Rio - Os atletas que vão representar o Brasil no Mundial de Judô, a partir do dia 26, no Maracanãzinho, tiveram nesta quarta-feira uma visita inspiradora. O bicampeão mundial João Derly apareceu no tatame da Escola de Educação Física do Exército, na Urca, e aproveitou para dar uma palestra para os judocas. Ninguém melhor do que o gaúcho, que levou o título de 2007 no Rio de Janeiro, para preparar os atletas que vão sentir a pressão de disputar uma competição deste porte em casa. Além da conquista na capital Fluminense, ele já havia sido campeão em 2005, no Cairo, Egito.
“Você escuta alguma coisa da torcida, percebe um olhar, um gesto. De tudo isso aí pode se tirar energia para ganhar a competição. Em casa é uma motivação muito grande a torcida do seu lado, e você não pode deixar isso se tornar pressão”, explicou Derly.
Em treinamento desde segunda-feira, os judocas brasileiros estão em dia com a parte física e técnica. Nesta quarta foi o momento de cuidar do lado psicológico. Com vídeos das suas principais conquistas, o Derly buscou preparar a equipe para o jogo mental que ocorre durante os confrontos.
“Eu jogava muito com o psicológico. Em 2007, teve um momento que eu cansei e, quando eu troquei a pegada com o armeno, ouvi a respiração ofegante dele e vi que ele estava pior do que eu. Dali eu tirei uma última energia para vencer”, brincou o gaúcho.
Aposentado do judô desde junho, Derly fez parte de uma geração muito importante do Brasil. Aos 32 anos, ele vê o esporte hoje muito bem representado pelos atletas do País.
“É uma responsabilidade grande, para mim, falar para esses atletas, com o nome que eles têm hoje, com os resultados que eles têm obtido. Mas quando a gente fala de experiência própria, todo mundo para e ouve, eu pelo menos sempre fui assim”, revelou .
Confiante no potencial dos judocas brasileiros, o ex-atleta aposta no equilíbrio da competição. Para ele é difícil apontar os judocas com melhores chances de medalha. Mesmo assim, Derly acredita que o Brasil está bem representado e pode sair do Mundial com algumas conquistas.
“A diferença está nos pequenos detalhes, tem que estar com a cabeça muito boa, podendo pensar rapidamente e não sentir a pressão”, comentou o ex-lutador.
Reportagem de Roberto Araújo