Santos - Campeão da Copa do Mundo de 1958 e 1962, Pepe ainda lembra bem de cada detalhe que marcou sua passagem pela seleção brasileira. Mais do que isso, o craque de 79 anos guarda também as lembranças de quando acompanhava a equipe nos tempos de garoto. A dois meses da estreia do Brasil no Mundial, para iniciar a série 'Pitaco de Campeão' - que trará a experiência e opinião de um vencedor mundial com o Brasil -, o ex-jogador não esconde a confiança em uma campanha brilhante do time de Felipão e afasta a possibilidade do retorno do temido "fantasma de 50", quando, também em casa, a Seleção perdeu para o Uruguai.
"O Brasil terá um apoio muito grande, não acredito que o "fantasma de 50" possa voltar. Eu tinha 15 anos e me lembro bem do que aconteceu. Vibrei com todos os jogos até chegar àquela decepção da final. Creio que o Felipão já tenha conversado e falado sobre isso até com o grupo atual. Precisamos ter calma e tranquilidade. Isso não vai acontecer de novo. A Seleção é muito boa e a maioria dos nossos jogadores atua nos maiores times do mundo", disse.
Pepe acredita que o Brasil possa ser campeão até com certa tranquilidade, mas liga o alerta para o favoritismo também da Argentina. Recheada de craques e com a presença de Messi, a seleção hermana enche os olhos do craque brasileiro, assim como as potentes Espanha e Alemanha.
"A expectativa é muito boa. Não somos superfavoritos, mas esse fator de jogar em casa vai fazer a diferença. Temos uma boa equipe e acredito que teremos muito sucesso. Cito 80% de possibilidade de Brasil e Argentina serem campeões por conta de Messi e Neymar. Mas também tem Espanha e Alemanha, que são perigosas", analisa.
De olho na equipe de Felipão, Pepe destaca o carinho pelo também santista Neymar. O ex-jogador faz um balanço positivo da qualidade do grupo brasileiro e confia em um bom trabalho do treinador para modelar o time da melhor maneira. Ele acredita que a parceria entre Neymar e Fred vá realmente brilhar, mesmo sem um grande momento do atacante tricolor, que chegou a ser comparado a Careca.
"Temos um grupo experiente na seleção brasileira. Não acredito numa decepção nesta Copa. O Felipão sabe bem o que faz e acredito que Neymar e Fred devem ser aproveitados como titulares, sim. Eles possuem características que casam perfeitamente e o garoto é a principal referência com a bola nos pés. Acho que nossa defesa, mesmo tendo sido pouco testada, tem mostrado muita firmeza. Lá na frente também temos o Hulk que joga muito bem quando está aberto. E o Fred é muito talentoso também, chega a lembrar muito o Careca, até fisicamente", comentou Pepe, que alertou para o perigo que deve ser imposto pelo México logo na primeira fase.
"A Croácia, para mim, é desconhecida, mas sempre faz boas equipes. Camarões eu também não conheço muito, mas sei que o México será o time mais perigoso. Eles sabem muito bem o estilo do Brasil e sempre complicam a situação", acrescentou.
Craque guarda boas lembranças dos tempos no gramado
Se hoje Pepe mostra confiança em um bom desempenho da seleção brasileira no Mundial, na época em que estava em campo a confiança era ainda maior. O craque ressalta que considera a equipe de 58 como uma das melhores que já viu em campo e ainda brinca que se colocasse um desafio de gerações seria difícil bater os amigos do primeiro título mundial.
"Infelizmente não tive a oportunidade de jogar, mas vibrei muito em 58. A seleção na qual o Pelé apareceu de maneira fantástica... Foi a melhor de todas. Das que eu fiz parte, 58 era melhor que 62 e se jogássemos contra o time de 70 acho que o jogo terminaria 4 a 4 (risos)", brincou.
Ao relembrar a parceria com Pelé, o craque não poupou elogios para reforçar o reinado incomparável do craque santista na Seleção.
"Em 1958, Pelé ia fazer 18 anos e já era um jogador excepcional. Depois disso ele já passou a ser conhecido como o melhor do mundo. Não há nada que se compare a ele. O único jogador perfeito que eu vi", concluiu.
