Por pedro.logato

Rio - O presidente Maurício Assumpção, muito elogiado no seu primeiro mandato, era considerado um dirigente moderno e ético, mas perdeu, infelizmente, boa parte de seu prestígio depois desse episódio dos 5% de comissão da verba patrocinadora. Não importa que o percentual era abaixo do cobrado pelo mercado ou que o negócio fosse do conhecimento do Conselho. Fica a impressão de que o Botafogo foi usado para beneficiar a empresa da família do presidente.

É incrível como, à época, ninguém no clube o alertou para a armadilha em que estava caindo e também a sua própria ingenuidade em imaginar que não haveria qualquer problema. Boa parte dos conselheiros e associados do clube não duvida de sua honradez pessoal mas o episódio é inaceitável porque violenta a regra básica de que os negócios de uma instituição aberta não podem ser geridos por familiares de dirigentes. O Botafogo atravessa período nebuloso com dívidas cada vez mais impagáveis. Esse episódio afunda mais o clube em seu inferno astral.

Mauricio Assumpção perdeu boa parte do prestígioAndré Luiz Mello / Agência O Dia

PAÍS GAÚCHO

Muita gente, em tom de brincadeira, diz que o Rio Grande do Sul é outro país, tais as suas características especiais e a impressionante união entre os seus conterrâneos, o que é até elogiável. Além disso, a tradição é muito respeitada e valorizada. Só por isso, por sua profunda ligação com a terra e com o próprio Grêmio, Felipão conseguiu o milagre, de menos de um mês depois do maior vexame da história do futebol brasileiro, ser recebido como um herói no Olímpico.

AINDA FALTA

O Vasco fez o chamado dever de casa ao vencer o segundo jogo da Copa do Brasil contra a Ponte com uma atuação razoável, ligeiramente superior às anteriores e com destaque para Fabrício e Guiñazu. Mas há jogadores que podem render muito mais, casos de Rodrigo, Douglas e Kleber. O time não mostrou ainda a necessária consistência. Desse jeito, o time não irá passar na fase mais difícil do mata-mata e terá dificuldades na Série B. O torcedor apoia, mas com cautela.

Adilson Batista ainda não conseguiu dar uma nova cara ao VascoAndré Mourão

A SACOLINHA

O Flamengo prepara mais um esquema para recolher dinheiro dos seus torcedores na tentativa de equilibrar as finanças e até reforçar o elenco. Todas as tentativas anteriores nesse sentido falharam ou por desorganização ou por falta de credibilidade. E também parece um absurdo histórico que um clube da força do Flamengo, com 40 milhões de torcedores, não consiga se organizar para viver com folga e saldar os seus débitos. O Corinthians demorou mas melhorou. O Fla marca passo.

ANIMAÇÃO

Para quem gosta de filmes de animação a pedida é o prestigiado evento ‘Anima Mundi’ que traz novidades do mundo inteiro em extensa programação. Na rotina, não há estreias relevantes e as indicações continuam por conta de ‘Bistrô Romantique’, do belga Jöel Vanhoebrouck, ‘Apenas uma chance’ de David Frankel e a última e, como sempre, sofisticada obra do mestre Alain Resnais - ‘Amar, beber e cantar’. Esse último só para quem gosta do experimentalismo de Resnais.

DEUS E O DIABO NA LENDÁRIA FIGURA DE GRONDONA

Julio Grondona imperou quase como um rei no futebol argentino durante 35 anos e nove mandatos. Inventado pela ditadura militar, foi ficando e de repente, como no Brasil e na Fifa, se eternizou. Teve erros e acertos, era uma figura dura e carismática mas, apesar de toda sua origem nebulosa, acabou respeitado mais ou menos como aconteceu, por muito tempo, com Havelange. Esse continuísmo dos cartolas traz sérias distorções, mas ajuda também a criar mitos. Por isso, chora-se na Argentina por Grondona porque ele virou um símbolo do seu futebol.

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