Por thiago.antunes

Rio - Engana-se quem pensa que o casamento entre parlamentares do PT e do PMDB acabou no Estado do Rio. Além de negociar com os 21 partidos que compuseram sua aliança, o governador reeleito Luiz Fernando Pezão terá que lidar com a pressão dos petistas em busca de cargos nas secretarias. Rechaçada por lideranças do PMDB em reunião na quarta-feira, a ideia ganha força na Alerj. A princípio, não encontraria resistência do governador Pezão.

Prefeito de Nova Iguaçu, Nelson Bornier é contra o retorno do PT Paulo Araújo / Agência O Dia

A candidatura do senador Lindberg Farias ao Palácio Guanabara — responsável por fazer o PT deixar o governo, onde ficou sete anos — parecia ser o episódio que marcaria o divórcio das duas legendas. A ida de Marcelo Crivella (PRB) ao segundo turno, porém, mudou o cenário: os petistas que estavam no governo desembarcaram na campanha de Pezão. Entre eles, estão dois ex-secretários: os deputados Carlos Minc e Zaqueu. A lealdade do grupo, que inclui cinco dos seis deputados eleitos pelo PT para Alerj, pode servir de argumento para o retorno ao governo.

O próprio Pezão é entusiasta da ideia e declarou, ao receber apoio dos petistas, que “sentiu falta de um pedaço seu” no primeiro turno. Mas, se depender do encontro dos caciques do PMDB, em Brasília, as esperanças dos antigos aliados cairão por terra: o grupo defende que o PT não volte a ocupar cargos na administração estadual e fala em “pressão” dos deputados por vagas. “Isso (retorno do PT ao governo) não pode acontecer. Eles não deveriam participar de nada, estiveram com o Crivella”, argumentou Nelson Bornier, prefeito de Nova Iguaçu.

Ele esteve no almoço que reconduziu Eduardo Cunha na liderança da bancada do PMDB na Câmara. “Foi unanimidade que o PT precisa ficar fora do governo.” Presidente estadual do PT, Washington Quaquá “comemorou” a posição assumida pelo PMDB, já que sempre foi contrário às alianças entre seu partido e o de Pezão. Ele negou qualquer “racha” na legenda e indicou que um eventual descumprimento de decisão do partido poderá ser considerado “infidelidade partidária”.

“Isso é uma pouca vergonha. Se alguém for convidado, levarei ao partido, que não aprovará o retorno ao governo”, disse, antes de concluir, enfático: “Eles não vão expor o PT ao ridículo”. Dos seis deputados estaduais eleitos pelo PT, apenas Rosângela Zeidan, mulher de Quaquá, não subiu no palanque de Pezão. Para o líder da bancada do PT na Alerj, André Ceciliano, “as portas estão abertas” para um retorno do partido à administração fluminense. “O presidente (Quaquá) fala em nome dele. A bancada não faz pressão nenhuma sobre o governo”, garantiu. Há apenas um consenso entre caciques do PT e do PMDB: o casamento depende da assinatura de Pezão.

Contra o PMDB

A briga de Quaquá com o PMDB se estenderá à Presidência da Alerj. Ao lado da deputada federal Clarissa Garotinho (PR), ele quer lançar um nome em oposição ao candidato do PMDB à Casa, e planeja convidar o Psol para compor o bloco.

Um dos mais cotados para ser o candidato do governo é Jorge Picciani, que já ocupou a cadeira. Segundo Quaquá, o nome mais indicado seria do PT, já que “Psol não vota no PR e vice-versa”. O bloco teria 18 deputados, três a mais que o PMDB.

Reportagem de Leandro Resende

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