Por felipe.martins

São Paulo -  Os presidenciáveis Dilma Rousseff (PT) e Aécio Neves (PSDB) repudiaram neste sábado os atos de vandalismo ocorridos na sede da Editora Abril, em São Paulo. Aécio classificou a ação como um “atentado à democracia”. “Assistimos ontem e hoje a um atentado contra a liberdade de expressão, o que já é uma marca extremamente preocupante dos nossos adversários”, disse.

“Ao tentar invadir e depredar a fachada de um importante veículo de comunicação, os manifestantes não atingem aquele veículo. Atingem o que temos de mais valioso, que é a liberdade de expressão no Brasil”, condenou Aécio, durante uma visita a São João Del Rei, no interior de Minas Gerais.

Dilma considerou a atitude uma barbárie. “Lamento qualquer ato de vandalismo. Repudio todas as formas de violência como resposta à discussão política. Isso é uma barbárie, não deve ocorrer. Não se faz um país civilizado dessa forma", afirmou a presidenta em seu último ato de campanha, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. Dilma, no entanto, voltou a criticar a revista.

“Tenho uma vida inteira que demonstra o meu repúdio à corrupção. Eu não compactuo com a corrupção, nunca compactuei. Quero que provem que eu compactuei com a corrupção e não esse tipo de situação em que se insinua e não tem prova”.

A sede da Abril foi vandalizada na noite de ontem, em retaliação à revista ‘Veja’ desta semana. Os depredadores picharam frases como “fora Veja” e “Veja mente” na entrada do prédio da Abril e deixaram lixo e pedaços picados da revista no local.

A publicação chegou às bancas na sexta-feira e traz Lula e Dilma na capa. Segundo a revista, o doleiro Alberto Yousseff teria implicado Lula e Dilma no esquema de corrupção da Petrobras, afirmando aos órgãos de investigação da operação Lava Jato que eles sabiam dos desvios na estatal. Não há provas do envolvimento dos dois na reportagem.

Três pessoas foram detidas na ação e um boletim de ocorrência foi registrado no 14º Distrito Policial de Pinheiros. As pichações foram assinadas pela União da Juventude Socialista (UJS). Em seu site, o grupo justificou a manifestação alegando que a revista “não apresentou provas”.

“Conhecida por disseminar falácias sobre o atual governo, há (sic) 3 dias das eleições presidenciais a revista não poupou adjetivos para divulgar uma acusação sem provas”, diz um texto postado na página da UJS.


Entidades condenam ataques à editora Abril

A Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert) condenou ontem, em nota, os atos de vandalismo na sede da editora Abril. “A Abert acompanha com preocupação episódios como o de ontem à noite, pois a entidade considera grave qualquer ato de intimidação à liberdade de imprensa”.

A associação lembrou que o Brasil é signatário de uma declaração internacional que defende a imprensa livre “como condição fundamental para que as sociedades resolvam os seus conflitos, promovam o bem-estar e protejam sua liberdade”.

Em entrevista à TV Globo, o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Marcos Vinícus Coelho, afirmou que é preciso investigar o caso. "Vamos com calma e principalmente após as eleições verificar o que aconteceu efetivamente, porque nesse momento entendemos que o principal é termos a maturidade institucional para preservarmos a democracia brasileira", afirmou Coelho.

Na noite de sexta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu, em caráter liminar, a revista ‘Veja’ de fazer propaganda com a capa de Dilma e Lula. O pedido foi feito pela coligação de Dilma Rousseff (PT).

YOUSSEF PASSA MAL E É INTERNADO

O doleiro Alberto Youssef, delator no processo da operação Lava Jato, passou mal ontem à tarde e foi levado da carceragem da Polícia Federal em Curitiba, por volta das 13h, e levado de ambulância para o hispital Santa Cruz.

De acordo com informações da Polícia Federal, Youssef reclamou de uma forte indisposição e foi atendido por uma equipe do Samu, chamada por agentes da PF. Por precaução, o doleiro foi transferido de ambulância, escoltada por agentes da Polícia Federal, para o hospital.

Pelas informações dos médicos que o atenderam Youssef no hospital Santa Cruz, o delator deverá ficar internado por pelo menos 48 horas, dependendo da evolução de seu quadro clínico. Os médicos, entretanto, não informaram qual o diagnóstico para a indisposição do doleiro.

O doleiro Alberto Youssef é o protagonista da última polêmica destas eleições, com supostas acusações, reveladas pela revista ‘Veja’, de que a presidenta Dilma e o ex-presidente Lula sabiam do esquema de desvio de dinheiro da Petrobras.

Clima de agressividade até o último dia de campanha

A coligação de Aécio Neves (PSDB) informou ontem que o candidato recebeu ameaças de morte em redes sociais na visita a São João del Rei. “É lamentável o clima de intolerância estimulado pela campanha adversária, que levou a essa situação de agressividade jamais vista na democracia brasileira”, informou nota da campanha. Em Belo Horizonte, militantes tucanos hostilizaram e cercaram carros de eleitores de Dilma em um ato de apoio na Praça da Liberdade.

Na visita à cidade natal do avô, o candidato rebateu críticas feitas pelo ex-presidente Lula nos últimos dias. Aécio foi chamado de “filhinho de papai” pelo petista e considerou os ataques um gesto de desespero. “Ele sai muito menor dessa campanha do que entrou. Eu vou buscar ficar sempre na minha memória com os rasgados elogios que ele fez a mim ao longo de todo o nosso convívio, como governador de Minas”, afirmou Aécio. Em um balanço da campanha, Aécio afirmou que o pior momento da jornada foi a morte de Eduardo Campos.

Dilma fez uma caminhada em Porto Alegre, cidade onde fez sua trajetória política. A presidenta fez um chamado pela participação na votação de hoje. “Faço um apelo às pessoas mais simples, compareçam para votar. Do mais pobre ao mais rico todos têm o mesmo poder”, afirmou a presidenta.



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