Por edsel.britto

Rio - Nos anos 1970, não tinha para ninguém. Alto, forte e dono de deslumbrantes olhos azuis, Eduardo Roberto Stinghen, o Ado, era o xodó das mulheres. Para as fãs, um ‘pão’ e o goleiro mais bonito do Brasil. Debaixo das traves, dava gosto ver sua técnica apurada e arrojo.

Ex-goleiro%2C tricampeão do mundo em 1970%2C hoje comanda uma escolinha de futebolCarlos Moraes

Talento que despontou no Londrina, em 1968, e se consolidou no Corinthians, onde reinou por cinco anos. Ado ainda jogou no América, Atlético-MG e Bragantino, onde pendurou as chuteiras, em 1982. O ápice foi a conquista do Tri, na Copa de 70, quando foi reserva de Félix. Hoje, com 68 anos, este senhor de simpatia cativante ainda não conseguiu ficar longe da bola. De segunda a sexta, faz a alegria da criançada ao bater ponto na escolinha de futebol no bairro de Alphaville, São Paulo, que leva o seu nome.

Bonito%2C atlético e solteiro%2C Ado arrancava suspiros da torcida femininaArquivo

“Tenho 232 alunos, entre seis e dezesseis anos. Os pais contam minha história e os garotos me respeitam muito. Tenho uma vida tranquila e feliz”, garante o ex-jogador, que, após abandonar o futebol, montou uma pizzaria e uma escolinha no bairro do Brooklin com outro craque, o parceiro Rivellino. E gostou tanto de lidar com as crianças que montou a sua.

Uma forma de não perder a paixão pelo futebol. Sua carreira teve início meteórico, após fechar o gol do Londrina em amistoso com o Corinthians, que o contratou meses depois.A estreia foi um batismo de fogo, no Torneio Roberto Gomes Pedrosa de 1969, o Brasileirão da época. No Maracanã teria que parar o Botafogo de Jairzinho e Gerson: “Entra e repete o que você faz nos treinos, me disse o Dino Sani (técnico). Vencemos por 2 a 0 e arrebentei. Minha carreira deslanchou daí.”

Começou e por pouco não acabou. A cidade grande e a idolatria da Fiel o assustaram. “Vim do Paraná, matuto, pé vermelho. Como arrebentei nos primeiros jogos, a torcida invadia o vestiário, não conseguia nem tomar banho. Fiquei assustado e pensei em voltar ao Paranazão”, lembra.

Com grandes atuações, do Corinthians para a Seleção foi um pulo. Ado foi reserva de Félix na Copa de 70 e, de quebra garoto-propaganda da Amarelinha: “Tinha a promessa de estar na Copa de 74, mas quebrei o braço, fiz um enxerto no punho. Fiquei quase um ano parado e depois machuquei o joelho. As lesões atrapalharam.”

Após brilhar no Corinthians%2C Ado ainda jogou no América%2C Atlético-MG e BragantinoArquivo

Ainda jogou no Atlético-MG e no América: “Fiquei seis meses no América, joguei com Alex, Geraldo, era um time muito querido.” Naquela época, dizem que Leila Diniz teria ficado caidinha por ele. “Ela foi ao Itanhangá me conhecer. Estava linda, de óculos escuros. Só a vi uma vez”, desconversa Ado, que curtia a fama de galã. “Achava bonito fumar como os galãs do cinema Tony Curtis e Rock Hudson. Mas não era mulherengo, exageravam demais.”

Seleção é o maior orgulho do ex-jogador

Ter feito parte da Seleção de 1970 é um dos maiores orgulhos do ex-goleiro, que até hoje tem ótimas lembranças da geração que marcou para sempre a história do futebol brasileiro.

“Foi fabuloso. Não fui um jogador de ponta na Seleção, mas estava lá, participei junto com o grupo. Até hoje vejo o respeito, o carinho que as pessoas têm. Dizem que o brasileiro tem pouca memória, mas já se passaram 50 anos e todos sabem que Ado foi o goleiro suplente da seleção brasileira. É maravilhoso”, ressalta.

Suas defesas chamaram logo a atenção e em pouco tempo Ado trocou o Londrina pelo CorinthiansArquivo

O ex-goleiro credita o sucesso da época ao talento e à camaradagem dos velhos companheiros. “O ambiente era incrível, não havia rivalidade entre a gente. Era uma irmandade. Até hoje lembro das nossas conversas. Jamais vou esquecer”, destaca.

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