Brasília - Um apaixonado pelo Botafogo e pela profissão de ator, assim que pode ser definido Stepan Nercessian. Na abertura da série "O meu coração alvinegro", o ator e deputado federal (PPS-RJ) fala como seu amor pelo clube começou, suas superstições até na hora de gravar e se mostra confiante no título brasileiro.
Com 35 filmes e 43 novelas no currículo, o ator é um dos símbolos dos torcedores botafoguenses. Sempre presente nos jogos do Glorioso, Stepan revelou uma superstição em seus personagens: sempre atuou interpretando um botafoguense e, na primeira vez que não o fez, era um torcedor de um rival que falava mal do seu próprio time.
Confira abaixo a entrevista com o ator
Qual foi sua principal influência para ser botafoguense?
Stepan: "Na verdade foi o próprio Botafogo quem me fez virar torcedor do clube. Porque eu morava em Goiás na minha infância, era um apaixonado pela seleção brasileira e colecionava álbuns de figurinhas. O primeiro que eu colecionei foi o da Copa de 58 e eu fui confundindo o Glorioso com a seleção brasileira, pois era tanto jogador na Seleção que eu achei que era uma coisa só, criou uma mística com o time, até os narradores de rádio da época falavam que "Botafogo era a Seleção".
Quando ganhou sua primeira camisa do Fogão?
Faz bastante tempo, mas eu comprei a minha primeira camisa do Botafogo quando eu já tinha me mudado para o Rio de Janeiro para tentar uma vida melhor. Depois disso eu sempre fiz questão de comprar uma camisa do Botafogo, até mesmo nas piores fases do clube, como quando o clube ficou 21 anos sem conquistar nenhum título ou quando ele foi rebaixado para a Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro.
Qual foi o primeiro jogo do Botafgo que você acompanhou do estádio?
Meu primeiro jogo que eu fui foi justamente aquele Fluminense e Botafogo de 1971, do gol do Lula, em que o Marco Antônio empurrou o Ubijara (goleiro do Alvinegro na época) e o juiz não marcou absolutamente nada. Foi díficil. Saí do estádio triste.
Jogo inesquecível do Botafogo?
Acho que para todo botafoguense, jovem há mais tempo (risos), o jogo inesquecível é aquele Botafogo e Flamengo de 1989, da final do Campeonato Carioca daquele ano, e foi aquele que saímos da fase sem títulos. Outro foi quando eu fui para São Paulo ver o Botafogo campeão brasileiro, em 1995.
Como foi essa fase de 21 anos sem títulos para você?
Esse tempo foi muito marcante para mim, porque quando mais o tempo passava, mais minha paixão pelo Botafogo aumentava, eu sentia que a torcida ficava mais fiel. Às vezes quando não tínhamos chance nenhuma de título a torcida comparecia do mesmo jeito. A única briga que tinha era quando o torcedor do Botafogo queria vaiar o próprio time. Naquele ano eu assisti do primeiro até a última partida do Campeonato Carioca. Eu me lembro que cheguei até a assistir jogo na Rua Bariri (em Olaria) com recorde de público daquele estádio.
Ídolo da infância do Botafogo? E qual seu ídolo atual?
Eu era um alucinado pelo Amarildo, porque ele foi o botafoguense a substituir o Pelé e fez um monte de gols pela Seleção. E o Waldir Amaral falava bem do jogador e virou um grande ídolo meu. Eu tive ídolos no Botafogo em todas as suas fases, eu lembro do Mendonça, do Alemão, do Paulo Sérgio, o nosso goleiro. Cada um teve um tempo em um momento marcante, sem falar Paulo César e Jairzinho, o Gonçalves, que também são craques.
Tem vontade de ser presidente do clube?
Sempre me falavam disso, sempre comentavam, quando se pensava nisso era mais no sentido de não deixar morrer, alguém que tinha que salvar o Botafogo na sua pior fase, quando o time caiu para a Segunda Divisão. Mas eu tinha certeza de que se eu fosse pra lá eu iria perder meu direito de sofrer e ser babaca de ser torcedor, melhor sendo assim, sem nenhum cargo no clube que eu fico mais feliz! (risos)
Já atuou alguma vez com um personagem botafoguense?
Durante muitos anos na minha carreira eu so aceitei personagens que fossem botafoguense, mesmo que ele não fosse declaradamente botafoguense eu sempre colocava adesivo ou camisa no local de gravação e só recentemente eu aceitei um flamenguista. Só aceitei porque ele mais criticava do que elogiava o Rubro-Negro.
Como está sendo ver o Seedorf com a camisa do Fogão?
Eu gosto demais dele no meu time, se hoje ele parasse de jogar com a camisa do Botafogo seria inesquecível para nós! O que ele fez pelo Botafogo ninguém poderia fazer pelo clube, ele trouxe uma dimensão para o Botafogo que ele nunca deveria ter deixado de ter, hoje o Botafogo joga confiante. Hoje eu estou com pena dele, porque os adversários estão marcando sem cerimônia. A presença dele é fundamental, ele tem o toque dos gênios, que em um segundo ele pode decidir uma partida.
Acredita no título Brasileiro e/ou da Copa do Brasil?
No Brasileirão confiança total, nessa competição se ganha quando o time está bem o tempo todo. O time nunca enfrentou tanta adversidade como está passando agora neste ano de 2013. Tinha tudo para dar errado, era só notícia ruim, tudo não dava certo, perdemos titulares que eram absolutos, e quem está entrando está dando conta do recado, por isso eu acredito muito no Fogão esse ano!