Por fabio.klotz

Rio - O short e o tênis não foram pendurados, mas em algum momento eles são deixados em um cantinho e dão lugar a uma camisa mais arrumada, sapatos e calça jeans. Ricardinho e Gustavo Endres não deixaram o vôlei, mas vivem uma função dupla ajudando o Moda Maringá e o Canoas, respectivamente, em quadra e na direção do clube. Já a musa Leila, aposentada como jogadora, também experimenta o papel de dirigente do recém-criado time feminino de Brasília.

Ricardinho na função dirigenteDivulgação

Levantador e presidente do Moda Maringá, Ricardinho, de 37 anos, correu atrás de patrocínio, contratou jogadores e não teve medo de levar respostas negativas até conseguir o dinheiro necessário para tirar da gaveta o antigo projeto de ter o seu próprio time.

“Estou gostando muito, acredito que meu caminho seja o de dirigente. Estou conversando com empresários. É uma outra vida. Agora estou me dedicando para a quadra, que é o que eu mais sei fazer. Mas antes era só conversando, batendo na porta dos empresários, da prefeitura. Fiz isso por uns três meses e consegui realizar esse sonho”, conta o levantador.

Depois%2C Ricardinho assume o posto de levantador do Moda MaringáDivulgação

Para conciliar as duas funções, Ricardinho criou uma rotina.

“Eu trabalho pela manhã. Às 11h, passo pelo escritório, que fica entre minha casa e o ginásio. É meu caminho sempre. Fico uma hora lá antes do almoço, vejo o que tem que fazer, descanso. Antes do treino da tarde, passo por lá para resolver algo, ver se precisa assinar algum documento, para depois treinar”, explica.

O sonho de ter seu próprio time fez com que o levantador adiasse a aposentadoria marcada para 2015, já que o Moda Maringá tem três anos garantidos de patrocínio master. Obcecado por vitórias, Ricardinho acredita que dificilmente o time terá condições de brigar pelo título, apesar de ter astros como Lorena. Mas ele promete incomodar os favoritos: “Não sei aonde podemos chegar. Temos que nos estruturar. O gasto é muito alto na parte estrutural e com tudo. Vamos competir e quero incomodar as grandes equipes. Quem acompanha o vôlei sabe que RJX, Sesi e Cruzeiro são os favoritos. Quero que eles sofram bastante contra o Moda Maringá.”

Gustavo atua em quadra e na gestão

Gustavo também se divide como jogador e dirigenteDivulgação

Companheiro de Ricardinho na conquista do ouro olímpico nos Jogos de Atenas (2004), o meio de rede Gustavo Endres também concilia o trabalho dentro e fora das quadras pelo Canoas. Aos 38 anos, o central atua e ainda faz parte do comitê de gestão da equipe gaúcha. A aposentadoria de Gustavo das quadras chegou a ser cogitada, mas o meio de rede anunciou que encararia uma jornada dupla e admite que não tem sido fácil.

Dirigente%2C Leila nem pensa em voltar a jogarDivulgação

“Está difícil. Está bem mais cansativo. Antigamente era só treinar, ir para casa e descansar. Agora tem que treinar, se reunir, conversar, toda aquela conversa fiada entre aspas, porque é muito importante para o time. Mas estou gostando, muito motivado e é bem recompensador”, contou o meio de rede.

Leila dirige time estreante em Brasília

Dirigente do Brasília Vôlei, Leila estreia em nova função, aos 41 anos, e se divide com os compromissos no time e os cuidados com o filho, Lukas, de três anos. À beira da quadra, ela diz que o seu time pode fazer bonito na Superliga.

“Temos os pés no chão, um time experiente, com jogadoras que já jogaram Olimpíada e podemos surpreender. Não posso dizer que vamos chegar à final, mas vamos dar trabalho. Queremos que Brasília se destaque no cenário como o basquete fez”, disse Leila.

A musa garante estar bem fora das quadras: “Virei muito bem essa página. Já compreendo que minha função é outra e faço com a maior paixão. Elas me sacaneiam o tempo todo (para jogar), mas pagar mico? Nem pensar!”

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