Por edsel.britto

Natal - O Alecrim precisou de 29 anos e um técnico carioca para voltar a exalar cheiro de título. Sob o comando de Anthoni Santoro, que no Rio só não dirigiu o juniores do Vasco entre os grandes, o segundo time de todos os potiguares levanta o troféu do primeiro turno do Estadual do Rio Grande do Norte se vencer o América-RN, às 18h45, na Arena das Dunas, em Natal.

No ano do centenário, o Periquito, como é chamado, precisou enfrentar um caminho enlameado para chegar à ultima rodada na disputa, justamente com o rival de logo mais, pela taça. Na realidade, uma saga. A superação dos infinitos problemas, que começaram na pré-temporada, iniciada bem mais tarde do que as dos adversários, faz o técnico acreditar no que antes parecia impossível.

Após montar o time às pressas, Anthoni Santoro pode tirar o Alecrim da fila de 29 anos sem títuloArquivo Pessoal

"É um coroamento. Perceber que valeu a pena passar por todas as dificuldades, transformar os problemas em solução, é muito gratificante. O América-RN é favorito, tem receita bem maior, mas não somos o azarão. Existe merecimento. E isso que nos dá esperança. Chegamos tão longe, porque não brigar, efetivamente, pelo título?", indaga Anthoni, esperançoso.

Com orçamento bem inferior aos de América-RN e ABC, principais forças do estado, Anthoni utilizou-se do jogo de cintura carioca para montar o time. Recorreu a jogadores que já haviam trabalhado com ele na base,em clubes do Rio. Para formar a comissão técnica, teve que fazer uma pesquisa com profissionais locais.

Os zagueiros Emerson, ex-Audax e Pedro Henrique, ex-Nova Iguaçu, o volante Vitor Hugo, emprestado pelo Flamengo, o lateral-esquerdo Diego Maia, Flamengo e Audax, o atacante Yguinho, ex- Flamengo e Botafogo e os meias Lucas Patinho, emprestado pelo Fluminense e Eliabe, formado na base do Flamengo, chegaram para participar do projeto.

Emerson%2C Diego Maia e Yguinho são titulares e destaques na campanha do AlecrimDivulgação

Os dois últimos, entretanto, não se adaptaram e retornaram. Atualmente, eles formam a espinha dorsal da equipe, mas, na semana da estreia no campeonato, Anthoni Santoro foi surpreendido, e, mais uma vez, precisou se virar.

"Houve uma mudança no regulamento da CBF com relação à inscrição e tínhamos apenas nove jogadores regularizados, entre eles cinco juniores. Vieram cinco garotos do juvenil (categoria entre 16 e 17 anos) e escolhi três. Tive uma conversa muito séria com eles. Disse que eles dormiram de um jeito e acordaram de outro. Ganhamos por 2 a 1 do Corinthians de Caicó, que duas rodadas depois empatou com o poderoso ABC, no Frasqueirão", recorda o treinador.

Apesar de ser um dos poucos clubes que dá nome a um bairro em Natal, o Alecrim não tem casa para jogar. Ter, tem, mas sem laudo do Corpo de Bombeiros, não pôde mandar nenhuma de suas partidas no Ninho do Periquito. Mais uma barreira que precisou transpor para seguir vivo no Potiguar.

Alecrim faz a decisão do primeiro turno do Potiguar contra o América-RN neste domingo na Arena das DunasDivulgação

"Brinco que somos nômades. Andamos de um lado para o outro. No jogo contra o América-RN, o mando é nosso, mas ele será disputado na Arena das Dunas, onde eles sempre mandam as partidas. Mas nada mais justo para nós. Poderemos jogar no principal estádio do Rio Grande do Norte, que sediou jogos da Copa do Mundo", afirma Anthoni.

O técnico carioca que já conquistou diversos títulos na base por três dos quatro grandes do Rio de Janeiro precisou ir para o Rio Grande do Norte para ter seu trabalho reconhecido. E, se vier mais conquista hoje, ela será histórica.

Pela trajetória do Alecrim na competição e pelo jejum de títulos, que dura desde o Potiguar de 1986. Com 18 pontos na tabela, o Verdão precisa vencer o América-RN, que lidera o campeonato com dois a mais, para deixar a longa fila de espera.

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