Rio - Ele tinha tudo para não vingar no futebol. Era tão baixinho, 1,62m, quanto franzino, 58k. Mas quando a bola caía em seus pés, Artur dos Santos Lima, o Arturzinho, se transformava em um gigante. Um Davi, que por 22 anos, contrariou todas as expectativas e derrubou vários Golias do futebol brasileiro. Foi assim no Operário de Campo Grande, onde fez história nos anos 80, e no Bangu, onde brilhou nos tempos de Castor de Andrade. Mas Arthur também deixou sua marca no Fluminense, Botafogo, Vasco, Corinthians e Vitória até se aposentar em 1996, no Volta Redonda com 40 anos. Naquele ano, o futebol perdia um craque e ganhava um técnico promissor.
“Em janeiro de 97 eu já era treinador do Vitória. Fui campeão baiano e do Nordeste com seis meses de carreira. E hoje tenho sete títulos. Sou um técnico detalhista, perfeccionista. É assim que se vence. É uma pena que o mercado dependa tanto de contatos, pois sou meio tímido e isso atrapalha”, admite o técnico que no momento está desempregado. Seu último clube foi o Paysandu, ano passado. Enquanto não surge um novo convite, Arturzinho mantém a rotina dos tempos de jogador. Corre todo os dias 40 minutos e joga futevôlei três vezes por semana na Barra. Depois de malhar, estuda táticas e assiste a muitos jogos. Entre eles, alguns que reavivam fortes lembranças.
“É lamentável que clubes como o América, Bangu, Guarani-SP, não sejam mais protagonistas por falta de estrutura, investimentos.Hoje, os clubes pequenos são massacrados”, analisa Arturzinho que viveu o outro lado da moeda. Brilhou justamente fazendo o mais difícil. “Os grandes sempre tinham tudo a favor. Agora vai jogar no Bangu e somar mais pontos que os grandes e ganhar mais do que perder? É muito mais difícil” , questiona Arturzinho, que viveu um grande momento no Bangu, nos anos 80, ao lado de Marinho, Cláudio Adão e Ado.
“Era um time competitivo que jogava de igual para igual com qualquer um. Éramos uma família”. A passagem foi tão boa, que até hoje ele mantem vivo um sonho antigo. “Quero trabalhar um dia no Bangu. Mas hoje o futebol é tão complicado, que mas não sei se meu sonho será realizado”.
Baixinho foi rei no Operário
Arturzinho foi revelado no São Cristóvão, em 1974, mas foi no modesto Operário, de Campo Grande, que ele despontou no futebol brasileiro.
“Eu me orgulho muito de ter jogado lá. Tinha uma média de gols muito boa. Fazia quase 30 por ano. Teve um ano que o Operário foi 5º colocado no Campeonato Brasileiro (1979). Se o Operário tivesse a evidencia que tinham os clubes maiores, talvez eu tivesse tido mais visibilidade”, analisa.
Goleada de 6 a 2 no Fla e Ba-Vi foram marcantes
Em 22 anos de carreira como jogador, Arturzinho não esquece de duas partidas épicas.A maior goleada do Bangu no Flamengo, no Carioca de 83. Um 6 a 2, em que Arturzinho marcou quatro gols. Além de um Ba-Vi histórico, em que o Vitória venceu por 1 a 0, mesmo com dois jogadores a menos.
“Fazer quatro gols no Flamengo foi muito especial, mas nosso time era muito bom. Este foi um dos jogos que marcou a minha carreira, mas teve outro que é difícil de esquecer”, ressalta Arturzinho referindo-se ao Ba-Vi.
“A Fonte Nova fervia. Eu jogava no Vitória e o juiz expulsou dois dos nossos jogadores ainda no primeiro tempo. Sabe o que aconteceu? Foi 1 a 0 com um gol meu de cabeça”, relembra orgulhoso. “Quando o juiz expulsou os jogadores, o presidente entrou em campo revoltado. Eu o acalmei e disse que íamos resolver. Resolvemos”.