Por edsel.britto

Rio - O incentivo, a todo instante, vinha do marido. Era Murilo quem transmitia tranquilidade para Jaqueline seguir brilhando no Minas, mesmo vendo a família dividida entre Belo Horizonte e São Paulo. O filho, Arthur, hoje com um ano e cinco meses, ficava mais tempo com ela na capital mineira, mas o paizão corria ao encontro dos dois sempre que tinha uma folguinha no Sesi.Agora, o casal do vôlei brasileiro, junto há 16 anos, festeja a realização de um sonho em família: os dois jogarão pelo mesmo clube, o Sesi, na temporada 2015/16, anterior aos Jogos Olímpicos do Rio.

“É bom demais. Está sendo muito especial. Quando eu jogava em Osasco, já ficávamos juntos. Mas na mesma equipe a gente nunca teve a oportunidade. Espero que seja um ano mais do que especial”, comemora Jaque.

Murilo e Jaqueline comemoram a chance de jogarem pelo mesmo clube e ficarem mais próximosCarlos Moraes

Em 2014, nessa mesma época, a bicampeã olímpica sofria com a indefinição sobre o seu futuro. Ela havia ficado longe das quadras por conta do nascimento de Arthur, em dezembro de 2013, e não sabia em que clube jogaria na temporada 2014/15.

O técnico José Roberto Guimarães a chamou mesmo assim para a Seleção, em abril, e Jaque não decepcionou. A ponteira voltou a jogar em alto nível pela equipe brasileira, mas seguia sem clube depois do bronze no Mundial da Itália, em outubro. Ela só acertou com o Minas em novembro, com a Superliga já em andamento.

Ambos atletas da Seleção Brasileira de Vôlei, os dois já estão juntos há 16 anosCarlos Moraes

“Foi um ano de superação. Eu tinha que provar para mim mesma que eu poderia dar a volta por cima, depois de tanta dificuldade, de não saber onde iria jogar. Eu não queria ir para fora. Foi uma ótima temporada para mim e cresci muito com as dificuldades”, recorda Jaque.

Suas atuações pelo Minas renderam elogios do técnico Bernardinho, comandante do Rexona-Ades, que chegou a apontar Jaqueline como a melhor jogadora da Superliga. Com sua experiência, ela foi determinante para o time mineiro chegar às semifinais da competição.

Já Murilo seguiu na capital paulista, defendendo o Sesi, atual vice-campeão brasileiro. “A gente se virou. Não tinha escolha. Não dava para a Jaque abandonar a carreira. E foi ótimo para ela ter ido para o Minas. Foi uma Superliga ótima para ela”, elogia o ponteiro.

Superar a distância foi um dos desafios do casal. “Eu conseguia encontrá-los quase toda a semana. Quando acabava o jogo no sábado eu pegava um voo à noite ou no domingo de manhã cedo e voltava para treinar na segunda. No Carnaval, ela conseguiu passar alguns dias em casa. Temos que superar essas coisas. Lógico que este ano vai ser mais fácil para a gente porque os dois vão estar em casa. Mesmo na Superliga, com as viagens, o Arthur vai ter sempre alguém em casa. Isso vai ser ótimo”, diz Murilo.

Jaqueline lembra que, a todo momento, o marido a incentivava. “Era a primeira vez que a gente ficaria longe um do outro tendo o nosso filho. E era aquela fase de aprendizado diário dele. Eu me preocupava muito com isso porque o Arthur ficaria mais tempo comigo. Mas o Murilo me deu força e disse: ‘Vai trabalhar, que eu fico aqui tranquilo’. Isso me deu tranquilidade, sem ficar com a consciência pesada de que ele estava lá sofrendo. Acho que estava sofrendo mais do que ele”, conta a ponteira.

Pais de Arthur%2C de 1 ano e cinco meses%2C Murilo e Jaqueline estão felizes pela família estar juntaCarlos Moraes

Na semana passada, a família esteve reunida em Saquarema, onde as Seleções fazem a preparação para a temporada. A equipe masculina fará sua estreia na Liga Mundial na sexta-feira, diante da Sérvia, em Belo Horizonte. Já o time feminino segue treinando para o Grand Prix e o Pan de Toronto.

Murilo, que passou por uma cirurgia no ombro direito em outubro, já avisou que quer evoluir no ano pré-olímpico. O sonho do casal é brilhar no Rio, em 2016: Jaque buscará o tricampeonato olímpico e Murilo, com duas medalhas de prata no currículo, sonha com o seu primeiro ouro nos Jogos.

Arthur, é claro, estará na torcida pelos pais. “Agora que ele está um pouco maior, vai lá abrir a porta do nosso quarto para ver se a gente está em casa. São fases. Ele está aprendendo e a gente também aprende com ele”, resume, orgulhoso, o papai Murilo.

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