Por edsel.britto
Rio - Secretário Estadual de Esporte, Lazer e Juventude, Marco Antônio Cabral afirma que o governo tem trabalhado com a ideia de uma nova licitação para o Maracanã. O cronograma prevê que o edital, que está sendo elaborado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), seja publicado em dezembro. O novo vencedor seria conhecido em março. Paralelamente, há negociações para que a administração do estádio seja repassada pela Odebrecht, vencedora da primeira licitação, ao grupo francês Lagardère — em sociedade com a BWA —, segundo colocado. 
Essa nova opção avançou no último mês, mas o Flamengo pode ser um entrave, pois quer participar da gestão do estádio, o que só seria possível em uma nova licitação. Por outro lado, o Fluminense prefere a manutenção dos moldes atuais. Assim, os novos donos teriam que manter os contratos firmados à época pela Concessionária Maracanã.
Marco Antônio Cabral afirma que o governo tem trabalhado com a ideia de uma nova licitação para o MaracanãMárcio Mercante / Agência O Dia

Confira a entrevista:

ODIA: O que é melhor: uma nova licitação ou a segunda colocada da primeira assumir a gestão?

Marco Antônio Cabral: — Acredito que o caminho da nova licitação seja de maior segurança jurídica, menos turbulento. Mas, se por alguma razão, optar-se por essa questão da venda direta e o estado autorizar, tem que ser o melhor para o torcedor. O caminho ideal é a nova licitação.

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Como vê a participação dos clubes?
Com muito bons olhos. O ideal é ter os clubes lá dentro, junto a parceiros privados, dividindo a administração, participando mais ativamente. 
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Como trabalhar com dois clubes com pensamentos diferentes?
A nova licitação tem que ser boa para o futebol do Rio, e não para um clube específico. Mas, claro, o Flamengo é um carro-chefe de torcida. Basta ver o que tem colocado de gente no Maracanã recentemente. Então, é um chamariz muito grande para o estádio, você não pode não ter o Flamengo. Nem pode ser só ele. 
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O Maracanã tem dado prejuízo. Como evitar o problema com o novo dono?
Tem coisas que podem ser aprimoradas e outras revistas. É um polo turístico grande. Acho inconcebível o Maracanã não ter um museu. Outra coisa: tem que se discutir o Museu do Índio. A gente vê o espaço degradado, no terreno do estádio. Ele poderia ser retrofitado (modernizado) e virar um museu ou qualquer outra coisa que gere renda e agregue valor ao estádio. Não é com um prédio caindo aos pedaços que você vai manter a história dos índios. Poderia fazer um acordo e parte da renda ser destinada ao próprio Museu do Índio, em Botafogo, ou à Funai. Além disso, tem que levar eventos, criar espaço para restaurante, levar comércio para dentro do complexo.
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Mas, se não puder usar o espaço do Museu do Índio, volta o problema da primeira licitação...
Dentro do Maracanã tem espaços que podem ser mais bem aproveitados. Alguém do meio do futebol vai pensar melhor como explorá-los. O Maracanãzinho foi reformado e pode ser usado para eventos e vai gerar renda.
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O Maracanã pode virar um elefante branco?
Acho muito difícil. É claro que é sempre um temor, não só o Maracanã, como outras instalações. O Maracanã, por ser o Maracanã e pelo carinho que a população do Rio tem com ele, acho praticamente impossível virar um elefante branco. Sempre vão procurá-lo para shows, festas, jogo de futebol, partida de vôlei, eventos... Agora, acho muito ruim um estádio top de linha não ter um restaurante, um museu, um tour decente à altura do Maracanã. <MC5>Isso tudo agrega valor e ajuda na manutenção do próprio estádio. Ele não é um elefante branco, mas ainda é subutilizado.
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Como aproveitar o legado olímpico nesta crise?
Um dos grandes legados, nesta situação dramática em que vivemos no Brasil, é não ter acabado a Secretaria de Esporte, que já é um avanço. Temos o Julio de Lamare que vai voltar a ser operado. Estamos preparados. Há um desejo meu de levar a Secretaria de Esporte para o Parque Aquático. Queremos até julho de 2017 fazer essa mudança. Também estamos conversando com o Ministério do Esporte e a Prefeitura do Rio para assumirmos o Parque Radical de Deodoro. O estado quer fazer parcerias levando projetos sociais.
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Com a situação atual, não é arriscado assumir o Parque Radical?
Não vamos assumir custeio, mas entrar com núcleos esportivos, com profissionais da secretaria que serão deslocados. Queremos trabalhar com material humano.
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Quais os planos para o Julio de Lamare?
Hoje, pagamos um aluguel de mais de R$ 100 mil (da sede da secretaria, no Centro do Rio). É um valor que o estado não tem mais condição de arcar. Nosso foco é fazer essa mudança o mais rapidamente possível. A gente quer colocar um centro de treinamento para iniciação na natação e também de hidroginástica para o idoso. A gente quer fazer parceria com a Federação e a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA) para levar campeonatos.
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E o Célio de Barros?
É uma situação delicada. O Estado do Rio não tem condições de construir uma pista nova de atletismo. Seria algo irreal para o momento atual. A minha opinião é que ali se fizesse alguma coisa rentável para quem está operando o Maracanã: restaurante, estacionamento, o que quiserem. E, contratualmente, direcionasse um percentual do rendimento para a Federação de Atletismo do Rio. E o estado construiria uma pista num centro de treinamento.