Por fabio.klotz

Rio - Só o jiu-jítsu salva. A frase é antiga e é quase um mantra para os praticantes da arte suave. E não é que caiu como uma luva para explicar o que aconteceu de melhor no card principal do UFC Rio 6? Foram quatro finalizações espetaculares neste sábado e que levantaram a torcida no Maracanãzinho. Na luta principal, no entanto, Demian Maia não obrigou o americano Ryan LaFlare a bater, mas deu um show na luta de solo e venceu com sobras: decisão unânime (50 a 45).

Erick Silva não decepcionou e venceu no MaracanãzinhoAndré Mourão

O próximo evento do UFC será no dia 4 de abril, em Virgínia, Estados Unidos. O Ultimate retorna ao Brasil apenas no dia 30 de maio, em Goiânia. Evento que terá Carlos Condit e Thiago 'Pitbull' Alves na luta principal.

LEIA MAIS: Dois nocautes espetaculares e 'brasileirada' no card preliminar

Com sangue nos olhos, Godofredo Pepey abriu o card vencendo Andre Fili com um triângulo voador, a 1min45s. Em seguida, Gilbert Durinho sofreu um bocado e saiu com um olho inchado, mas encaixou um arm lock perfeito em Alex Cowboy, no terceiro round, e triunfou. E não ficou só nisso: Léo Santos aplicou um mata-leão em Tony Martin, no segundo assalto, e Erick Silva completou o show com uma guilhotina em Josh Koscheck, nos minutos finais do primeiro round.

Leia o resumo dos combates

Peso-pena: Godofredo Pepey x Andre Fili

Na abertura do card principal do UFC Rio 6, o americano Andre Fili bem que tentou emplacar sua segunda vitória seguida em cima de lutadores brasileiros. Mas o gringo esqueceu de combinar com Godofredo Pepey. O combate começou com pouco contato no alto. Quando foi colocado de costas na grade, o brasileiro tirou um triângulo voador da manga. No solo, foi ter paciência e arrochar o golpe. Sem saída, restou ao americano os três tapinhas, com 1min45s do primeiro round.

Peso-leve: Gilbert Durinho x Alex Cowboy

Durinho começou impondo seu estilo. Logo conseguiu uma queda, mas não estabilizou a posição e deixou o Cowboy se levantar. Ele precisava a qualquer custo buscar uma finalização, já que o jogo do oponente é baseado na trocação. Com mão pesada, Cowboy magoou o rosto de Durinho antes do fim do round e estava inteiro no combate. Com o olho esquerdo inchado e praticamente fechado, Durinho clinchou o adversário na grade no segundo assalto e amarrou a luta. Trocar não era boa opção para o niteroiense, embora Cowboy ainda estivesse tímido no duelo. Ele seguia acertando cruzados de direita em Durinho e, vez por outra, um upper entrava na guarda adversária. Os dois terminaram o assalto grudados na grade.

FOTOGALERIA: Nocaute, finalização e trocação: as fotos do UFC Rio 6

A luta mais tensa até aqui iniciou o terceiro round com mais do mesmo. Cowboy impondo sua trocação e Durinho tentando a queda. Até que o desfecho foi eletrizante: o discípulo de Vitor Belfort conseguiu uma queda usando o quadril, trabalhou a luta de solo e encaixou um omoplata. Cowboy defendeu bem, girou de um lado para outro e, por dois minutos, eles ficaram se digladiando. Até que Durinho fez a transição para a montada e tirou um arm lock da cartola, a 40s do fim. Décima vitória da carreira do Gilbert Durinho, que segue invicto.

Peso-galo: Amanda Nunes x Shayna Baszler

Na única luta feminina da noite, Amanda Nunes e Shayna Baszler subiram ao octógono após derrotas em edições passadas do Ultimate. A americana tentou evitar seu terceiro resultado negativo seguido, mas a vitória ficou com a brasileira. Mais feroz desde o início, Amanda dominou o centro do octógono e não se intimidou com o fato de a adversária ser mais experiente no MMA. A luta terminou quando a brasileira conseguiu acertar um chute baixo na parte externa do joelho esquerdo da rival. O golpe derrubou a americana que não conseguia se defender dos golpes no solo. Restou ao árbitro Mario Yamasaki interromper o combate, com 1m56s do primeiro round.

