Rio - Um grupo de parlamentares do Rio decidiu formar uma frente de esquerda no Congresso contra o que consideram “retrocesso”, como a possibilidade de Eduardo Cunha (PMDB) assumir a presidência da Câmara, no ano que vem. A defesa da reforma política, com financiamento público e voto em lista, é outro ponto que os une.
No encontro, realizado na última segunda-feira no Rio, estavam presentes o senador Lindberg Farias (PT), derrotado na última eleição para o governo do estado, e os deputados federais Alessandro Molon (PT) e Jandira Feghali (PCdoB). Jean Wyllys, do Psol, embora ausente, é signatário da frente, que conta ainda com representantes do PSB e do PDT.
O grupo pretende traçar estratégias comuns também na defesa de plataformas locais. Líderes de movimentos sociais, como o MST (Movimento dos Sem-Terra), estiveram presentes na reunião e terão o papel de mobilização nas ruas.
A iniciativa, embora não se diga publicamente, tem ainda a pretensão de pavimentar a união da esquerda com vistas a 2016, quando estará em disputa a Prefeitura do Rio, e a 2018, quando ocorrerão eleições para o governo do estado. A opinião majoritária é que, no último pleito para o Palácio Guanabara, a divisão da esquerda acabou impedindo sua ida para o segundo turno.
“Nós achamos que a esquerda tem de se unir para consolidar e avançar nas políticas sociais”, explicou a deputada Jandira Feghali. Segundo ela, ficou decidida a realização de um ato no dia 27 de novembro na OAB-RJ para a defesa da reforma política.
Outro idealizador da articulação, Jean Wyllys defendeu que haja “uma frente programática de esquerda no Congresso para que a presidenta Dilma não fique à mercê das chantagens políticas.” Ainda não há definição do grupo sobre nomes alternativos a Eduardo Cunha.
A oposição e a base governista na Câmara também não definiram quem vão apoiar. Cotado para ocupar a cadeira, Miro Teixeira (Pros) acredita ser “blefe” a disputa entre PT e PMDB. “Eles fazem esse jogo, mas acabam fechando acordo. Eles não vão nos imobilizar”, disse.
Cunha garante candidatura
Pressionado por aliados a oficializar logo seu nome para a disputa pela presidência da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB) afirmou ontem que sua candidatura é real e será “irremovível” e que planeja se lançar candidato no dia 2 de dezembro, dois meses antes da eleição.
“Como tenho sentido que há cobrança se a minha candidatura persistirá até o último momento, a partir deste momento, é irremovível”, afirmou Cunha, para em seguida completar: “A minha candidatura será levada ao plenário em qualquer circunstância. Vou fazer o lançamento no dia 2 de dezembro.” O deputado admitiu que o vice-presidente, Michel Temer, temia que sua candidatura ficasse caracterizada como de oposição.