Por victor.abreu

Espanha - O presidente do Barcelona, Josep Maria Bartomeu, afirmou nesta sexta-feira ao juiz Pablo Ruz que não teve participação em nenhum dos contratos firmados durante a transferência de Neymar, já que essa tarefa ficou sob a responsabilidade de seu antecessor, o brasileiro Sandro Rosell.

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Em depoimento hoje na Audiência Nacional, Bartomeu também negou ter cometido crime fiscal durante o exercício de 2014, quando já tinha assumido o comando do clube. Ele é acusado de não pagar 2,8 milhões de euros à Fazenda Pública espanhola em impostos pela contratação do atacante.

Josep Maria Bartomeu diz que crimes fiscais foram cometidos por Sandro RosselReuters

O dirigente reiterou que o clube pagou "apenas" 57,1 milhões de euros (R$ 174 milhões) por Neymar, em vez dos 94,8 milhões de euros (R$ 289 milhões) apontados em relatório feito pela Agência Tributária e entregue ao promotor do caso, José Perals.

Segundo informaram fontes presentes no julgamento, Bartomeu explicou ao juiz que não interveio nem na negociação nem na configuração de nenhum dos sete contratos que foram firmados durante a transferência de Neymar.

O dirigente disse que só um grupo reduzido de pessoas estava conduzindo a contratação, e ele era uma delas. Mas o processo teria sido liderado sempre por Rosell, que deixou a presidência do clube em janeiro de 2014, após ter sido acusado de cometer dois crimes fiscais e um delito societário na contratação do jogador.

Ainda como vice-presidente esportivo do clube, Bartomeu afirmou que assinou os contratos por considerá-los adequados. Depois, já como presidente, revelou que deu instruções aos advogados tributários para trabalharem com risco zero e prever o que o Barcelona poderia dever à Fazenda.

Depois disso, seguindo suas recomendações, o clube pagou 13,5 milhões de euros para regularizar a situação, um montante que, garantiu, cobre com sobras as possíveis dívidas do Barcelona com a Fazenda.

A Agência Tributária considera que o clube deixou de pagar no ano passado, já sob a gestão Bartomeu, 2,6 milhões de euros correspondentes a 5 dos 40 milhões pagos a Neymar por assinar com o Barcelona um ano antes do previsto (em 2013 em vez de 2014), além de outros 235,7 mil euros por contratos de imagem e de representação do craque brasileiro.

Bartomeu explicou ao juiz que esse dinheiro deveria estar incluído nas contas do exercício de 2013 e esclareceu, além disso, que o valor está equivocado, por se tratar de acordos entre o clube e as empresas do grupo Neymar, não entre particulares.

Por isso, afirmou que outro tipo de imposto incidiria sobre a negociação e que, inclusive, deveria ser pago no Brasil e não na Espanha, porque as companhias do atleta têm sede em território brasileiro. Grande parte da discussão durante o depoimento, segundo as mesmas fontes, foi para determinar se o imposto corresponde a 2013 ou 2014.

Bartomeu apontou que o pagamento dos 13,5 milhões de euros já cobriria qualquer as dívidas em quaisquer dos dois casos. O depoimento de Bartomeu durou mais de três horas. O dirigente foi perguntado sobre todos os contratos assinados com várias empresas de Neymar para contratar o brasileiro.

A Fazenda Pública avalia que essas parcerias foram usadas como fachada, algo que Bartomeu nega. Ele assegurou que o grupo Neymar emprega cerca de 40 pessoas e, desde 2006, explora os direitos de imagem do jogador. O dinheiro foi pago a essas empresas, insistiu, porque elas eram reais.

Bartomeu chegou de carro à sede da Audiência, onde era esperado por um grande número de jornalistas, mas não quis dar declarações na entrada e na saída do tribunal. Antes dele, o advogado do clube, Cristóbal Martell, foi ouvido pelo juiz Ruz, porque o Barcelona é acusado como pessoa jurídica de três crimes fiscais durante a contratação de Neymar.

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