Por tabata.uchoa

Rio - As eleições só terminam no próximo domingo, mas seis dos 117 candidatos eleitos no Estado do Rio já estão de olho em 2016, quando será escolhido o sucessor do prefeito Eduardo Paes (PMDB) — que não pode concorrer a mais uma reeleição. As expressivas votações que eles tiveram são os passaportes do futuro senador Romário (PSB), conforme o DIA mostrou ontem, e da eleita deputada federal Clarissa Garotinho (PR) e dos deputados Marcelo Freixo (Psol), Leonardo Picciani (PMDB), Pedro Paulo (PMDB) e Flávio Bolsonaro (PP).

Prefeito Eduardo Paes deixa o cargo em 2016Agência Brasil

“Um pleito puxa outro e, pelo histórico de votos deles, são os que mais se credenciam para concorrer à sucessão na prefeitura em 2016. Mas, para isto, precisarão ficar na mídia, ter o endosso de seus partidos e o empenho dos correligionários”, analisou o cientista político e professor da UFRJ, Paulo Baía.

Romário foi o mais votado deles, respaldado por 4,7 milhões de eleitores. Mas até 2016 precisa pavimentar seu caminho dentro do PSB. Ainda no domingo depois da apuração, ele começou esse movimento expressando o seu descontentamento com o partido: “Quero a legenda com vistas para 2016.”

O senador eleito com votação recorde reclamou de “acordos que não foram cumpridos” pelo diretório estadual. “Ele foi muito bem votado e engoliu todas as vontades do partido. Nada mais justo do que, agora, ter voz interna”, disse um dos aliados de Romário. “Dois anos em política é muito tempo, daí que garantir o controle partidário é essencial”, completou outro.

Deputado estadual mais bem votado e no seu terceiro mandato, Marcelo Freixo é consenso no Psol e ensaia uma aproximação com o PT. Já na manhã seguinte à eleição, em entrevista à Rádio CBN, abriu seu voto para presidente, no segundo turno, na candidata à reeleição Dilma Rousseff (PT) contra Aécio Neves (PSDB).

Seu gesto foi bem recebido pelos petistas e decifrado pelo presidente regional do PT, Washington Quaquá. “É bom para o Psol sair do isolamento, e para o PT sair das asas do PMDB”, avaliou, já projetando uma aliança para 2016.

O cientista político Paulo Baía, porém, não acredita na união entre os partidos. Para ele, embora o discurso de união das esquerdas seja bom, parte do PT voltará para o PMDB, ‘dificultando o discurso de distanciamento do poder.’

Disputa no PMDB passa pela Alerj

Embora tenha visto o pai ficar fora do segundo turno pelo governo do estado, Clarissa Garotinho (PR) foi bem eleita e, nos bastidores, é tida como sucessora do ex-governador do Rio. “Uma eleição é diferente da outra. São dinâmicas diferentes. Apesar de ter sido a quarta mais votada na cidade do Rio, temos que ver como as coisas vão se desenhar. Neste momento estou focada no segundo turno”, desconversa a deputada.

Entretanto, segundo aliados do PR, as articulações para a sucessão já começaram. O acordo entre a família Garotinho e o senador Marcelo Crivella (PRB), neste segundo turno, passa pelo apoio à candidatura de Clarissa à Prefeitura do Rio, em 2016. Este seria um dos motivo para seu engajamento na campanha do novo aliado.

Dificuldades mesmo enfrentarão Leonardo Picciani, deputado federal e filho de Jorge Picciani — atual presidente do PMDB —, e Pedro Paulo, ex-secretário da Casa Civil de Eduardo Paes. Eles disputarão internamente a indicação da legenda. A prévia do enfrentamento ocorrerá entre seus grupos, na disputa pela presidência da Alerj, entre Jorge Picciani e Paulo Melo, e depois, pelo comando do partido. “Quem assumir o PMDB terá a máquina. Por isso é importante Paes e Cabral elegerem o substituto do Picciani, o pai”, diz um aliado.

Com 100 mil votos para Alerj, Flávio Bolsonaro pretende reunir o voto conservador.

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