Por edsel.britto

Rio - Após o fechamento do Engenhão em 2013, o Botafogo perdeu uma de suas principais fontes de renda e além disso, a sua casa. Com previsão de reabertura para 31 de dezembro de 2014, o estádio é um dos trunfos para o Alvinegro na temporada de 2015. Outro projeto que está estacionado no momento é de construção de um centro de treinamento para os jovens jogadores localizado em Marechal Hermes.

Já na parte social do clube, a sede de General Severiano precisa passar por obras para melhor atender aos sócios do Botafogo.Diante de tantas necessidades em relação as estruturas, os quatro candidatos à presidência do Botafogo revelaram suas propostas para elevar o nível das instalações. 

Confira na entrevista:

Quais são seus planos para o Engenhão?

Carlos Eduardo: O Engenhão é muito importante dentro do nosso planejamento porque, em 2016, ele será o estádio das Olimpíadas e isso tem um valor agregado muito grande para captação de patrocínio e de naming rights. É preciso saber exatamente em que condições o Engenhão vai ser devolvido ao Botafogo e, também sabermos como ficará a relação. Ficamos sabendo de que teria havido uma proposta de acerto do atual presidente com a Odebrecht. Não sabemos disso. Não tivemos acesso a nenhum documento sobre isso. Soubemos que a Odebrecht emprestou dinheiro ao Botafogo, mas mais do que isso não sabemos. Temos ouvido insistentemente boatos de que eles teriam interesse na co-gestão do estádio. Até agora não temos dados maiores para avaliar. Mas o Engenhão é um ponto muito importante dentro do nosso planejamento e vamos torna-lo alvinegro. Acabar com aquilo de cadeiras vermelhas e azuis. Vamos deixar aquilo de lado e pintar tudo de preto e branco como ele sempre deveria ter sido pintado. Tanto na gestão do Mauricio quanto na do Bebeto, que apoia a chapa azul e do Marcelo Guimarães, que era diretor de Marketing e não tomou nenhuma decisão neste sentido.

Marcelo Guimarães: O Engenhão está no centro de nosso projeto de relação com a torcida e nossos Sócios, além de um vetor estratégico de geração de receitas. Finalmente atenderemos a um anseio histórico dos nossos Sócios e de nossa torcida, customizando o estádio com nossos símbolos e cores. Em 2015 essa customização será removível em função das Olimpíadas, que retirará tudo que tiver aplicado no estádio, mas volta com vigor a partir de 2017, quando nosso estádio será revigorado com a enorme visibilidade e prestígio do evento. Daremos também especial vigor e atenção, aos produtos comerciais do estádio (namimg rights e contas de publicidade).

Além de abrigar o atual CT dos profissionais, traremos projetos sociais, fazendo com que o estádio cumpra um papel social mais relevante, ampliando nossa relação com o entorno e apoiando o custeio. E mais: Nosso Sócio Proprietário terá direito a frequentar gratuitamente aos jogos com nosso mando e criaremos uma área de preços populares. Depois das olimpíadas, lançaremos a Mostra Nilton Santos e construiremos um clube social na área do estádio que dará mais conforto e alternativa para o nosso Sócio Proprietário. O estádio precisa também ampliar seu processo de profissionalização, além de aproveitar ao máximo o legado Olímpico Faz parte dos objetivos do Grande Salto, definir e implantar estratégias e interlocução oficial junto ao COI\COB para conhecer detalhes, acompanhar as mudanças e assegurar o máximo dos melhores legados possíveis para o Botafogo, relacionados ao ciclo pós Olímpico do estádio.Para finalizar, o projeto propõe, a definitiva Profissionalização da Gestão com a contratação de um executivo de ponta com dedicação exclusiva ao estádio.

