Por pedro.logato

Rio - É difícil imaginar, mesmo dentro da lógica relativa do futebol, a possibilidade de zebra no primeiro confronto das semifinais. O Flamengo é muito superior, leva a vantagem dos empates e não sofrerá o desgaste pela proximidade de um jogo da Libertadores. Pode-se lembrar também que a Cabofriense caiu muito de produção nos últimos jogos e classificou-se pelo saldo — e essa quarta vaga só caiu do céu porque o Botafogo não levou a sério a competição.

O técnico Alexandre Barroso merece elogios pelo trabalho, mas o elenco nada tem de novo — é aquela velha colcha de retalhos de jogadores mal-aproveitados nos grandes ou em fim de carreira. O Flamengo preocupa pela queda de produção este ano e pelas falhas defensivas, mas isso não deverá ser problema nesses jogos. A torcida talvez esteja mais interessada na possibilidade de ver de novo aquele meio-campo envolvente da Copa do Brasil e, para isso, a volta de Luiz Antonio e a recuperação de Paulinho podem ser excelentes notícias.

Paulinho pode atuar como lateral-direitoErnesto Carriço / Agência O Dia

DUAS BOAS OPÇÕES

Jayme de Almeida é um dos raros técnicos que dispõem de dois bons jogadores para uma posição decisiva — Hernane e Alecsandro. Nenhum dos dois é craque e ambos ficaram marcados por certa instabilidade, oscilando entre boas e más fases na carreira. No momento, Hernane parece não estar no pique e Alecsandro anda na ascendente. Não seria absurdo Jayme optar por qualquer dos dois, revezá-los ou até, dentro de certas circunstâncias, escalar os dois juntos.

TARDE DEMAIS

O Botafogo descobriu tarde demais que está sem ataque, ainda mais para uma competição como a Libertadores da América. Todas as velas estão acesas para que Zeballos dê certo porque já há quem dê Wallyson como causa perdida. E agora até o nome de Emerson Sheik surge na tela. Ele é absurdamente caro, com potencial para desestabilizar o grupo e está longe de sua melhor forma. É um jogador complicado, que dependeria de muita coisa para produzir bem.

DOIS ESQUEMAS

Adilson Batista balança entre dois esquemas, mas tudo indica que vá respeitar a força ofensiva tricolor e deixar três volantes para proteção, liberando mais Douglas para encostar em dois atacantes. O esquema superofensivo de alguns jogos é de alto risco diante de um time que tem Conca,Fred e Walter. O próprio Douglas já deixou claro que o time precisa de maior proteção. O estilo pode ficar mais feio, mas, se o Vasco pretende surpreender o Flu, deve jogar com cautela.

CONSISTÊNCIA

Renato tem preferido na maioria das vezes escalar Sobis na ligação do meio-campo com o ataque, mas, até pela formação da dupla Fred-Walter (ambos fora da melhor forma física) faria muito mais sentido escalar Wagner, um jogador meio surpreendente, que alterna bons e maus momentos, mas que tem dinâmica de jogo superior a Sobis e ocupa melhor os espaços. Wagner, só pelo aspecto tático, vai facilitar o futebol do trio de ouro e Sobis ficaria como uma boa opção no banco.

NÃO É TÃO FÁCIL PUNIR O RACISMO

Todos lamentam, com razão, a punição barata ao Real Garcilaso pelos atos de racismo contra Tinga, mas ficou difícil ir além até pela omissão do árbitro em sua súmula e pela identificação dos infratores. E Tinga tem toda a razão quando diz que punição pecuniária não resolve — é preciso uma conscientização em muitos aspectos, a começar por educação em família e formação cívica.

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