Por bernardo.argento

Rio - O charme de outrora não existe mais. A cada ano, o Campeonato Carioca perde força e prestígio junto aos torcedores e aos grandes clubes — principalmente os que disputam a Libertadores —, a ponto de, em 2014, nem quem vai de graça aos estádios demonstrar interesse em ver jogos tão deficitários e de baixo nível técnico, resultado de uma série de equívocos de Federação de Futebol do Rio (Ferj) e das próprias agremiações.

A falta de público pagante já é conhecida pelos constantes prejuízos dos clubes a cada partida da competição. Mas a atratividade do campeonato está tão baixa que nem as gratuidades atraem torcedores: a média este ano é de 591 delas em 13 rodadas, mesmo com o Maracanã. O número é bem menor que o de 2013, com média de 863 gratuidades em 126 jogos (contando as finais).

A fórmula para o fracasso de público é complexa, mas alguns ingredientes são facilmente identificáveis, como admitiu o trio Flamengo-Fluminense-Vasco em nota oficial em conjunto pedindo melhorias: campeonato inchado com 16 clubes, estádios sem estrutura e gramado ruim.

Também existem outras variáveis, como o baixo nível técnico das equipes, a impossibilidade de alguns clubes pequenos mandarem seus jogos contra os grandes em seus estádios (a Cabofriense pegou o Botafogo em Macaé, por exemplo) e horários ruins, como partidas às 16h durante a semana ou às 22h em plena Quarta-feira de Cinzas, responsável pelo público de 375 pagantes no duelo Flamengo 2 x 0 Bonsucesso.

Nem os clássicos têm atraído o público no Campeonato CariocaErnesto Carriço / Agência O Dia

clubes também têm parcela de culpa na atual situação, já que que aprovam o regulamento no Conselho Arbitral, não melhoram a estrutura de seus estádios e cobram preços de ingressos fora da realidade, como o Flamengo fez no clássico com o Fluminense (R$ 100).

“Solução (para levar público ao estádio) tem. Mas os ingressos caros, o Carnaval e jogos a toda hora dificultam. É difícil o torcedor ter dinheiro para bancar ingressos em todos os jogos. Respeito o presidente da federação, mas ele tem de sentar e discutir com os clubes. Várias cabeças pensam melhor que uma”, diz Renato Gaúcho.

Apesar dos problemas, o presidente reeleito da Ferj, Rubens Lopes, mantém o discurso de que o Carioca é atraente por, segundo ele, ter mais de dois milhões de venda de pacotes de pay-per-view e pelo aumento dos investimentos e de patrocinadores. Mas a realidade nos estádios é bem diferente e ele admite não ter uma solução:

“Não somos impermeáveis às mudanças, mas é preciso que sejam feitas com fundamento. Agora, por que o torcedor não vai ao estádio ou deixou de ir é um desafio descobrir. Pode ser pelo preço dos ingressos, horários desajustados ou pela forma do campeonato.”

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