Thiago Cesário: Retomada, futebol profissional no Engenhão, torcida feliz, estádio customizado de preto e branco, além do sócio-torcedor com o maior respeito. É a nossa casa, o Engenhão é a nossa casa. Flamengo e Fluminense gostam de jogar no Maracanã, o Vasco tem o seu próprio campo. Então o Engenhão é nosso. O prefeito sabe disso, o mundo sabe disso, o Engenho de Dentro sabe disso. É quem gosta, quem ama, quem frequenta, quem faz bom uso daquele enorme e belo patrimônio.

Vinicius Assumpção: Precisamos repensar toda a logística do Engenhão, tanto interna quanto externa. Estou propondo uma criação de um grupo de trabalho que inclua poder público e privado, formado por Prefeitura e Governo do Estado, Fetranspor, Supervia, Metrô e os shoppings Nova América e Norte Shopping. Vamos repensar toda a logística de chegada e saída do estádio. Por que não podemos discutir a possibilidade de colocar ônibus direto de várias localidades do Município para o Engenhão? Por exemplo, o sócio-torcedor. Na hora de comprar o ingresso na carteirinha dele, no pacote ele já leva a passagem de ida e volta para o estádio. Quando acabar o jogo, o ônibus já está lá esperando ele, que entra no ônibus e vai embora.

Quem usa transporte próprio, por que não trabalharmos com bolsões de estacionamento? Ali temos um gargalo muito grande. Um pouco mais afastado, poderemos usar os estacionamentos dos shopping nos dias de semana à noite. Por que não fazer um convênio e reservar um número de vagas e dali ter um transporte direto para levar este torcedor? Vamos repensar todas as roletas e acessos. O Botafogo tem apenas quatro acessos no estádio. Precisa repensar e dividir esses acessos, fazendo uma nova setorização pensando no novo plano de sócio-torcedor. Vamos ter um plano popular, além de pensar no estádio com patrocínios de placas, restaurante panorâmico, que o botafoguense leve a família, almoce e assista o jogo.

Passar um domingo em família, coisa que não exista mais no futebol brasileiro. Pensar também de patrocinas o estádio, dar nome ao estádio. Isso dá uma fonte de receita grande, mas não pode ser somente isso. Pensar todo o processo em volta ao Engenhão. Ele está ao redor de uma área muito populosa, mas ele está meio isolado, ao mesmo tempo. Não tem muito vínculo com aquilo. Como esperamos ter o estádio em definitivo, precisamos trabalhar no entorno com projetos sociais. Inclusive uma das empresas que estamos tratando tem interesse de criar projeto social dentro do estádio.

Após passar por obras, Engenhão será reaberto para o uso em 2015Carlos Eduardo Cardoso / Agência O Dia

O CT de Marechal Hermes sairá do papel em sua gestão?

Carlos Eduardo: Marechal Hermes foi posto abaixo. Eu considero a área pequena. Fizemos um estudo e, para o que se pretende, de oito a dez campos, estrutura de concentração, piscina, e alojamento, é muito pequeno. Nossa ideia é procurar uma área ou na baixada ou pro lado de São Gonçalo, ou na linha do arco metropolitano para concentrar ali todas as atividades. Comprar um terreno, edificar o centro de treinamento, fazer os campos e oferecer para iniciativa privada esta parceria. Oferecer sobre forma de empresa, numa operação aberta, submetida aos poderes do clube, do conselho . E que a gente demonstre que o Botafogo está aberto a iniciativas conjuntas e parcerias a longo prazo.

Marcelo Guimarães: O CT da Base é uma questão estratégica para o Grande Salto. Vamos avaliar as alternativas disponíveis. Temos o terreno herdado de D. Terezinha, grande Botafoguense, temos o terreno cedido pela Prefeitura e temos Marechal Hermes. Faremos um estudo rápido de viabilidade financeira e adequação aos nossos interesses esportivos. Nosso grupo do futebol, liderados pelo Edson Santana e pelo Humberto Redes já está trabalhando no assunto. Terminaremos nosso mandato com esse assunto resolvido.

