Por ulisses.valentim

Estados Unidos - O bom filho à casa torna! Depois de quatro anos defendendo a camisa do Miami Heat, LeBron James anunciou seu retorno ao Cleveland Cavaliers, franquia pela qual o atleta começou sua carreira na NBA. A informação foi com uma carta pessoal do astro escrita para a revista americana "Sports Illustrated".

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O camisa 6 volta mais maduro para Cleveland, com quase 30 anos, e com o peso livre das costas de finalmente ter conseguido ganhar títulos na NBA. No entanto, a profecia ainda precisa ser completa em Cleveland.

LeBron James anuncia retorno para o Cleveland CavaliersReprodução Instragram

Quem também comemora é o fã brasileiro. Pois o jogador irá se apresentar no país. O amistoso entre Cleveland Cavaliers e Miami Heat está marcado para o dia 11 de outubro, na HSBC Arena, no Rio.

Confira a íntegra da carta de LeBron James:

Veja abaixo, na íntegra, a carta de LeBron:

"Antes de qualquer um se preocupar em onde eu gostaria de jogar basquete, eu era um garoto do Nordeste de Ohio. É onde eu andava. É onde eu corria. É onde eu chorava. É onde eu sangrava. Tem um lugar especial no meu coração. As pessoas lá me viram crescer. Às vezes sinto que sou filho delas. A paixão chega a ser incrível. Mas me motiva. Eu quero dar a elas esperança quando puder. Eu quero inspirá-las quando puder. Meu relacionamento com o nordeste de Ohio é maior que o basquete. Eu não tinha noção disso há quatro anos, agora tenho.

Se lembram quando eu estava no clube "Boys & Girls" em 2010? Eu estava pensando, isso era muito difícil. Eu podia sentir. Eu estava deixando para trás algo que passei muito tempo criando. Se precisasse, faria tudo de novo, obviamente faria as coisas de um jeito diferente, mas ainda assim teria saído. Miami, para mim, foi que nem faculdade para outras crianças. Esses últimos quatro anos me ajudaram a me tornar quem sou agora. Eu me tornei um jogador melhor e um homem melhor. Eu aprendi com a franquia que eu queria ir. Eu sempre terei Miami como uma segunda casa. Sem as experiências que tive lá, não estaria fazendo o que estou hoje.

Eu fui para Miami por causa de D-Wade (Dwyane Wade) e CB (Chris Bosh). Fizemos sacrifícios para manter UD (Udonis Haslem). Eu amei ser um irmão mais velho para Rio (Mario Chalmers). Eu acreditava que poderíamos fazer algo mágico se nos uníssemos. E isso foi exatamente o que fizemos! A parte mais difícil de sair foi o que eu construí com esses caras. Eu falei com alguns deles e vou falar com outros. Nada mudará o que conquistamos. Somos irmãos para a vida. Eu também gostaria de agradecer Micky Arison (dono do Heat) e Pat Riley (presidente da franquia) pelos quatro anos incríveis.

Eu estou fazendo essa redação porque quero uma oportunidade de me explicar sem interrupções. Eu não quero ninguém pensando ‘Ele e Erik Spoelstra (técnico) não se davam bem...ele e "Riley nãose davam bem....o Heat não conseguiu montar um time'. Isso é absolutamente mentira.

Eu não estou fazendo uma coletiva de imprensa ou festa. Depois disso, é hora de ir trabalhar.
Quando deixei Cleveland, eu estava numa missão. Eu estava buscando títulos, e vencemos dois, Mas Miami já sabia o sentimento. Nossa cidade não tem esse sentimento em um longo, longo tempo. Meu objetivo é ainda vencer o maior número de títulos possíveis aqui, sem dúvida. Mas o mais importante para mim é trazer um troféu de volta para o nordeste de Ohio.

Eu sempre acreditei que retornaria a Cleveland e terminaria minha carreira aqui. Eu só não sabia quando. Depois da temporada, me tornar um agente livre não estava nem em pensamento. Mas eu tenho dois filhos e minha esposa, Savannah, que está grávida de uma menina. Eu comecei a pensar sobre como seria criar minha família na minha cidade natal. Eu olhei para outros times, mas não deixaria Miami por nenhum outro time a não Cleveland. Quanto mais tempo passava, mais feliz ficava. Isso me fez feliz.

Para trocar de time eu precisava do apoio de minha esposa e mãe, que pode ser muito dura. A carta de Dan Gilbert (dono dos Cavs), a vaia dos fãs, as camisas queimadas...ver tudo isso foi difícil para eles. Minhas emoções estavam misturadas. Era fácil dizer ‘Ok, não quero mais líder com essas pessoas'. Mas aí você pensa pelo outro lado. E se eu fosse uma criança que admirasse um atleta, e aí o atleta me fizesse ser melhor na minha vida e depois fosse embora?Como eu reagiria? Eu me encontrei com Dan, cara a cara, homem a homem. Nós conversamos sobre isso. Todos fazem erros. Eu também cometi erros. Quem sou eu para julgar?

Eu não estou prometendo um título. Eu sei que isso é difícil de entregar. Nós não estamos prontos agora. De jeito nenhum. Claro, eu quero ganhar no ano que vem, mas sou realista. Será um longo processo, mais longo que em 2010. Minha paciência será testada. Eu sei disso. Eu estou em uma situação com um time jovem e um técnico novo. Eu serei o veterano. Mas me animarei de reunir um grupo e ajudar eles a irem a lugares que não tinham ido antes. Eu me vejo como um mentor agora e estou animado em liderar esses jovens talentosos. Eu acho que posso ajudar Kyrie Irving a se tornar um dos melhores armadores da Liga. Eu acho que posso elevar o nível de Tristan Thompson e Dion Waiters. E mal posso esperar para me reunir com Anderson Varejão, um dos meus companheiros favoritos.

Mas isso não é sobre o elenco ou a franquia. Eu sinto que minha vinda vai além do basquete.

Eu tenho a responsabilidade de liderar, em diversas formas, e levo isso a sério. Minha presença pode fazer diferença em Miami, mas acho que significa muito mais de onde vim. Eu quero que as crianças em Ohio, como as centenas da terceira série de Akron que eu patrocino pela minha fundação, percebam que não há melhor lugar para crescer. Talvez alguns deles voltem após a faculdade e comecem uma família ou abram um negócio. Isso me faria sorrir. Nossa comunidade, que sofre muito, precisa de todo o talento possível.

No nordeste de Ohio, nada é dado. Tudo é conquistado. Você trabalha pelo que tem.

Eu estou pronto para aceitar o desafio. Estou voltando para casa."

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