Por pedro.logato

Rio - Quando Fabi se encantou pelo vôlei, aos 12 anos, vendo a conquista do ouro da Seleção masculina nos Jogos de Barcelona (1992), Gabi não era nem nascida. Mas foi justamente nas quadras que as duas se uniram, num encontro de gerações a serviço do Brasil. Juntas, elas se destacaram na conquista do nono título do país no Grand Prix, há uma semana: aos 33 anos, com o status de bicampeã olímpica, a veterana Fabi foi eleita a melhor líbero do torneio, enquanto a jovem ponteira Gabi, de apenas 19, brilhou como titular no campeonato.

Gabi e Fabi disputaram Grand Prix pela seleção brasileiraDivulgação

Quatorze anos mais nova que Fabi, Gabi conquistou apenas o seu primeiro título do Grand Prix, enquanto a líbero já tem cinco ouros. Nos clubes, as duas são companheiras e, na última temporada, foram campeãs pela Unilever: foi o sexto título brasileiro de Fabi e o primeiro de Gabi.

“Eu me considero privilegiada. Depois de tantos anos, estou vendo o surgimento de novas atletas. Estou ficando mais velha e fico preocupada com a continuidade do nosso esporte, mas percebo que está em boas mãos”, diz Fabi.

Experiente, a líbero também destaca a maneira como Gabi está lidando com o sucesso no início de carreira. “Não é nenhuma surpresa que ela se destaque porque tem talento e facilidade para jogar. Está enxergando tudo isso com naturalidade. Espero que a gente continue colhendo frutos com ela na Unilever”, torce Fabi.

Gabi, que sempre declarou ser fã da bicampeã olímpica Sheilla, conta que a convivência com Fabi no clube e na Seleção fez com que admirasse ainda mais a líbero.

“A Fabi é um grande ícone do vôlei brasileiro, mas passei a admirá-la também como pessoa. Ela tem uma humildade muito grande. Tem atenção e está sempre me ajudando, conversa comigo e me dá muitas dicas”, conta a jovem ponteira.
As conversas incluem, é claro, o sonho de Gabi de disputar uma Olimpíada. Nesse quesito, Fabi tem muita história para contar, com a conquista do ouro nos Jogos de Pequim (2008) e em Londres (2012).

“É o sonho de todo atleta e posso ter a chance de jogar dentro de casa, em 2016. A Fabi me diz que em 2008 foi mais tranquilo e, em 2012, elas passaram por situações mais difíceis”, comenta Gabi.

'Espero que a Gabi trilhe o mesmo caminho longo da Fabi conosco’

“A Fabi é o símbolo do que pregamos. Ela chegou onde chegou pela garra, determinação e persistência. Ainda colaborou muito com o nosso trabalho ao longo destes anos e é fruto disso. Já a Gabi está no início do processo. Mas já chegou mostrando potencial, obtendo destaque nas competições e chegando à Seleção adulta. Esperamos que ela trilhe o mesmo caminho longo que a Fabi trilhou conosco. Que ela consiga subir muitos degraus e se torne uma referência não só para a Unilever, mas para a Seleção. Sinto orgulho de vê-las na nata do vôlei mundial, conquistando cada vez mais espaço.

A única coisa que me preocupa é a quantidade de competições que a Gabi está participando. Jogou o Sul-Americano de clubes, a Superliga, o Mundial juvenil, o Grand Prix, foi para o Sul-Americano agora, com a Seleção, volta para mais uma temporada conosco, que já tem um Mundial de clubes logo de cara...”

Conselhos para o futuro

Cursando a faculdade a distância de Administração, Fabi diz que o futuro depois da aposentadoria nas quadras é um dos assuntos que ela conversa com Gabi.

“Tem a questão do estudo, de falar inglês, a preocupação em guardar dinheiro. Eu ouvia bastante na idade dela e foram toques importantes”, recorda Fabi.

Gabi diz que também tem vontade de fazer faculdade: “A Fabi é um grande exemplo por conciliar os estudos com o vôlei. Sei que a nossa carreira é curta.”

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