Thiago: No primeiro dia da minha gestão nós já vamos ter um centro de treinamento para o Botafogo. Chapa azul é chapa quente, não está de brincadeira. No primeiro dia já teremos casa, mas não vai ser próprio. As pessoas falam muito em milhões como se fosse 50 reais. Eu sou trabalhador, um gestor, um empresário bem sucedido. Eu sei quanto o dinheiro custa. Nós vamos ter uma casa linda e maravilhosa e vocês vão ver, a imensa torcida vai ver no primeiro dia. O CT definitivo ele vai ser conseguido ao longo dos três anos do mandato porque vai vir de iniciativa privada e com permutas. Nós vamos fazer negócio para o Botafogo ter um CT próprio. Agora eu ouço muito besteira a respeito desse sonho e nós não falamos besteira , nós fazemos e realizamos. Podem esperar boas coisas. Só não vou revelar agora, porque se não os preços aumentam. Posso garantir que todos ficaram impressionados com o salto de qualidade que o Botafogo vai dar na estrutura para a base.

Vinicius: Primeira coisa, precisamos resolver o problema das receitas com as certidões para depois buscar projetos de CT incentivados. Existem empresas interessadas. Mas temos outra opção para Marechal também. Criar um fundo - temos conhecimento que grandes botafoguenses querem ajudar no CT, mas queremos colocar dinheiro diretamente. - à parte da direção, comandado por uma pessoa de fora da direção que seja escolhida de forma consensual por todas as forças políticas do clube. Ela vai prestar todas as contas, a direção vai apenas acompanhar para manter a transparência.Esperamos que já no primeiro ano a gente consiga, pelo menos, iniciar a construção do CT das categorias de base e, no segundo ano, colocá-lo em funcionamento.

Não basta apenas construir o CT. Queremos mudar a forma de tratar os jovens da base. Vamos construir uma escola chamada Estrela Solitária com o lema "Mais do que treinar, educar". Vamos estar com garotos de todas as categorias em tempo integral. Temos conversa tanto com estado quanto Prefeitura para o Botafogo construir ali uma escola e vamos dar direcionamento para estes jovens. Eles vão ter escola de ensino fundamental e médio ali, Treinou de manhã, estuda à tarde e entre as atividades, o almoço.Além das aulas normais, o garoto vai aprender a história do Botafogo, a importância do clube e muito mais que isso, precisamos criar valores extracampo. Além do jogador, formar o cidadão, para que, quando ele cresça, possa entender tudo que acontece ao redor dele e não fique deslumbrado.

E criar uma forma inerente de jogar em todas as categorias. O Botafogo precisa ter uma maneira de jogar, desde os 14 aos 18 anos, que tem que ser muito parecida à forma que o time profissional atua, para que, quando ele suba, quebre aquele espaçamento para se adaptar e se firmar. Temos que tratar a base como investimento. Vemos o caso do Dória, que chegou através de peneira e o clube tinha 100% dele. Foi vendido por R$ 30 milhões. Isso pagava o Reffis e pagava a construção total do CT e o Botafogo ficou sem nada porque o modelo é errado. O clube está enxugando o gelo enquanto os investidores levam dinheiro.

Sede de General Severiano entrou em pauta na discussão dos presidenciáveisDivulgação

Tem planos para a sede de General Severiano?

Carlos Eduardo: A primeira coisa é cobrar do Carlos Augusto Montenegro a promessa que ele fez de que se o novo presidente quisesse, ele, do bolso dele, colocaria novamente o gramado em General Severiano. Eu brinquei com ele, que isso é meio caro, mas como ele é um homem rico e está prometendo, eu vou cobrar a promessa. A gente quer o Botafogo de volta a General, mesmo que seja para um treino só. Queremos que o time faça uso da concentração e tenha contato próximo com o sócio, treinando na Zona Sul. Queremos resgatar esta mística do Botafogo, um clube de General Severiano. A ideia é dar essa ênfase ao futebol. Com relação à parte social, hoje em dia, temos duas piscinas, o restaurante e mais nada. No caso, o público feminino queremos ver se atendemos com uma academia, um espaço com manicure, com sala de vídeo, sala de televisão, áreas de convivência.

