Pernambuco - Em 2007, o Vasco iniciou a temporada com Romário e Leandro Amaral como dupla de ataque. Porém, um outro jogador roubou a cena e fez gols para o Cruzmaltino no Estadual e no Brasileiro daquele ano. Além da marca de artilheiro, André Dias ficou muito famoso pela maneira como comemorava os gols, beijando a canela. Sua passagem pela Colina, no entanto, não foi muito longa. Os gols no Brasileirão renderam uma oferta do Al Ain, dos Emirados Árabes, pelo qual o atacante jogou por duas temporadas.
Em 2013, André Dias é um dos destaques da equipe que está próxima de levar o Santa Cruz de volta à Série B, que o Tricolor não disputa desde 2007. Neste domingo, o time Cobra Coral enfrenta o Betim, no Arruda. Um empate leva a equipe pernambucana à Segunda Divisão do Brasileiro.
Nesta entrevista, André Dias fala sobre a expectativa do acesso do Santa Cruz, a passagem pelo Vasco, sua carreira e muito mais. Confira.
O DIA: Após muito tempo em divisões inferiores, o Santa Cruz está perto de voltar para a Série B. Como está o clima no Recife?
André Dias: Estão ansiosos. A ansiedade não é pequena, não posso negar. Sabemos que a torcida espera este momento há seis anos, desde que chegamos à Série D. Então por mais tranquilo que a gente tente ficar, existe uma euforia por parte da diretoria e dos torcedores e isso acaba de alguma forma nos afetando. Temos a noção de que estamos fazendo história. Porém, temos de trabalhar e tentar manter o foco.
Como foi a recepção na sua chegada ao Santa Cruz?
Aqui no clube, quando eu cheguei, houve uma incerteza muito grande por parte da torcida. Eles tinham razão para isso, eu estava praticamente um ano sem jogar e por mais que conhecessem meu trabalho em outros clubes, o torcedor ficou inseguro. Porém, felizmente, tive uma recepção bacana e com muito respeito. Tive algumas dificuldades nos primeiros meses, mas dentro do esperado, e depois ficou tudo tranquilo. O Santa é um time grande que passa por problemas nos últimos anos, mas tem um torcedor apaixonado e que aos poucos reconheceu o meu trabalho.
Em 2007, você teve uma passagem marcante, apesar de curta, pelo Vasco, como foi para você aquele momento?
Para mim, foi um momento brilhante da minha carreira. Pela importância de ter atuado em um clube do eixo Rio-São Paulo. Foi uma satisfação pessoal ter atuado pelo Vasco, pela história linda que o clube tem. Para mim, foi um momento que tive a possibilidade de me firmar no futebol nacional, mas infelizmente não pude ficar até o fim do ano. Foi um ano importante para o Vasco pela questão do milésimo gol do Romário, mas acabei recebendo uma proposta muito boa para o mundo árabe.
Você se arrepende de ter deixado o clube tão cedo?
Não. Na época a proposta não foi muito além do que eu recebia no Vasco. Eu estava em um momento bom, no Estadual e no Brasileiro. Só que naquele momento, o elenco tinha Romário, Leandro Amaral, e mesmo assim, falava-se em contratar mais atacantes. Eu era ignorado. Então eu acabei pensando: estou indo bem e não comentam de mim. Então resolvi aceitar a proposta, mesmo não sendo tão melhor assim. Mas foi muito legal a experiência de atuar em uma cultura diferente.
Na época, você ficou famoso por comemorar os gols beijando o canela. Como surgiu essa comemoração? Você ainda faz isso?
Essa comemoração partiu de uma brincadeira nossa. Na ocasião, tínhamos sido eliminados no Estadual e da Copa do Brasil, quando acabamos perdendo para o Gama. Então tivemos uma preparação muito forte para o início de Brasileiro. Estávamos bem fisicamente e o Celso Roth cobrava muito, dava treinos muito fortes, então eu errava muito. Em um dos erros alguém comentou: 'Nesse time só tem caneleiro'. Aí eu brinquei com o Renato (apoiador que além do Vasco atuou no Corinthians, Atlético-MG e Botafogo) que iria comemorar meus gols beijando a canela e assim foi.
Você tem a expectativa de um retorno para o Vasco?
Por que não? É um grande clube, acho que todo atleta tem vontade de defender o Vasco, apesar do momento atual não ser dos melhores. É um clube de uma história brilhante. Não sei se terei outra oportunidade, pelo momento que eu vivo, pela minha idade, mas se eu tivesse ficaria muito feliz. Gostaria de voltar porque acho que poderia ter ficado mais tempo lá, sinto que ficou algo inacabado.
Além do Vasco, você já passou por outros grandes clubes como Cruzeiro e Santos, como foi sua passagem?
No Cruzeiro foi uma passagem muito rápida, mas muito feliz para mim. Fiquei dois anos nos Emirados e vim de uma operação e por isso acabei um bom tempo sem jogar. Acabei fechando com o Cruzeiro para ficar um semestre e se fosse aprovado continuaria por mais tempo. Fomos campeões estaduais em 2011 e, depois, o Cuca reduziu o elenco. Como eu tinha um contrato pequeno, e outros tinham mais tempo de contrato, acabei não renovando. Mas foi um clube que fiquei feliz de ter jogado, porque sou mineiro e cruzeirense. Então foi um momento bacana. Guardo com muito carinho o fato de ter sido campeão pelo meu time do coração. Já no Santos foi onde eu comecei, fiquei mais tempo na base do que no profissional, ao todo estive na Vila por três anos, peguei o início de Robinho e Diego, mas acabei perdendo espaço naquele elenco.