Rio - Taffarel está exultante. Com três Copas disputadas como jogador (1990, 1994 e 1998) e um título mundial (1994) no currículo, ele sonhava voltar a integrar a seleção brasileira. O convite — feito pelo técnico Dunga e pelo coordenador Gilmar Rinaldi — para assumir o cargo de preparador de goleiros foi prontamente aceito. E com orgulho. Em sua volta ao ambiente de que tanto gosta, o ex-camisa 1 promete ajudar de todas as formas a reerguer o moral da Amarelinha, mas minimiza o vexatório 7 a 1 da Alemanha, no ‘Mineirazo’, em Belo Horizonte, durante a Copa do Mundo. Ele dá a receita para a volta por cima: trabalho, jogo de equipe e organização tática. Aliás, o que, segundo Taffarel, o Brasil sempre teve e voltará a ter.
DIA: Como surgiu o convite para ser preparador de goleiros da seleção brasileira?
TAFFAREL: Dunga e Gilmar (Rinaldi) me ligaram um dia antes da apresentação do novo treinador da Seleção, perguntando se eu queria fazer parte da nova comissão técnica. Minha resposta foi um sim instantâneo.
Então está preparado para a missão?
Além do meu sim, disse estar muito bem preparado para a missão e que poderei ajudar em tudo o que for possível.
Atualmente você é preparador de goleiros do Galatasaray. Qual é o seu método de trabalho?
Minha escola é a brasileira, meus métodos são iguais aos dos treinadores brasileiros, mas minha visão pessoal é a de que o goleiro moderno tem que ser mais participativo com a equipe. É fundamental que ele saiba jogar bem com os pés.
Do que tem observado, quais goleiros indicaria para uma futura convocação para defender o Brasil?
Ainda não tive uma boa conversa com Dunga e acho que não é da minha competência antecipar nomes.
Julio Cesar disse que não joga mais pela Seleção. Você concorda com a decisão dele ou o quer na equipe?
Temos que aceitar e respeitar. Ele sempre fez o máximo pela seleção brasileira.
Jefferson e Victor foram reservas na Copa de 2014. Terão outras oportunidades com você?
São dois bons goleiros, mas não posso passar desse comentário. Talvez mais para frente tenha essa liberdade.
Que goleiro hoje te enche os olhos?
Aquele goleiro técnico, arrojado, tranquilo e que sabe jogar bem com os pés.
O que achou da escolha de Dunga como técnico da seleção brasileira?
Sempre admirei o Dunga, até mesmo quando me dava bronca em campo. Ele é um homem de caráter, tem espírito vencedor. É um lutador, um profissional acima de tudo. Se aceitou esse desafio, é porque sabe que pode fazer algo para melhorar a imagem que deixamos na última Copa do Mundo.
Apesar das críticas ao nome dele como técnico da Seleção...
A crítica, positiva ou negativa, faz parte. Se você tiver convicção naquilo que faz e der o seu máximo, não vai precisar dar razão à crítica positiva e nem se abater com a negativa. Mas a crítica é simplesmente uma posição pessoal e tanto Dunga quanto eu sabemos conviver com ela.
Como vê a decisão de Dunga de instituir a função de auxiliar técnico pontual, fazendo um rodízio com jogadores campeões mundiais na Seleção?
Uma novidade que pode se revelar muito positiva, já começando com o Mauro Silva, exemplo de seriedade e comprometimento. O jogador de hoje se espelha muito em atletas do passado. Esse novo sistema só pode ajudar, o considero muito positivo.
Você falou que Dunga pode fazer algo para melhorar a imagem deixada pelo Brasil no último Mundial. Que balanço faz da atuação da Seleção na Copa de 2014 no país?
Durante a Copa do Mundo, não dei entrevista, nada comentei e, agora, após a competição, te digo somente uma coisa: temos que voltar a ser aquele Brasil alegre e forte dentro de campo.
Do que você gostou? Do que não gostou?
Prefiro falar apenas do que mais me impressionou: a torcida brasileira. O torcedor sofreu, viu o sonho do hexa numa Copa em casa se perder e chorou, ficou ferido, mas em momento algum apelou. Não fez baderna, não quebrou nada, simplesmente foi para casa com a certeza de que um dia vai ver a seleção brasileira vencedora novamente. É com esse espírito que essa nova comissão técnica precisa iniciar o seu trabalho.
Que lição fica após o 7 a 1 da Alemanha?
Não diria uma lição. A Alemanha é forte, mas não deu uma lição no Brasil cinco vezes campeão mundial. O mais importante é termos consciência de que o futebol moderno não é só emoção. É projeto, jogo de equipe e organização tática. O pior é constatar que temos tudo isso de sobra, mas precisamos voltar a colocar em prática.
Você disputou três Copas e foi tetracampeão mundial pela seleção brasileira em 1994, nos EUA. Com a sua experiência, que recado dará aos goleiros que forem convocados?
De que não tem emoção maior no futebol do que vestir a camisa da Seleção e vencer com ela. Quero que busquem essa oportunidade, joguem muito bem nos seus clubes e cheguem à Seleção com a confiança necessária para ajudar o Brasil a vencer