Rio - A rivalidade mais pertubadora do MMA terá um acerto de contas entre Wanderlei Silva, o homem que se comunica com as mãos, e Chael Sonnen, o americano que fala pelos cotovelos.
Técnicos da terceira edição brasileira do reality show TUF, eles nunca foram de aliviar nas provocações e travam batalha de nervos antes das gravações do programa, que vai ao ar em março de 2014.
Preparado para matar, ele diz que o rival sairá sem vida do octógono e garante que não vai parar por aí. Aos 37 anos, quer sua 50ª luta no Maracanã e planeja roubar o cinturão dos médios das mãos de Vitor Belfort. Sonho? Só o tempo dirá.
ODIA: Sonnen e você estão inovando nas provocações. Ultimamente, até poesia tem sido declamada na hora de caçoar um do outro. De onde vem essa criatividade?
Wanderlei Silva: Ele lançou esse poema lá atrás e eu guardei. Fiquei calado. Sabia que ia chegar a hora certa de dar o troco. Só troquei algumas palavras e tive a minha vingança. Falei que ele ia tomar uma coça do Rashad Evans e outra minha. Uma já foi e a outra vai chegar. Ele que bote as barbas de molho.
ODIA: Por falar no combate entre o falastrão e Rashad Evans, achou que Chael Sonnen se portou como amador e entregou a vitória rapidamente?
Wanderlei Silva: Fato que ele entregou muito fácil, podia ter lutado um pouco mais. Mas não se pode esperar muito também. Ele teve sorte para ganhar do Shogun por finalização. E realmente a derrota para o Rashad foi mais fácil do que eu imaginava, mas nada de se espantar. Eu já sabia.
ODIA: A luta contra o Sonnen é a que você mais queria no momento, por toda rivalidade criada, ou é apenas uma boa chance de vingar os brasileiros?
Wanderlei Silva: As duas coisas. É uma luta que queria fazer há tempos, pelo desrespeito que ele tem com os lutadores brasileiros, mas também é uma grande oportunidade de mostrar que ainda estou com tudo. Acho que o Sonnen merece uma surra há um bom tempo. E vai ter.
ODIA: Então, qual é a tática para conduzir a luta contra um cara que já mostrou tremer quando é intimidado e quando o adversário o sufoca no início?
Wanderlei Silva: Quero nocauteá-lo. Quero ver o corpo dele bater no chão e não vai ser com takedown. Sonnen vai apagar. Todo mundo conhece meu estilo, luto para frente, para dar show e dessa vez não vai ser diferente. É minha luta de número cinquenta e agora estou na metade da minha carreira. Quero chegar a cem (risos). Até aqui deu tudo certo. Agora é esperar por muito mais.
ODIA: Muito tem se falado na possibilidade de realização de lutas no Maracanã antes da Copa do Mundo. Acha interessante levar esse combate para o estádio, como pano de fundo para, quem sabe, uma disputa de cinturão entre Anderson Silva e Vitor Belfort?
Wanderlei Silva: Seria o card perfeito. Se fosse uma luta dessas, num estádio desse, eu até abro mão de fazer a luta principal. Acho que o Brasil está merecendo um evento dessa magnitude e o país pode mostrar que tem condição de realizar um evento desse tamanho. Seria incrível. É o card dos sonhos de todo mundo.
ODIA: Como analisa o atual momento do Vitor Belfort? Concorda que ele merece chance pelo cinturão?
Wanderlei Silva: O momento do Vitor é muito bom. Acho que merece uma disputa de cinturão, sim. Tomara que ele ganhe essa chance de lutar contra Weidman ou Anderson, conquiste o título e o coloque em disputa contra mim. Seria ótimo tirar esse doce dele (risos).
ODIA: Qual é a expectativa para mais um The Ultimate Fighter, seu segundo no Brasil? Pensa em fazer algo diferente do primeiro?
Wanderlei Silva: Farei muita coisa diferente. A produção está prometendo várias novidades e espero poder bater recorde de audiência da primeira edição. O meu objetivo é o mesmo do UFC: conseguir novos fãs e difundir o MMA no Brasil. </MC>
ODIA: Na edição anterior você escolheu o lutador e não o direito de casar a luta. Com isso, acabou sofrendo desvantagem no decorrer do programa, embora o Rony Jason (sua primeira escolha) tenha conquistado o título dos penas. Vai repensar a estratégia?
Wanderlei Silva: Escolher a primeira é interessante. Realmente perdi algumas lutas que, se eu tivesse casado, teria ficado na frente. Mas valeu porque o Jason foi campeão e venci, então, a metade do programa. Mas já estou pensando na estratégia.
ODIA: A língua pode ser uma barreira e dificultar um pouco as coisas para Sonnen? O que já andou vendo sobre os brasileiros que podem figurar no programa?
Wanderlei Silva: Acho que não. Ele vai ter auxílio com relação a isso. Eu até sugeri que fosse um Brasil x EUA, porque temos muitos valores para mostrar ao mundo. Gente que ficou de fora da seleção do programa, mas que pode aparecer em breve no UFC. Tenho certeza que o Joe Silva (casador de lutas) ficou de olho em alguns. Eu, por exemplo, dei uma viajada pelo Brasil e conheci muita gente boa. Fui a Porto Alegre, Campo Grande, Paraíba e vi uma galera de qualidade. Vi um gigante, o Mãos de Pedras, no Sul, tem o Rafael Monteiro, em Curitiba, que é fantástico, mas não passou no teste do TUF. Cada cidade tem ao menos um cara bom.
ODIA: O que ainda falta para pendurar as luvas?
Wanderlei Silva: Sonnen, agora, e depois quero tomar o título das mãos do Belfort. Depois disso, eu coloco a viola no saco e me aposento como campeão