Por thiago.antunes

Rio - O futuro governador do Rio só será conhecido no dia 26 de outubro, mas é certo que o PT irá integrar a próxima administração qualquer que seja o eleito. Liberado pela direção nacional, parte do partido desembarcou em peso na campanha à reeleição do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB) e da presidenta Dilma Rousseff (PT), no movimento conhecido como ‘Dilmão’. Já o grupo liderado pelo prefeito de Maricá, Washington Quaquá, e o candidato derrotado Lindberg Farias firmou apoio ao senador Marcelo Crivella (PRB), adversário de Pezão na corrida pelo Palácio Guanabara.

O governador saiu na frente: dez dos 11 prefeitos do PT se engajaram ontem em sua candidatura e na da presidenta, numa cerimônia comandada pelo prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PT). O PT fluminense integrou o governo de Sérgio Cabral e de Pezão durante sete anos. O rompimento ocorreu apenas no início deste ano, quando Lindberg decidiu concorrer ao Guanabara.

Na cerimônia, Lindberg prometeu fazer campanha para Crivella. Não descartou dividir o palanque com Anthony Garotinho (PR), também derrotado na disputa pelo governo e muito criticado pelo petista. “Não vejo problema nisso”, afirmou Lindberg.

Dez dos 11 prefeitos do PT no Rio%2C além de deputados estaduais e federais eleitos%2C firmaram apoio nesta quarta-feira à reeleição do governador Pezão Fabio Gonçalves / Agência O Dia

Ao receber o apoio do PT, Pezão ficou emocionado. “No primeiro turno, fiz uma campanha positiva, mas sentia que faltava um pedaço de mim e esse pedaço era o PT”, disse o governador. Para o apoio ao atual governador, o PT elencou 13 propostas a serem incorporadas na campanha do peemedebista. Entre os itens, está o diálogo com movimentos sociais e políticas LGBT.

A cerimônia de oficialização do ‘Dilmão’ no Rio contou com a presença dos deputados estaduais eleitos pelo PT: Carlos Minc, Zaqueu Teixeira e André Ceciliano, além do federal Chico D’ Angelo. A aliança também foi assinada pelo deputado estadual Waldeck, além dos prefeitos Rodrigo Neves, Conceição (Angra dos Reis), Saulo Gouveia (Cantagalo), Claudio Valente (Miguel Pereira), Tarciso (Paracambi), Casé (Paraty), Arimathéa (Pinheral), Chumbinho (São Pedro da Aldeia) e Carmod Bastos (São Sebastião do Alto).

Para Rodrigo Neves, o apoio ao Pezão é uma maneira de deixar o Rio em evidência. “Uma vitória do Aécio representaria uma perda de perspectiva para o Rio porque São Paulo retomaria a hegemonia política do país”, alegou Neves. O prefeito de Niterói minimizou a dissidência liderada por Quaquá ao ‘Dilmão’. “Respeito ele e não vou discutir. Passei dois dias ligando para lideranças e deputados do PT e consegui a adesão quase integral”, completou Neves.

Lindberg oficializa apoio a Crivella no 2º turnoFernando Souza / Agência O Dia

Em seu discurso, o presidente da Alerj, Paulo Melo, admitiu que tem divergências com o PT em algumas cidades, mas está a favor da aliança de Dilma e Pezão pelo avanço no estado. “Sou discípulo da gratidão. Estou há 24 anos na política e só nos últimos 7 anos e 10 meses presenciei uma mudança. Essa união preencheu o vazio que existia no estado”, afirmou Melo.

Presidenta telefona para Paes

O ato de apoio a Dilma Rousseff (PT), com a presença de membros do PMDB, ontem, segundo membros do partido, teria sido feito a pedido da própria presidenta. De acordo com políticos do PMDB, o encontro foi realizado depois que a presidenta ligou para o prefeito Eduardo Paes (PMDB), na segunda-feira, pedindo uma demonstração firme do apoio de peemedebistas a sua candidatura no Rio.

O apelo da presidenta teria ocorrido depois do fortalecimento do movimento Aezão,composto por membros do PMDB que apoiam o Aécio Neves (PSDB) e o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB). O grupo, que minguou depois que a candidata Marina Silva (PSB) cresceu nas pesquisas do primeiro turno, ressurgiu com força total com a boa atuação de Neves na eleição.

O movimento do Aezão, liderado pelo deputado eleito Jorge Picciani (PMDB) agregou novos deputados e prefeitos nesta semana e dividiu territórios no Rio em que atuarão para divulgar o nome de Aécio. O candidato deve se reunir nesta sexta com o grupo. Sabendo da articulação, Dilma teria procurado os membros do PMDB que estão com ela, como Paes, para que fizessem o mesmo e fortalecessem sua candidatura no Rio. Na ligação, a presidenta também teria lembrado ao prefeito que tem o apoio integral do adversário de Pezão, Marcelo Crivella (PRB). Paes confirmou a ligação, mas negou que a presidenta teria feito este pedido.

Magoado, Lindberg decide apoiar Crivella

Após costurar aliança com Anthony Garotinho (PR) anteontem, o candidato ao governo Marcelo Crivella (PRB) recebeu o apoio de outro concorrente derrotado no primeiro turno: Lindberg Farias, do PT. O anúncio foi feito ontem à tarde, na Associação Comercial do Rio de Janeiro, no Centro. Para fazer campanha em favor de Crivella, Lindberg não descartou dividir palanque com Garotinho, muito criticado por ele nos debates que antecederam o pleito de domingo.

O senador petista gravou, ontem mesmo, vídeo que será usado na campanha de Crivella. O ex-prefeito de Nova Iguaçu classificou como “traição” o fato de parte dos prefeitos e dos deputados de seu partido não seguirem a decisão do diretório regional e escreverem carta de apoio ao candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB), entre eles Rodrigo Neves, prefeito de Niterói. A fim de evitar novo atrito com o PMDB fluminense, a direção nacional do PT liberou seus filiados para apoiarem quem quisessem.

Também presente no evento, o presidente do PT-RJ, Washington Quaquá, afirmou que os correligionários que apoiam Pezão ‘não farão falta’, pois já estavam ao lado do peemedebista no primeiro turno.
Se, em Campos, Garotinho sugeriu a Crivella pautas relacionadas aos transportes, ontem foi a vez de Lindberg pedir ao candidato do PRB que leve adiante projetos na área da Educação, como a construção dos ‘Cieps do século 21’. Crivella acenou com a possibilidade de intensa participação petista em sua eventual gestão.

“O Garotinho não me pediu cargo nenhum. Só que eu derrote Pezão. (Já) O PT vai participar dando ideias, assumindo cargos para indicar pessoas competentes, honestas e capazes”, disse. Além da formalização da aliança, os políticos aproveitaram o encontro para criticar o PMDB e o movimento ‘Aezão’, que pede votos para o presidenciável Aécio Neves (PSDB) e Pezão.

“Nossa presidenta precisa de um palanque honesto no Rio. Não de um palanque duas caras, hermafrodita”, disse, referindo-se ao partido de Pezão, que, dividido, pede votos para Dilma Rousseff (PT) e Aécio.
Crivella trabalha nos bastidores para obter o apoio do Psol. O deputado Paulo Ramos afirmou que conversará com o correligionário, campeão de votos para a Alerj, Marcelo Freixo. “Eu entendo que há a necessidade de encontrar um outro caminho para o estado, mas vou seguir a orientação do partido. Devemos decidir isso na sexta-feira”, disse Ramos. Questões relacionadas aos direitos dos homossexuais podem emperrar o acordo.

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