São Paulo - O retorno do Palmeiras à Primeira Divisão do Campeonato Brasileiro contou com uma grande parcela de ajuda do goleiro Fernando Prass. Após trocar o Vasco, no qual trabalhava ao lado do ídolo Carlos Germano, o goleiro chegou ao Verdão com a missão de ser o sucessor de Marcos, um dos ícones do Alviverde, e conseguiu alcançar seus objetivos com sucesso. Com uma trajetória de grande responsabilidade, Prass vê sua trajetória recente como marcante e já projeta um 2014 ainda melhor.
"São duas situações semelhantes em termos de pressão. No Vasco ainda foi mais complicado porque era o cara que estava do meu lado, que me treinava até mesmo antes do jogo. Imagina a pressão que seria se tivesse o Marcos aqui me treinando antes de cada jogo. São duas figuras históricas dentro de cada clube e para mim também é uma honra muito grande. Agora, quero ganhar meu espaço no Palmeiras e ajudar a equipe a conquistar um grande título em seu centenário", afirmou.
Em conversa com O DIA, o goleiro do Palmeiras fez uma grande análise de seu primeiro ano no clube do Palestra. Mesmo tendo ficado parado por três meses em razão de uma lesão no ombro esquerdo, Prass faz um balanço positivo de sua temporada e já projeta 2014 com mais pressão. No aguardo por um time com mais força e lutando por glórias, o goleiro espera uma decisão rápida da diretoria sobre a situação do técnico Gilson Kleina para que seja iniciado o planejamento do Verdão para o ano do centenário.
Prass também comenta a delicada situação do Vasco no Campeonato Brasileiro. Com o clube bastante ameaçado pelo fantasma do rebaixamento, o goleiro vê a necessidade de uma maior organização e de um planejamento mais trabalhado para que o Cruzmaltino volte a se manter e portar como um Gigante. Agora, o time de São Januário tem uma missão de vida ou morte na próxima rodada do Brasileirão, quando enfrentará o Cruzeiro.
O DIA: Como analisa o primeiro ano no Palmeiras?
Fernando Prass: Para mim foi um ano muito bom. Vim para cá com uma expectativa e pressão muito grande. Fazia 18 anos que o clube não contratava nenhum goleiro e o Marcos ainda é um nome muito recente na memória do torcedor. Acho que fiz uma boa temporada mesmo com a lesão no ombro, que me deixou parado por três meses. Consegui manter uma boa regularidade e espero ter um rendimento ainda melhor em 2014.
Você se cobrou mais por ter chegado com o status de substituto do Marcos?
Minha cobrança é sempre a mesma, minha pressão é maior do que qualquer outra. Em qualquer clube que eu possa estar, sempre me cobrarei muito. Eu sabia que haveriam comparações e alusões ao Marcos. Ele é o maior goleiro da história do clube e, como eu disse, ainda está muito recente. O que busquei é não ficar com isso na cabeça. Meu objetivo era trabalhar para dar o meu melhor pelo time e o restante iria acontecer naturalmente. A boa aceitação que tive pela torcida ajudou muito também. Eu me senti muito bem por ter sido aceito da maneira que fui.
Grande parte da torcida já lhe considera um ídolo. Como vê isso?
O carinho que tenho recebido é algo realmente espetacular, mas para ser ídolo vai demorar muito mais tempo. Não podemos banalizar essa palavra. Não podemos usar uma palavra para caracterizar toda a história do Marcos aqui e de repente já usar o mesmo termo para mim, até por respeito a toda história dele aqui. A torcida fala muito na emoção, mas o jogador tem de manter a cautela para falar disso. Ídolo tem de ter uma grande trajetória e eu ainda não estou nesse ponto. Mas vou seguir trabalhando para ganhar sempre meu espaço aqui.
O que achou mais crucial para que o Verdão conseguisse garantir seu retorno para a Série A?
Acho que a primeira coisa que vale ressaltar é que admitimos e reconhecemos que estávamos na Série B. Apesar de ser Palmeiras, de ser um grande clube, entendemos que estávamos disputando uma outra competição, com adversários, jogos, viagens e condições diferentes da Série A. Não podíamos pensar que tudo seria igual à Primeira Divisão. A gente não podia ficar pensando em tempo de adaptação e conseguimos ligar a chave para a Série B logo de cara, fizemos isso muito bem. Desde o começo nós incorporamos a Série B e conseguimos competir ciente das necessidades que tínhamos. Conseguimos unir a qualidade dos nossos jogadores com o foco em alcançar nossos objetivos.