A sede, o palacete colonial, a gente quer fazer um projeto para um centro de memória dos mais modernos para explorar o público turista que virá para as Olimpíadas. O Botafogo é um clube que tem tradição em todos os esportes. É um clube riquíssimo em atletas. Queremos também tirar toda aquela parte administrativa que ocupa um área muito grande e abrir este espaço nobre para o sócio. Área administrativa não precisa estar na casa. Hoje, temos um casarão fechado, às escuras, que você não consegue utilizar para nada a não ser reuniões do conselho deliberativo e para que alguns funcionários e o presidente estejam ali, quase que em um bunker.

A ideia é abrir o clube e permitir que o sócio frequente a sede como fez a vida inteira. Com relação a General Severiano, mais um ponto é a questão do Ginásio. Queremos buscar parcerias no mercado para transformá-lo em uma arena moderna, para que possamos realizar não somente partidas de esportes amadores, mas também shows, substituindo o Canecão, que era um ponto tradicionalíssimo. Temos estacionamento do shopping que pode servir para isso e o hospital não tem doentes internados, então, certamente, com tratamento acústico, conseguiremos realizar um trabalho muito interessante e culturalmente para a cidade do Rio de Janeiro.

Marcelo Guimarães: Precisamos melhorar a qualidade dos serviços prestados no clube e diminuir os custos de locação, abrindo o Casarão histórico para o nosso associado.Promover melhorias na Sede Social General Severiano, com piscinas mais estruturadas e atendimento de melhor padrão. Construção de 2 pisos adicionais acima dos restaurantes com sala de jogos, mini cinema, lounge e espaço beleza, com manicure e cabeleireiro. Além disso, o projeto prevê estabelecermos convênio com a UFRJ para utilização nos fins de semana e feriados como estacionamento, a área do Campus da instituição. Outra anseio fundamental será atendido, o futebol profissional voltará a fazer treinos de apronto na nossa sede histórica.

Thiago: General é nossa casa, nossa história, são as nossas raízes. A gente vai dar todo amor e carinho para General Severiano ou Wenceslau Braz, como nosso querido benemérito Francisco Camões de Menezes sempre corrige quando falam em General Severiano.

Vinicius: Ali é o grande debate. O Botafogo tem um dos maiores patrimônios do futebol carioca. Todo dividido em sub-sedes. A arrecadação do sócio-torcedor hoje em dia é de, aproximadamente R$ 150 mil. As despesas mensais de General Severiano são de R$ 450 mil. Um déficit mensal de R$ 300 mil que geral R$ 3 milhões e 600 mil por ano. Como recuperamos isso? Precisamos ter atrativos para a mulher. É ela que leva a família para o clube. Hoje, temos um bar e uma piscina que estava fechada até pouco tempo. Temos que ter ali um salão de jogos, uma academia, salão de beleza, atrativos para a juventude.

Precisamos de espaço. O Botafogo tem um espaço que está em grande polêmica que é o campo. Metade da sede é o campo e a outra metade é a sede social. Isso não resolve o problema do futebol nem do social. Isto está vinculado à construção do CT de Vargem Grande do time profissional. Assim que tiver pronto, vamos desocupar aquela área, que chamo de latifúndio improdutivo, e transformar em área social para atrair mais sócios e acabar com este déficit.

Aí tem investimentos e melhorias constantes. Quando você pensa nas melhorias das sedes, uma está vinculada à outra. Para General melhorar, eu preciso ter o CT, para ter o Centro de Treinamento preciso das certidões. Não devemos cortar despesas e sim aumentar a receita. Isso será possível oferecendo serviços que atrair mais sócios.

* Colaborou Edsel Britto

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