Rio - A centenária rivalidade entre Flamengo e Botafogo ganhou um capítulo diferente. A disputa, que começou no remo e passou para os gramados, tem chuteiras e luvas na nova competição, mas nada de gols. No futebol americano, esporte em que usar as mãos e agarrar a bola é algo positivo, o Rubro-Negro levou a melhor ontem e venceu por 14 a 3, em jogo na Portuguesa da Ilha. Neste domingo, no Maracanã, o Glorioso, líder do Campeonato Brasileiro, tenta a forra com a bola nos pés.
Assim como nas quatro linhas, o futebol americano do Flamengo surgiu do Fluminense. O time tricolor acabou e o clube da Gávea recebeu os jogadores de braços abertos. Tanto Flamengo, quanto Botafogo têm o apoio das diretorias que cedem as camisas e uma vez por semana abrem as portas para os jogadores treinarem. A fama de violento não assusta e as contusões não são frequentes.
“É um esporte de impacto sim, mas tem que pensar muito também. A parte física prevalece, mas se o cara só correr também não adianta nada. Nunca tive uma lesão séria. Só pancadas ou entorse, coisas que acontecem em qualquer esporte”, disse o professor de educação física, Bruno Rosa, que defende o Flamengo.
Para quem acha caro comprar a camisa de seu time de coração por cerca de 200 reais, o preço do equipamento do futebol americano assusta muito mais.
“Na areia não tem tanto custo. Só uniforme e bola. Quando você vai jogar no campo tem protetor de ombro, luva, capacete, chuteira. O equipamento custa cerca de R$ 3 mil”, disse o analista de sistemas, Aluan Cesário Costa, de 26 anos, que defende as cores do Botafogo e joga há quatro anos.
O discurso humilde é comum aos dois esportes e tanto Bruno como Aluan não se colocam como destaques de suas equipes, mas concordam sobre a importância do quarterback, o cara que pensa o jogo, uma espécie de Seedorf no futebol americano. Enquanto jogador do Botafogo mostra profissionalismo para falar do clube que defende, Bruno é só paixão.
“Sou tricolor, mas tenho muito orgulho de defender o Botafogo. Já são quatro anos com essa camisa”, explica Aluan, contra a paixão rubro-negra de Bruno: “Domingo, no futebol, vai dar Mengão. Fla tem histórico de se superar contra os líderes. Acho que vai ser 3 a 1”, disse, esperançoso.
