Por pedro.logato

Rio - O Comitê Olímpico responsável pela organização dos Jogos de 2016 irá cortar gastos previstos para evitar que o orçamento para o evento, estimado em R$ 7,4 bilhões seja ultrapassado. Estimativas feitas pela organização dos Jogos apontavam que haveria uma despesa além do previsto oficialmente. Segundo o diretor de comunicações do Comitê, Mário Andrada, o corte será feito em vários setores e visa o equilíbrio das finanças para a organização da Olimpíada.

"O tempo de esbanjar acabou. Precisamos ser criativos nas maneiras de concretizar estes cortes", afirmou. O total de R$ 38,7 bilhões para organizar os Jogos está dividido em três frentes orçamentárias: Comitê Rio 2016 (verbas privadas, estimadas em R$ 7,4 bilhões), Matriz de Responsabilidades (gastos com as instalações olímpicas, orçados em R$ 6,67 bilhões) e o plano de legado (com as obras de infraestrutura prometidas ao COI, no valor de R$ 24,6 bilhões).

De acordo com o Comitê, diferentes áreas serão 'desafiadas' a reduzir os gastos em até 30%.  A organização citou como exemplo a realização de eventos-teste que antes seriam abertos ao público e com acesso da imprensa e que passaram a ser fechados. 

Carlos Arthur Nuzman é o presidente do Comitê Olímpico Rio-2016Bruno Miani/Inovafoto/CBV


A Lei Federal 12.035/2009 autoriza "a destinação de recursos para cobrir eventuais deficits operacionais do Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016" - o que deixa claro o compromisso do governo federal com o Comitê Olímpico Internacional (COI).

Segundo informações da matéria da BBC, acredita-se que a decisão de reduzir gastos tenha partido de uma reunião de crise entre os gerentes e a cúpula do Comitê Rio 2016 nos últimos dias, e que a situação é drástica a ponto de pedir que arquivos que possam ser lidos no computador não sejam impressos.
Semanas atrás os organizadores já haviam anunciado que a cerimônia de abertura dos Jogos teria um orçamento mais tímido - segundo o diretor Fernando Meirelles, o equivalente a cerca de 10% dos custos da abertura dos Jogos de Londres, em 2012.

Andrada revelou à BBC que um dos motivos por trás dos cortes drásticos é a venda de ingressos, que até o momento está aquém do esperado pelos organizadores.
Dos 5 milhões disponíveis, somente 2 milhões já foram comercializados, o que fará com que o Comitê Rio 2016 abandone o sistema de sorteios e coloque as entradas remanescentes à venda direta online, com a opção de pagamento em prestações.

Os cortes também afetarão o número de voluntários, que deve ser reduzido de 70 mil para 60 mil. Meses atrás o programa de voluntários já havia sido alvo de polêmica, quando o Comitê Rio 2016 foi questionado se conseguiria selecionar e treinar (incluindo com aulas de inglês) os 70 mil voluntários.

A BBC ainda falou com o presidente do Comitê Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman, ainda no mês passado. Ele disse que há cláusulas de confidencialidade com parceiros privados que impedem a publicação de todos os contratos e que as contas serão feitas ao término da Olimpíada.

"Alguns contratos têm confidencialidade de patrocinadores, e as companhias têm que ser respeitadas. Vamos terminar os Jogos e fazer a prestação de contas total da parte que diz respeito ao Comitê Organizador. (Sobre) os demais, cada um fala por si", disse.

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