Por bernardo.argento

Rio - Dizem os torcedores cariocas que cultivam cabelos brancos: “São Cristóvão só não faz milagre quando o assunto é futebol”. Não é bem assim. Após muitos anos de sofrimento e amargura, o time foi abençoado e este ano conseguiu voltar à Série B do Carioca após derrotar o Itaboraí nos playoffs da Terceirona. Para 2015, o clube promete uma bênção para sua pequena, mas fiel torcida: conquistar uma vaga na Primeira Divisão (que não disputa desde 1995) e voltar a incomodar o grandes, como fazia em seus tempos de glória, gravados nos muros do pequenino estádio da Rua Figueira de Mello. O título carioca de 1926 e o orgulho de ter revelado o supercraque Ronaldo Fenômeno para o mundo estão lá, para que ninguém duvide de seus milagres.

Mas esse desafio não será fácil. Na Série B, o São Cristóvão vai enfrentar clubes tradicionais, como América, Bonsucesso, Olaria, Goytacaz e Americano, além de outros mais novos que contam com o incentivo de prefeituras.

Elenco do São Cristóvão celebra acesso no gramado do acanhado estádio Figueira de MeloPedro Monteiro / Agência O Dia

Mesmo com esse grau de dificuldade, o presidente Emmanoel Ursulino mantém o discurso otimista. “Minha vida é movida a desafios. Após meus amigos me vencerem pelo cansaço, assumi a presidência do São Cristóvão e estou neste projeto. Na Série B, você não pode entrar mais ou menos, tem que entrar para vencer. Esse é meu desejo, montar um time à altura da história do clube”, disse.

Em sua comissão técnica, o São Cristóvão contou com um especialista em divisões inferiores do futebol carioca: o técnico Antônio Carlos Roy, o Rei do Acesso, que pela sexta vez na carreira conseguiu promover um clube de divisão. Os outros foram com Casimiro de Abreu, da Série C do estadual para a B, em 2002, e na sequência três acessos da Série B para a A: Resende (2007), Bangu (2008) e Cabofriense (2010). No Madureira, também em 2010, comandou o acesso para a Série C do Brasileiro.

“A história centenária do São Cristóvão me fez aceitar esse projeto. Este clube tem que disputar a Série A, pois está há muito tempo sem disputá-la. É um momento especial na carreira, uma honra muito grande ter o meu nome da história de um clube como este”, afirmou.

Parceria com Volta Redonda fez a diferença

Para voltar à Série B do Carioca, o São Cristóvão contou com uma ajudinha. O clube fez uma parceira com o Volta Redonda, que cedeu alguns de seus jogadores. Entre eles está o lateral-esquerdo João Paulo, 33 anos, capitão da equipe.

“É uma grande honra jogar neste clube de tanta história e que formou o Ronaldo Fenômeno. Foi uma temporada difícil na Série C, com muitos campos ruins e jogos muito pegados. Parecia até a Libertadores”, brincou o jogador, que, mesmo retornando ao clube da Cidade do Aço em 2015, faz questão de deixar as portas abertas no São Cristóvão.

“Não vou dizer que é um adeus, mas um até logo. Foi uma experiência muito boa poder jogar ao lado de uma torcida fanática”, afirmou

Colaborou: Ulisses Valentim

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