Um relatório divulgado pela Controladoria-Geral da União (CGU) revelou o desvio de, ao menos, R$ 30 milhões do dinheiro de patrocínio durante a gestão do presidente da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV), Ary Graça, entre 2010 e 2013. No comando da entidade desde 1997, ele renunciou ao cargo quando os primeiros fatos foram revelados. Após o escândalo vir à tona, o Banco do Brasil cancelou o contrato de patrocínio, renovado sem interrupções desde 1991. Os jogadores reagiram com protestos. Alguns deles entraram em quadra com nariz vermelho de palhaço e faixa de luto nos braços durante a Superliga. Outros se manifestaram pelas redes sociais.
"O vôlei é um esporte lindo. Dediquei boa parte da minha vida a uma causa e, com base em todas essas evidências de corrupção, posso dizer que algumas pessoas se beneficiaram de um trabalho honesto. É um grupo, não foi apenas o Ary Graça. Mas em 2012, quando soube que ele estava pleiteando a candidatura à presidência da Federação Internacional, fui ao seu gabinete pela primeira vez e disse: "Doutor Ary, o senhor hoje dirige a maior confederação esportiva do país fora o futebol. Quebre esse sistema de poder, profissionalize esse sistema". Ele dirigia uma "empresa" com 100 milhões de reais anuais de faturamento e tinha muito que fazer ainda no esporte brasileiro. Ele não me deu ouvidos", disse Bernardinho, complementando que apenas em outubro de 2013 soube de um problema ocorrido em Volta Redonda, quando a equipe da cidade havia sido impedida de disputar a Superliga por conta de uma norma que previa que, caso um time estivesse inadimplente, não poderia participar da competição.
"Ao que consta, houve uma chantagem por parte dos dirigentes do Volta Redonda. Se fosse vetada a participação deles na competição, tornariam público uma operação irregular realizada junto com os dirigentes da CBV. Pensei: "Não é possível que vão ceder a uma chantagem dessa natureza". Voltei a Saquarema, a sede da confederação, e comuniquei a minha insatisfação: "Eu sei disto aqui e, se vocês não consertarem, amanhã sou demissionário e vou dizer por que estou saindo". Aquilo me fez muito mal, apesar de garantirem que estavam cancelando os contratos sob suspeita. Não sabia se iria ao Japão para disputar a Copa dos Campeões. Acabei viajando, mas visivelmente triste, incomodado. Não queria representar aquelas pessoas", disse.
Bernardinho pensa ainda que Ary Graça não deve seguir ocupando o posto de presidente da Federação Internacional de Vôlei (FIVB) caso as denúncias sejam comprovadas. Ele disse que não está surpreso com o escândalo na CBV. O técnico lamentou que o vôlei tenha virado "um balcão de negócios" e que já teve vontade de abandonar tudo, mas seguiu adiante pelos atletas. O comandante ainda falou sobre a possibilidade de chefiar o Ministério do Esporte caso o candidato Aécio Neves tivesse vencido as eleições presidenciais contra Dilma Rousseff foi, de fato, cogitada. Ele disse apenas que "participar de uma equipe" em prol do esporte e da educação é algo que o atrai.