A eliminação na Libertadores e na Copa do Brasil chegou a abalar a equipe?
Quando se trata de um time grande, de história, qualquer eliminação mexe um pouco. Mas conseguimos absorver da melhor maneira possível, mantendo o foco na competição que, para a gente, era a mais importante do ano. Posso falar que olhamos para essas eliminações pelo lado legal, se é que existe um lado assim, mas neste momento o mais importante para o clube era a Série B, então conseguimos nos concentrar ainda mais. Olhamos para o lado positivo da coisa e conseguimos ir bem. Seria inimaginável estar na Série B no ano do centenário, então hoje estamos mais tranquilos.
O que acha desta situação indefinida do Gilson Kleina?
A gente fica atento pelo tempo que se leva para decidir isso porque influencia no planejamento, isso é o que nos preocupa mais. Nessa época do ano, quanto maior o tempo que a diretoria fique em negociação com o Kleina, mais especulações vão surgir e isso só vai acabar quando o clube tiver uma posição quanto a isso. Hoje o meu pensamento é para que isso se resolva o mais rapidamente e da melhor maneira possível.
Quais os planos para 2014? Já pensa na próxima temporada?
Esperamos conseguir ter um time competitivo até porque precisamos conquistar um título no ano do centenário, isso é fundamental. A ideia é essa e até que já fosse no novo estádio. Temos de aproveitar nossa base e criar um elenco forte para que a gente possa representar o Palmeiras da melhor maneira possível num ano tão importante.
Vocês pensam no que a torcida espera para um ano tão especial como será o de 2014?
Em ano de centenário a torcida cria uma expectativa enorme. É o ano marcante e que ainda terá a inauguração da nova arena, a expectativa deles triplica. Parece que são todos os fatores na mesma temporada. A torcida vai querer ganhar tudo, então é como disse, temos de brigar por todos os títulos e conseguir conquistar pelo menos um deles.
Acredita que o elenco alviverde precisa de grandes reforços ou confia no potencial do grupo para fazer bonito na Primeira Divisão?
Acho que precisamos misturar as duas coisas. Jogamos muitas partidas com improvisações em determinados setores e na Série A precisamos ter um grupo de qualidade. O calendário será mais apertado, é ano de Copa do Mundo e isso vai exigir muito da gente. Quem não tiver um elenco forte pode não conseguir se manter bem. É importante que a gente esteja com um bom planejamento e que possamos nos reforçar bem. Se o Kleina ficar será ainda melhor, pois ele sabe quais são as nossas carências e as nossas maiores necessidades.
E sobre o Vasco? O que acha deste momento delicado de sua ex-equipe?
Tenho acompanhado bastante e acho que essa próxima rodada é crucial para o Vasco. Se o time perder e os outros ganharem a situação ficará praticamente irreversível, mas se ganhar e os demais perderem tudo ficará para as últimas rodadas e o Vasco voltará para a briga. A equipe tem de jogar como se fosse o último jogo, buscar a igualdade de condições. O Vasco terá pela frente jogos diferenciados, contra o Cruzeiro, que já é o campeão, o Náutico, que já está rebaixado, e o Atlético-PR que pode chegar lá já com o título da Copa do Brasil. Então é preciso se concentrar nesta próxima rodada, é determinante.
Ainda tem contato com alguém do clube? Tem falado com alguém do elenco?
Tenho sim. Estive no hotel que eles estavam no domingo para conversar com o pessoal. Estou sempre falando com o Carlos Germano, Alessandro, Fagner, Abuda, Wendel, Tenorio... Tem muita gente que jogou comigo lá, espero que eles superem essa situação.
Essa grande confusão política do Vasco já existe há algum tempo. Acha que isso influencia em campo?
Isso não é de agora, já vem desde 2010, na saída do Rodrigo Caetano. É difícil você fazer um planejamento com trocas constantes no comando, acho que isso prejudica muito. O clube já perdeu grandes jogadores, teve diversas trocas na direção executiva... Não é só isso, mas são fatores que influenciam em muita coisa.
O que acha que poderia ser a solução para esses problemas que o Cruzmaltino vem passando?
Uma coisa leva à outra. Tendo organização e estrutura, você vai conseguir um bom resultado dentro de campo e isso levará o clube a uma calmaria política, que foi o que aconteceu em 2011. Resultados levam à estabilidade também em termos de gestão. Se você é vitorioso você fica por mais tempo e leva o clube a uma maior tranquilidade. É um emaranhado de fatores, cada um com sua importância, mas que se completam até chegar dentro de campo.