Por thiago.antunes
Rio - De nada adiantaram os apelos da cúpula petista para evitar que as correntes mais à esquerda do partido poupassem de críticas o futuro ministério da presidenta Dilma Rousseff. Além de encarar uma oposição agressiva, Dilma tem que lidar com o fogo amigo de sua base aliada. É o caso do senador Lindberg Farias, um dos petistas que se aventurou a reclamar publicamente das escolhas da presidenta.
Num texto no Facebook, o candidato derrotado ao governo do Rio condenou os nomes de Joaquim Levy, anunciado como ministro da Fazenda, e Kátia Abreu (PMDB), cotada para assumir a pasta da Agricultura e representante da bancada ruralista do Congresso. Lindberg também pediu aos seus seguidores para aderir a um abaixo-assinado contra os dois nomes defendidos pela presidenta. E apareceu como um dos signatários do ‘Manifesto em Defesa da Vitória nas Urnas’, idealizado por intelectuais e movimentos sociais.
Senador Lindberg Farias usa redes sociais para criticar escolhas da presidenta Reprodução

“A indicação de Levy, que no governo Lula foi ponto de resistência a medidas de linha social, aponta para uma regressão da agenda progressista”, escreveu Lindberg, que garantiu estar “unido em defesa da presidenta, mas “no direito de fazer críticas”. “Hora da presidenta reafirmar seu compromisso com as causas sociais, sem temer as forças conservadoras”, concluiu o senador.

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Que a relação entre Lindberg e Dilma anda estremecida não é novidade: durante a campanha eleitoral, a presidenta apareceu mais ao lado do governador reeleito Luiz Fernando Pezão (PMDB), fato que gerou insatisfação no PT do Rio. Quando esteve ao lado de Lindberg em setembro, em rápida carreata com o petista em São Gonçalo, Dilma não pediu votos ou fez elogios ao então candidato.
As fotos do perfil oficial de Lindberg no Facebook, porém, mostram que não há mágoas e a presidenta aparece em destaque. Pudera: com R$ 12 milhões em dívidas, de acordo com a prestação de contas entregue à Justiça Eleitoral, Lindberg precisará dos recursos presidenciais. Às vésperas do primeiro turno, R$ 1,3 milhão do comitê da presidenta foi doado ao senador. Procurado, Lindberg não retornou as ligações do DIA.
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