Por fabio.klotz

Rio - No quinto e último capítulo da série E se eu fosse..., o campeão olímpico do vôlei de praia Ricardo, parceiro de Emanuel, revela que sonhava ser goleiro do Bahia, seu time de coração. Mas foi na areia que ele se tornou um craque.

Ricardo se arrisca como goleiro%2C o antigo sonho do campeão olímpico no vôlei de praiaMaíra Coelho / Agência O Dia

As mãos que se tornaram famosas pelos potentes bloqueios nas areias poderiam ter sido usadas nos gramados para impedir gols. Se não tivesse se tornado um consagrado jogador de vôlei de praia, Ricardo, da vitoriosa dupla com Emanuel, sabe bem que outro papel gostaria de ter desempenhado: o de goleiro do Bahia, seu clube de coração. Ainda menino, o gigante, nascido em Salvador, sonhava com um futuro promissor nas quatro linhas, mas o destino mudou seus planos e o fez ser coroado como um dos melhores do mundo na praia.

Ricardo chegou a treinar no BahiaMaíra Coelho / Agência O Dia

Movido pela paixão pelo Tricolor Baiano, Ricardo chegou a se aventurar nos campos. Aos 14 anos, treinou como goleiro nas categorias de base do Bahia.

“A minha passagem foi muito rápida. Fiz os testes, passei, mas depois me desmotivei”, recorda. Gigante de 2,01m, ele aponta a altura justamente como o seu diferencial para a posição: “Para a época, eu seria um dos goleiros mais altos. E eu gostava também de jogar. Quando um atleta se dedica e gosta do que faz, tudo acontece com mais naturalidade. Eu gostava, mas tive que optar por outros caminhos.”

Nas brincadeiras de menino, os goleiros que passaram pelo Bahia eram referências constantes: “Tinha vários, na época, que inspiravam a molecada: Rodolfo Rodriguez, Ronaldo... A gente sempre brincava e usava o nome desses goleiros, do próprio Taffarel. Eram referências. Tinha vontade de ser goleiro. Mas tudo é passageiro, as opções vão surgindo e você vai mudando conforme a época”.

Dificultar a vida dos grandes atacantes era o que mais atraía o jogador na vida de camisa 1. “O goleiro fica marcado quando pratica defesas quase impossíveis. Se você faz uma defesa que impede o título adversário, aquilo marca. Uma grande defesa era como se fosse um gol para mim. Quando o goleiro falha, cai o mundo nas costas. Você tem que estar sempre 100% e é o diferencial de um grande time, dá segurança”, afirma.

Mas foi o vôlei que ganhou mesmo espaço na vida de Ricardo: “Tenho um primo que jogava em alto nível e era uma das referências no Brasil e no mundo, o Paulão, que jogava com o Paulo Emílio. Na minha família, era a referência no meio esportivo. Ele me convidou para ajudar nos treinos dele, passei a ajudá-lo e ganhei motivação muito maior no vôlei de praia do que no futebol. Acabei trocando de esporte”, revela. Se Ricardo trocou o gramado pela areia, a dedicação ao esporte não mudou.

“O que eu levo do futebol é isso. Você tem que se dedicar e se preparar. Para se manter por muitos anos naquele patamar, é mais difícil ainda”, explica.

Curiosamente, a consagração no vôlei de praia deu a Ricardo a chance de virar protagonista por alguns instantes em uma Fonte Nova lotada. Após a conquista do ouro olímpico, nos Jogos de Atenas (2004), ele foi homenageado no estádio pelo seu clube de coração e se emocionou muito.

“Quando criança, eu sonhava ter essa sensação como jogador. Fui homenageado no campo, recebi a camisa 1 por ter sido goleiro, dei a volta olímpica. A torcida vibrou pela conquista e por já ter feito parte do time baiano. Eu me vi no passado, como se estivesse conquistando um título no futebol. Foi a minha Copa do Mundo ter sido homenageado daquela forma, ali dentro do futebol”, conta Ricardo, saudosista e emocionado.

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