para 85 municípios quando ele foi candidato ao Senado. Mas vamos esperar a decisão do diretório do PT. Eles que decidem. Dos 11 prefeitos do PT, eu posso vir a ter apoio de 10. Está muito cedo, não tem 24 horas do fim da votação. Acho difícil o presidente do PT no Rio (Washington Quaquá) e o Lindberg me apoiarem, mas respeito a posicão deles”, desabafou.

O governador falou que também políticos do PR, partido de Anthony Garotinho, e de outras coligações já demonstraram apoio a ele, mas não deu nomes. “Temos a maior aliança dessas eleições, 18 partidos. Diversos deputados que se elegeram já me ligaram declarando apoio. Na hora certa, nós vamos anunciá-los. Vamos ter muitas novidades por aí”, disse.

Pezão também justificou a falta de apoio dos seus adversários do primeiro turno alegando que seu relacionamento sempre foi com os prefeitos e com os partidos. “Não tenho problemas em ligar para nenhum candidato, mas alguns têm mais dificuldades de aderirem, até pelo estilo de campanha que foi feito”, disse Pezão, acrescentando que também já esperava que Garotinho apoiasse Crivella, já que o ex-governador ajudou na campanha do candidato para o Senado Federal.

Pezão também disse que procurou o senador eleito Romário e que a conversa foi “muito boa”. O vice-presidente Michel Temer (PMDB) disse ontem no Palácio que a presidenta Dilma Rousseff tem “apreço pessoal e político” pelo governador, mas afirmou que a tendência é que ela não suba ao palanque de nenhum candidato, já que ela também apoia Crivella.

Adversários podem se unir no ‘fora Cabrão’

Adversários de Pezão começaram ontem, dia seguinte ao pleito, a articular para “tirar o PMDB do governo”. Anthony Garotinho (PR), Lindberg Farias (PT) e até Psol e Rede, grupo de Marina Silva, estão na roda.

“Incompatibilidade absoluta com Pezão”, afirmou o deputado federal pelo Psol Chico Alencar. Segundo ele, o partido ainda conversará internamente sobre a possibilidade ou não de declarar voto em Marcelo Crivella. “Não há possibilidade de voto no Pezão”. Marcelo Freixo também conversou por telefone com Crivella.

O vereador Jefferson Moura e o sociólogo Luís Eduardo Soares, ambos da Rede, se encontraram por cerca de duas horas com Crivella e vão submeter ao grupo a possível alinça contra o PMDB. “Mas é certo que é zero a possibilidade de o candidato do Cabral ter meu voto ou apoio”, garantiu Moura, na saída do encontro.

Lindberg e Garotinho confirmarão hoje seus votos em favor do senador Crivella. Lindberg, inclusive, segundo o presidente do PT do Rio, Washington Quaquá, gravará programa de TV para o aliado. As propagandas recomeçam sábado. Hoje, Garotinho e Crivella darão entrevista em Campos formalizando e informando os termos da aliança.

Segundo Isaías Zavarise, coordenador de campanha de Crivella, mesmo que formem o pacto antiPezão com o Psol, não há qualquer articulação para adesão a um possível governo. “O objetivo da frente é para tirar o PMDB do poder e atender à demanda do povo, que foi às ruas em junho do ano passado contra Cabral. Formaremos o ‘fora Cabrão’ — junção de Cabral com Pezão”, explicou.

Reportagem de Nonato Viegas

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