Rio - Craque o Flamengo faz em casa, já diz uma velha máxima do futebol. Mas quem leva a expressão ao pé da letra é o Botafogo. Sem tanto alarde como os rubro-negros, o clube de General Severiano reestruturou suas categorias de base e desde 2009 vem conseguindo fazer com sucesso a transição entre juniores e profissionais. Enquanto isso, o Fla vê suas joias cada vez mais jogadas aos leões, sem conseguir se firmar na equipe principal.
No Campeonato Brasileiro deste ano, o Botafogo já utilizou 14 atletas forjados em suas divisões de base, entre eles Vitinho, vendido ao CSKA por R$ 31 milhões, e Jadson, negociado com a Udinese por R$ 6 milhões. Do time que enfrentará nesta quarta-feira o Flamengo, Dória é titular absoluto e já teve propostas de grandes clubes europeus. Sassá e Gilberto também devem começar jogando. A integração no Botafogo faz com que o jogador sinta-se bem à vontade entre os profissionais para se soltar nos treinos.
“Quando eu passei para os juniores, a intenção era essa. Por ter sido auxiliar do Oswaldo, fazia a ligação entre os dois times e isso facilitou para todos, como, por exemplo, Gegê, Dedé e Sassá. O Oswaldo confia no trabalho que vem sendo feito e isso facilita demais. O que está acontecendo tem muito mérito dos jogadores, que têm muita personalidade. O Oswaldo acreditou, viu nos treinos e ficou muito fácil. Ele sabe como utilizar os jogadores”, afirmou Jair Ventura, ex-treinador dos juniores e atualmente auxiliar do time profissional.
Em 2011, o time do Flamengo foi campeão da principal competição de base do futebol brasileiro, a Copa São Paulo de Futebol Júnior. Do time campeão, surgiram candidatos a astros, como Negueba, recentemente devolvido pelo São Paulo, e Adryan, com pouquíssimas oportunidades entre os profissionais. Muralha foi emprestado e é reserva na Portuguesa, enquanto Thomás está no Siena, da Itália.
De suas revelações, o Flamengo só aproveitou sete jogadores no Brasileirão, sendo que apenas Luiz Antônio tem presença constante entre os titulares.
“Não sei por que isso acontece no Flamengo. O clube sempre teve o slogan que craque se fazia em casa. Não dá para sair disso. E não tem acontecido. Um monte de jogadores desceram de volta para os juniores. Que tipo de valorização é essa?”, pergunta Bebeto, ex-craque do clube e pai de Mattheus, que voltou a treinar com os juniores.