Por felipe.martins

Rio - Se as eleições fossem uma grande brincadeira, com certeza, a diversão favorita dos candidatos à Presidência e ao governo do estado teria sido a gangorra. Ao contrário do jogo infantil, em que a graça está em deixar o adversário de castigo sem conseguir descer, na corrida eleitoral a briga é, justamente o inverso: permanecer no alto, e, se possível, até o fim do segundo turno. Mas desde o início da campanha política, há quatro meses, tem sido difícil para a maioria deles se manter no topo por muito tempo.

Com as oscilações nas intenções de votos de eleitores indecisos, as posições rumo ao primeiro lugar se alternam com uma frequência que desafia até mesmo as pesquisas eleitorais. Movido pelas incertezas da disputa política, o vaivém proporcionou até agora sete cenários diferentes na corrida presidencial.

Depois de estar tecnicamente empatada com Aécio Neves durante quase todo o segundo turno, Dilma Rousseff tomou a dianteira no fim, em uma das eleições mais concorridas, desde 1989 — quando Lula ultrapassou Leonel Brizola, mas acabou derrotado por Fernando Collor.

Nas primeiras pesquisas, a candidata à reeleição chegou a liderar a corrida e se cogitou sua vitória em primeiro turno, contra Aécio Neves. Seria mais uma disputa polarizada entre PT e PSDB, como ocorre desde 1994.

Um acidente no meio do caminho, porém, embaralhou a jogo. Com a morte de Eduardo Campos, na queda do helicóptero do candidato do PSB em 13 de agosto, e a entrada de Marina Silva, alçada à condição de favorita, a vitória da petista foi ameaçada. Enquanto isso, Aécio caía nas intenções de voto. As apostas eram de que o ex-governador mineiro não conseguiria se recuperar e que só um milagre político poderia levá-lo ao segundo turno.

Na véspera do primeiro turno, Aécio ressurgiu nas pesquisas, garantindo uma vaga para a disputa final. “Ele foi poupado dos ataques que atingiram a Marina, fazendo com que subisse nas pesquisas”, avalia o cientista político da Uerj, João Feres.

Em mais uma reviravolta, a 12 dias do segundo turno, o tucano ultrapassou Dilma, com 46% das intenções de voto. E mais uma vez, ele voltou a cair. “Aécio foi melhor nos debates, mas virou alvo das críticas, com holofotes iluminando seu passado político”, diz Feres.

Para o cientista político e professor da PUC-Rio Ricardo Ismael, essa será a eleição do anti-voto. “Os brasileiros vão votar levando em conta mais os defeitos do adversário do que as qualidades do próprio candidato”, constata. É o que fará a professora Marta Alves. “No início pensei na Marina, porque não quero mais quem está no poder. Depois, migrei para o Aécio, que também não é quem eu queria”, diz.

A seis dias do segundo turno, a presidente Dilma tomou impulso novamente, catapultada pelas pesquisas e retornou ao alto da gangorra. Resta saber se para ficar mais quatro anos no topo ou para descer, logo mais à noite, quando o TSE anunciar o vencedor.

No Rio, altos e baixos da campanha

O governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, é o favorito para vencer as eleições, como apontam as últimas pesquisas. “Há uma vantagem para Pezão, mas Crivella não está morto e a votação não está definida”, diz o cientista político Ricardo Ismael. Pezão lidera as intenções de voto, mas a gangorra está paralela ao chão, a espera de um empurrão dos indecisos. “O Crivella conquistou o voto anti-Cabral e o Pezão ficou com os votos anti-Igreja Universal. É o ponto fraco dos dois candidatos”, observa Ismael.

Assim como na campanha presidencial, a batalha pelo governo do estado teve cinco cenários diferentes. Há quatro meses, Pezão estava fora do segundo turno, com apenas 13% dos eleitores. Anthony Garotinho (PR) liderou por três meses, com dois adversários alternando o segundo lugar, e foi ultrapassado pelo bispo Marcelo Crivella (PRB). De desconhecido no início da campanha, Pezão cresceu nas pesquisas: “Ele se descolou de Cabral, apareceu como um cara simples do interior. Alguém que você convidaria para tomar um café na sua casa”, avalia o cientista político.


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