Por pedro.logato
Rio - A esperança de dias melhores está prestes a desembarcar na estação ferroviária de Campo Grande. Bem perto dali, o clube que carrega o nome do bairro espera receber a tão aguardada obra de recuperação do Estádio Ítalo del Cima. Sem poder contar com Maracanã e Engenhão, Flamengo, Fluminense e Botafogo estudam utilizar o estádio como alternativa no Brasileiro, mas há um desafio pela frente: superar o tempo curto para recuperar um estádio em ruínas.
A Sportlink, empresa de marketing esportivo contratada para arrumar uma casa temporária para os três clubes nesta temporada, ainda estuda a viabilização da reforma, que prevê o aumento da capacidade do estádio para 22 mil pessoas. A intenção é construir estruturas fixas atrás dos gols, e provisórias nas laterais. O maior obstáculo para confirmar a reforma é o curto prazo, já que Maracanã e Engenhão serão entregues ao Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos em abril, e o Brasileiro começa em maio.
Mato alto no acesso do vestiário destinado aos times visitantesAlexandre Brum / Agência O Dia

A obra, estipulada inicialmente em R$ 20 milhões, contaria com o apoio do governo do Estado. Em reunião com Humberto Costa, presidente do clube, o Secretário de Esportes do Rio, Marco Antônio Cabral, garantiu que concederá isenção de ICMS pela Lei de Incentivo ao Esporte ao patrocinador do projeto.

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“A obra tem que estar pronta no dia quinze de maio. Temos quatro meses, de janeiro até abril”, afirma João Henrique Areias, presidente da Sportlink, que critica o atraso na escolha do local: “O estudo para a reforma já poderia ter sido feito há mais tempo. Até hoje ninguém sabe dizer exatamente as datas que Maracanã e Engenhão ficarão fechadas”.
Mato alto e ônibus abandonado numa área interna do Ítalo Del CimaAlexandre Brum / Agência O Dia

Inaugurado em 1960, o Ítalo del Cima não recebe uma partida aberta aos torcedores desde 2010 por causa da falta de um laudo de segurança emitido pela Defesa Civil. E não é para menos: arquibancadas destruídas pelo tempo, tomadas por ervas daninhas — até mesmo um tomateiro cresce entre os degraus —, banheiros sem vasos sanitários e corredores escuros, úmidos, que não lembram nem de longe os bons tempos do estádio, que em 1992 chegou a ser palco de um Fla-Flu pelo Carioca.

“As arquibancadas e a cobertura precisam de manutenção na estrutura, e o gramado terá que ser mudado porque é antigo. A iluminação também precisa ser trocada”, explica Humberto Costa. Apesar das dificuldades, o dirigente vê com bons olhos uma possível reforma: “Seria um ótimo legado para Campo Grande e toda a Zona Oeste. Temos BRT e estação ferroviária perto”.

Avarias numa das arquibancadas do estádio Ítalo Del CimaAlexandre Brum / Agência O Dia

SEM DINHEIRO, TIME NÃO ATUA DESDE 2014

O estado crítico do Ítalo Del Cima reflete bem a atual situação do Campo Grande Atlético Clube. Campeão da Taça de Prata em 1982 — o equivalente à Série B do Brasileiro —, o Galo da Zona Oeste não disputa uma competição profissional desde 2014, quando participou da Série C do Carioca. Sem dinheiro, teve de pedir licença à Ferj.
Afastado das competições profissionais desde então, o planejamento para 2016 depende única e exclusivamente da tão sonhada reforma do estádio.

Enorme poça d' água e mato alto numa área interna do Ítalo Del CimaAlexandre Brum / Agência O Dia

“Estamos dependentes da obra para definir o planejamento da equipe para este ano. Vamos esperar a reforma começar”, afirma João Ellis Neto, vice-presidente de futebol do Campusca, que participou da elite do futebol carioca pela última vez em 1995.

Matéria de Yuri Eiras com a supervisão de Flávio Almeida