Canadá - Joanna Maranhão emocionou-se e foi correndo dar abraços em colegas que assistiam às provas. Naquele momento, o resultado que tinha era o quarto lugar nos 400m medley. Mas ela vibrou mais do que em muitas vitórias ao longo da carreira. E não era para menos: desde 2004, ela não conseguia baixar o tempo que fizera na final da Olimpíada de Atenas, aos 16 anos de idade: 4min40 cravados. Nesta quinta-feira, em Toronto, conseguiu 4min38s07.
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"É o quarto lugar mais feliz da minha vida. Estava dentro de mim faz muito tempo. Encarei os fantasmas de ser finalista olímpica. Fiz o melhor tempo da vida aos 28 anos de idade. Estou em êxtase. Se ganhasse a medalha seria perfeito, mas não estou nem aí que não ganhei", dizia a pernambucana ao SporTV.
No momento em que dava a entrevista, o placar eletrônico estampou a desclassificação da canadense Emily Overholt, que havia vencido a prova. Joanna subiu da quarta para a terceira posição e abiscoitou um bronze. A canadense virou a cabeça para baixo na virada do nado de costas para o peito, o que não é permitido.
Ao longo desses dez anos, Joanna disse que teve síndrome do pânico e chegou a abandonar a natação. Em 2008, ela revelou, numa entrevista ao site da Gazeta Esportiva, que ficou um tempo sem conseguir pular na piscina por ter sido abusada na infância por um treinador, quando tinha nove anos de idade. A muito custo, com a ajuda de psicólogos e psiquiatras, Joanna se reaprumou e voltou a perseguir melhoras na piscina.
Mais leve após se superar nos 400m medley, Joanna deu contribuição importante para o revezamento 4x200m livre ao supear outra barreira, a dos 8 minutos, e conquistar a prata, com 7min56s36. O ouro ficou com os Estados Unidos (7min54s32). Em Atenas, Joanna também conseguiu ir para a final olímpica nessa prova, ao lado de Mariana Brochado, Monique Ferreira e Paula Baracho (8min05s58).
"O 4x200m livre era outro fantasma, mas esse é menor. Eu vi essas meninas surgindo e tive que elevar o meu nível para poder fazer parte deste rev (revezamento). Estar nele é uma honra para mim", disse Joanna, sentindo-se mais vitoriosa do que nunca.