Por victor.abreu

Canadá - Mijaín López é um homem de semblante sério e poucas palavras. A abordagem de jornalistas gera até uma certa impaciência, atitude intimidadora vindo de alguém com 1,98 metro de altura e 130 quilos. Mas foi a seriedade na forma de trabalhar que moldou o talento do cubano, ícone da luta greco-romana.

Na última quinta-feira, López conquistou a quarta medalha de ouro consecutiva em Jogos Pan-Americanos, batendo na final da categoria até 130kg o chileno Andrés Ayub. O tetra em Toronto, no entanto, não é seu único grande feito. O cubano coleciona cinco títulos mundiais e dois olímpicos, em Pequim-2008 e Londres-2012. Eu seu país, é chamado de O Terrível.

Mijain López é um dos ídolos do esporte em CubaEfe

É possível se manter motivado ainda após tantas láureas na carreira? "Claro. É motivo de orgulho para mim lutar e trazer grandes resultados para o meu país", disso Mijaín ao iG, após vencer o venezuelano Moises Perez em sua estreia no Pan de Toronto. Foi a mais longa resposta que concedeu, em pouco mais de um minuto de entrevista.

López foi porta-bandeira de Cuba nas cerimônias de abertura do Pan de Toronto e dos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Próximo de completar 33 anos, ele diz não saber quanto tempo mais seguirá competindo, por não gostar de planejamentos em longo prazo. O máximo que consegue projetar é até 2016, nas próximas Olimpíadas. "Com certeza estarei no Rio de Janeiro."

Uma das especulações sobre seu futuro envolvia as artes marciais mistas. Integrantes da equipe brasileira de luta olímpica, que convivem com os cubanos frequentemente em períodos de treinamento em competições dizem que ele já cogitou ir para o MMA.

Quando a história veio a público pela primeira vez, em 2010, Mijaín e sua equipe negaram. Na época o país ainda não permitia a profissionalização de atletas, processo que está em mudança. Escolher o MMA poderia significar uma ameaça de deserção de um dos principais ídolos do esporte local.

A migração para o MMA poderia abrir portas para um passo ainda maior: chegar ao UFC, pelo apelo que Mijaín López traria por seu currículo - se ele, claro, se adaptasse ao novo estilo. A luta olímpica tem fornecido mão de obra para o evento, entre eles um cubano, Yoel Romero, medalhista olímpico e mundial, que não voltou para seu país após um torneio e pediu asilo na Alemanha para se profissionalizar, em 2007. Campeões do Ultimate como Chris Weidman e Daniel Cormier são provenientes da luta.

O lutador não negou que houve assédio para mudar de modalidade, mas descartou a troca. "Não, de jeito nenhum. Não quero. Vou seguir na luta greco-romana", resumiu, ainda mais impaciente.

* Reportagem de Thiago Rocha para o iG

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