Por rafael.arantes
Rio - São 33 anos de idade e muita história nas areias do Beach Soccer. Referência do esporte no Brasil, Bruno Malias ainda comemora o título da III Copa Brasil de Futebol de Areia, conquistado no último domingo, pelo Flamengo. Além do troféu do torneio, o atacante também levou para casa mais duas boas notícias: o status de melhor jogador do campeonato e o retorno à lista dos pré-convocados para a seleção brasileira para o Mundial do Taiti.

Com passagens também por grandes clubes do exterior, como Sporting Lisboa e Boca Juniors, Bruno não esconde o sentimento especial de estar defendendo o time do coração. Em conversa com O DIA, o jogador revelou o carinho pelo Flamengo e toda a ligação com o Rubro-Negro, além de ressaltar as boas condições de trabalho oferecidas pelo clube da Gávea, fato visto como primordial pelo atleta para uma evolução ainda maior do Beach Soccer.

Bruno Malias foi campeão pelo FlamengoReprodução Internet

Confira, na íntegra, a entrevista com Bruno Malias:

O DIA: Como se sente tendo sido campeão e eleito o melhor jogador da Copa Brasil?
Bruno Malias: É muito legal. No esporte cada emoção é diferente, cada ano é um ano, cada momento tem sua essência. Já joguei em times importantes e também foram fases muito especiais. Mas em Manaus foi diferente, a atmosfera que envolve o Beach Soccer lá é outra. Foi muito bom mesmo.

Como foi defender o clube do coração?
É engraçado te responder isso, ser campeão pelo Flamengo é incrível. Fiz minha estreia pelo clube neste campeonato mas sempre fui rubro-negro. Participava do lado de fora, nas arquibancadas, e foi fácil participar dentro também. Acima de tudo sou rubro-negro. Nasci e cresci na Tijuca, ia para o Maracanã com meu pai, sou um cara da torcida. Eu vivia aquilo tudo, estava sempre na arquibancada e isso é incrível. Ao jogar no Flamengo você tem que lutar, o resto flui naturalmente.

E a sensação de estar de volta à Seleção após o corte de janeiro?
Bom, tive uma lesão no púbis e fiquei em tratamento nos meses finais do ano passado. Quando voltei, já convocado, acabei voltando a sentir. Lembro bem do primeiro dia em que fui no treinamento e acabei sentindo novamente. Eu tentei estar no grupo, lutei por uma semana, mas foi complicado. Estava mal fisicamente e não tinha condições, mas agora é diferente. Estou bem, querendo estar dentro. Estou treinando e quero muito estar ali. Sei qual é o meu lugar.

Bruno Malias defende a seleção brasileira desde 2004Divulgação

Como você vê a evolução do Beach Soccer pelo mundo?
O Beach Soccer tem vinte anos de existência e é um esporte que possui enormes possibilidades, visto que hoje estamos a um passo das Olimpíadas. Esta visibilidade fora de campo é importante demais. Essa comparação do exterior com o Brasil é interessante. Lá fora já disputei o campeonato Italiano, Russo, Português.. Dá para ver que é um esporte em constante desenvolvimento, tem tudo para crescer ainda mais.

E a questão da torcida?
O público adora. Aqui no Brasil só temos este campeonato (Copa Brasil) e esperamos que existam mais, o Beach Soccer é muito bem recebido sempre. Mas a visibilidade dos torcedores é a mesma tanto aqui quanto lá fora. Só este evento de Manaus que tem um diferencial maior, a galera de lá gosta muito. Na Itália eles curtem bastante também, já na Rússia é mais recente, ainda não são muitos clubes disputando. No geral, o cenário é bastante positivo.
Malias já defendeu grandes clubes do exteriorDivulgação

O que pensa sobre a estrutura dos clubes brasileiros?
O clube entrar quer dizer dar estrutura para o atleta. Não adianta o clube abraçar o esporte dando só a camisa para o time. O atleta precisa de estrutura de treinamento, assim como o Flamengo tem hoje. É preciso colocar uma equipe na praia, um departamento dentro do clube. Os clubes do Rio estão largando na frente quanto a isso. O Flamengo tem, Vasco e Botafogo também estão bem preparados. Temos mais alguns outros no Brasil, como o Rio Branco, Avaí, Sport, Sampaio Corrêa.. Mas é importante que exista esta preocupação. É fácil montar um time de aluguel. Pegar os melhores e fazer eles usarem a camisa, mas e o cara que está crescendo? E o que está evoluindo? Eles precisam de uma base.

Qual momento você considera o mais importante da carreira?
São muitos, costumo falar sempre da primeira e da última Copa, mas posso citar vários. Valorizo muito a experiência que tive ao atuar com o Romário, ter ele no mesmo grupo, foi muito bom. Mas acho que o importante mesmo é a caminhada, é você ser um cara correto. Nunca tive altos e baixos, sempre fui muito equilibrado, me cobro muito para isso. Quem sabe o ponto mais alto ainda está por vir (risos).

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Ainda existe um grande sonho?
O sonho agora é ganhar da Rússia no Mundial (risos).