Por bferreira

Rio - Foi marcada para hoje a divulgação de três pesquisas de opinião sobre a corrida presidencial. Datafolha, Vox Populi e MDA anunciam os resultados das consultas que realizaram nos últimos dias. O instituto da ‘Folha de S.Paulo’ só concluirá seu levantamento no final da tarde, ainda a tempo de enviar os dados para o Jornal Nacional, da TV Globo. Até meados da semana passada, o senador Aécio Neves aparecia à frente da presidenta Dilma Rousseff por pequena margem. O tucano só exibiu vantagem maior, de 12,8 pontos, na pesquisa IstoÉ/Sensus, que tem sua credibilidade questionada pela campanha de Dilma. Mesmo que o noticiário do dia confirme a liderança de Aécio, formou-se um consenso entre os especialistas: a disputa pela Presidência é a mais difícil desde a volta das eleições diretas, em 1989. E ninguém se atreve a apontar o vencedor.

Mestres na análise de pesquisas, como César Maia, Antonio Lavareda, Mauro Paulino e Carlos Augusto Montenegro, não querem queimar a língua. No máximo, dão uma indicação óbvia: os indecisos vão decidir o pleito. Mais não dizem. O jeito é seguir a pista que eles dão. Se o futuro do país está nas mãos dos indecisos, quem são eles? Para Paulino, diretor-geral do Datafolha, trata-se de um segmento mais feminino e menos escolarizado do que a média da população. E seu potencial de conversão pró-Dilma seria o dobro do observado para o tucano (13%, contra 6%). A maioria votou em uma mulher no primeiro turno: 32% na presidenta e 26% em Marina. Em direção oposta, um gráfico do jornal ‘O Globo’, com base na própria pesquisa do Datafolha, concluiu que 50% dos indecisos consideram o programa eleitoral de Aécio na TV ótimo e bom, contra apenas 42% de Dilma. Para os que votam em branco e nulo, a medida é 36% de Aécio contra 23% de Dilma.

Apesar da cautela, explica-se que a maioria dos indecisos pertence à classe média e deve votar de acordo com o padrão de renda e a região em que vive. Neste universo, os eleitores de renda mais baixa tenderiam para Dilma, como também os do Norte/Nordeste. Os grupos de melhor poder aquisitivo (dentro da classe média) devem se definir por Aécio — principalmente aqueles do Sul e Sudeste. Ao fim e ao cabo, os indecisos repetiriam a tendência dos votos já cristalizados. Mas há quem discorde. O cientista político Fernando Abrucio, da FGV-SP, diz que, mesmo eleitores do estrato mais baixo da classe média são influenciados pela tese da mudança. Melhoraram de vida, porém querem evoluir mais. No momento, sentem-se estagnados e poderiam votar em Aécio.

Uma conclusão é certa: o projeto de reeleição de Dilma está em apuros. Se em 2010, a partir do sucesso de Lula, a petista derrotou José Serra com facilidade (56% a 44%), agora o quadro mudou radicalmente. Basta olhar o Rio de Janeiro. Aqui, em 2010, Dilma abriu 1,7 milhão de votos, 60% contra 40%. Pelas últimas pesquisas, o quadro é de empate técnico. No Distrito Federal, ela teve 53% contra 47% de Serra. Agora, segundo o Datafolha, Aécio tem 65% e Dilma, 35%. Em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Dilma perdeu para Serra, mas por diferença de oito pontos (54% a 46). Hoje, fala-se de vitória de Aécio por 65% a 35%. Se isso acontecer, os votos do Nordeste não serão suficientes para Dilma. Ou ela avança no Sul/Sudeste ou corre o risco de perder a eleição.

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