Amanda Nunes passou por cima de Shayna BaszlerAndré Mourão

Peso-leve: Léo Santos x Tony Martin

Lutando em casa, o campeão do TUF Brasil 2 Léo Santos enfrentou Tony Martin. Na caminhada em direção ao octógono, o brasileiro fez o ginásio do Maracanãzinho tremer ao som do funk 'Chumbo Quente'. Quando o cage fechou, os lutadores fizeram um combate equilibrado e sem grandes emoções no primeiro round. Na volta para o segundo assalto, o brasileiro começou controlando bem o jogo em pé do americano e conseguiu aplicar uma bela queda trançando a perna do adversário. Martin mostrou que tinha pouca intimidade com a luta no solo e acabou cedendo as costas para Léo Santos. O brasileiro não vacilou e encaixou uma gravata técnica, um mata-leão, finalizando o seu oponente aos 2min29s do segundo round.

LEIA MAIS: Notícias, lutas e bastidores: tudo do mundo do MMA

"É uma grande chance mostrar meu trabalho aqui hoje. Estou muito feliz. Ele (Martin) estava se movimentando bastante, esperei um bom momento para finalizar. Ele me deu a oportunidade e consegui a finalização que tanto sonhei", analisou Léo, sendo ovacionado.

Peso-meio-médio: Erick Silva x Josh Koscheck

A música de entrada de Erick Silva previa uma luta daquelas. Ao som da montagem "Chumbo Quente", o capixaba pisou no octógono para enfrentar um dos atletas mais experientes do Ultimate: Josh Koscheck, de 37 anos, mas que não vive um bom momento. Ele vem de quatro derrotas e por isso começou o duelo sendo mais agressivo. Partiu para cima de Erick com vontade, desferiu um direto que acertou o rosto do brasileiro. Erick se recuperou e quase derrubou o americano. Mas a torcida foi à loucura mesmo quando o capixaba acertou um direto de direita e levou Josh a knockdown. Porém, a finalização não veio.

A trocação seguiu alucinante, com Erick sempre levando a melhor. Após acertar um golpe de encontro de esquerda, Erick viu Koscheck balançar e se aproveitou da fragilidade do rival para encaixar uma guilhotina. O americano bateu aos 4min21s minutos do primeiro round e acumulou sua quinta derrota seguida.

"Poucas pessoas sabem as provações que passei e inclusive tive problemas no aquecimento. Mas eu sabia que ia vencer e ia vir pegar o que é meu", contou Erick, completando: "Sabia que o Josh ia querer buscar a luta agarrada e treinei golpes retos. A ideia não era finalizar. Mas eu treino de tudo e estava preparado".

Peso-meio-médio: Demian Maia x Ryan LaFlare

Tentando emplacar sua segunda vitória seguida no Ultimate, Demian Maia tinha uma pedreira pela frente: Ryan LaFlare estava invicto, com 11 vitórias na carreira. Com uma queda logo no início do primeiro round, o brasileiro controlou bem a luta no chão, mas pouco atingiu o seu oponente, que tentava acompanhar os movimentos do lutador paulista.

Demian Maia superou Ryan LaFlareAndré Mourão

O início do segundo assalto pareceu repetir o primeiro. Depois de trocar alguns golpes no alto, Demian Maia conseguiu novamente levar a luta para o solo. Pesando e tentando travar o seu oponente no chão, o brasileiro buscava uma brecha na defesa do americano. Quando conseguiu montar, o brasileiro ensaiou um katagatame, mas desistiu no meio do caminho quando percebeu que não conseguiria finalizar.

Pouco efetivos na trocação, o combate estava destinado ao solo. E foi lá que ele foi para na reta final do terceiro round. Jogando por cima, Demian Maia não explorava o ground and pound e tentava "achar" uma finalização. Mesmo tendo vencido os três primeiros assaltos, o combate não empolgava o público no ginásio do Maracanãzinho.

No penúltimo round, novamente os dois foram parar no solo. Desta vez o katagatame encaixou, mas faltou pressão no cadeado do lutador brasileiro. Na hora do tudo ou nada, a apatia e o cansaço dos lutadores já dominavam o octógono. Melhor nos outros rounds, Demian Maia cozinhou o combate até onde conseguiu. Restou para os juízes definirem o vencedor da luta principal da noite.

"Preciso agradecer a quem ficou até tarde, até o fim aqui para me ver no meu retorno. Eu tentei trazer uma finalização para vocês, mas fiquei três meses parado, lutei com esse grande atleta que, inclusive, estava na frente na bolsa de apostas. Obrigado, Rio de Janeiro", disse Demian.

"Estou muito feliz de ter lutado aqui, berço do jiu-jítsu brasileiro e celeiro de grandes mestres".

* Colaborou Victor Abreu

Você pode gostar