Rio - "Grande centro da alma do subúrbio carioca", foi assim que o Prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, definiu o Olaria Atlético Clube, que nesta terça-feira comemorou o seu centenário com muita festa. Apesar da popularidade nos tempos passados, quando tinha em seu elenco grandes craques renomados como Romário, Garrincha, entre outros, o clube hoje vive um mau momento e luta para voltar à elite do futebol carioca.
Porém, independente da atual realidade do Olaria, existem torcedores apaixonados e fieis ao Azulão. Um desses exemplos é Arthur Neto, fanático pela equipe da Zona Norte e repórter da Rádio Jovem Olaria.
"Acompanho o Olaria desde garoto. Eu pulava o muro lá atrás das arquibancadas para ver os jogos. Já chorei muito ali. No final do jogo em Angra dos Reis eu não consegui mais falar. Quando o Olaria perdeu a chance de subir, meus olhos encheram d'água. Não deu nem para entrevistar nenhum jogador", diz um dos amantes do clube, que afirmou já ter tido problemas em casa devido à paixão pelo time.
"Meu pai era tricolor e quando eu tinha cinco anos de idade ele perguntou qual era o meu time. Eu falei Olaria e ele disse 'Olaria não existe', Já meti meu carro em tudo quanto é buraco pelo Olaria. Minha mulher já falou que vai me dar uma mala para eu vir morar aqui no clube (risos)".
Clécio Vianna, parceiro de Arthur e fundador da rádio do clube, também ressaltou seu amor pelo Olaria e o motivo que acarretou no surgimento da rádio:
"Sentimos a dificuldade de um clube dito pequeno quando jogava fora. Aquela falta de saber como estava o jogo, o placar e daí surgiu a ideia da rádio em 2010. A rádio deu esse espaço que a grande mídia não acompanha. Nós vamos atrás do Olaria aonde ele for. Eu digo que sou Olaria de coração mesmo".
Quando o assunto é geração, o torcedor Pedro Paulo, sócio do clube desde 1964, tem muito o que contar. Aos 55 anos, ele recorda os tempos em que seu avó o incentivava a amar o Azulão da Bariri: "Vivemos grandes momentos, esse amor vem de família. Meu avós ocupavam cargos desde os primeiros tempos. Depois teve meu pai, que ocupou quase todos os cargos dentro do clube e isso foi passando para nós. É bom poder fazer parte desse cube que já fez grandes campeonatos estaduais".
Aquela velha história de avô para neto e de pai para filho, ainda continua viva na família de Pedro Paulo, que também passou um pouco da relação com o Olaria para o sobrinho que, fanático como o tio, formou uma torcida para apoiar o time nos jogos.
"A Império Olariense já vem de anos. É um geração de pai para filho, do meu avó, dos meus tios. Vivemos aqui, jogamos, fomos atletas. A torcida foi fundada em 2012 com a ideia de resgatar o pessoal do bairro, transformar em paixão bairrista e de amor ao clube", comentou Pedro Vital, que tem 24 anos.
O Presidente do Olaria, Augusto Pinto Monteiro falou com bastante emoção da marca histórica atingida pelo clube. O mandatário lamentou a atual fase vivida do time, mas se mostrou confiante em uma retomada dos tempos de glória nos pés dos jovens talentos da base.
"Hoje é um dia que não tenho o que descrever a minha alegria em estar participando e vivendo isso no Olaria hoje. Hoje eu já poderia morrer. No futebol nós estamos amargando uma Série B e o Olaria é um clube de Séria A. Eu tenho um time sub-20 que vem sendo campeão todo ano e é com essa garotada que eu vou subir no ano que vem", disse.
A presença ilustre na comemoração dos 100 anos do Olaria nesta terça-feira ficou por conta do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, que aproveitou para ressaltar a importância dos clubes antigos e abordar a crise financeira que eles vivem atualmente.
"Estes clubes tiveram papel fundamental para a integração das pessoas na cidade. Estamos fazendo um esforço para melhorar a situação financeira destes clubes no subúrbio. É um desafio. Eles cumprem um papel fundamental para o encontro das pessoas no seu bairro e na comunidade", afirmou o prefeito, que fez questão de exaltar a história do clube.
"A identidade da cidade é a alma do suburbano carioca. Na Leopoldina, o grande centro dessa alma é o Olaria. Eu não poderia deixar de vir e agradecer o clube na história dessa cidade. Vida longa ao Olaria".
Reportagem de Jéssica Rocha
