Por ulisses.valentim
Rio - Um ano que pode marcar o ínicio da renconstrução de um gigante do futebol brasileiro. Mesmo com medidas que demonstram austeridade financeira da diretoria, o Flamengo conseguiu mais um título nacional, a Copa do Brasil, para sua coleção. Esse é o balanço que Zico, maior ídolo da história do Rubro-Negro e que atualmente treina o Al-Gharafa, do Catar, fez em seu site pessoal.

O Galinho de Quintino também comentou que sempre acreditou no projeto do atual presidente Eduardo Bandeira de Mello, e também se mostrou orgulhoso do programa de sócio-torcedor do clube, que já tem mais de 60 mil associados. Por fim, o eterno camisa 10 da Gávea disse que espera que o ano de 2014 seja ainda melhor para o Mengão.

Galinho comentou sobre o ano do FlamengoRafael Arantes / Agência O Dia

Confira o texto na íntegra de Zico falando sobre o ano de 2013 do Flamengo:

Quando o Bap me chamou para a primeira reunião de um grupo de executivos rubro-negros bem sucedidos e dispostos a mudar a forma como o Flamengo era gerido, eu confesso que fui curioso para saber qual era o plano. Foram anos e anos de um jeito que permitia vantagens a muita gente envolvida, mas poucos benefícios ao clube e ao torcedor. Eu acredito na paixão ou mesmo na boa fé de muitos que passaram por lá, mas simplesmente o esquema não era profissional e vi isso muito bem na minha passagem rápida como diretor de futebol. É sobre esse ano o tema da minha coluna aqui no site.
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Nesse mesmo dia reunido com o grupo, ouvi do Bap em determinado momento que os primeiros oito meses de gestão seriam muito difíceis, que era o preço a ser pago para reposicionar o clube nos trilhos financeiros. Os passos deveriam ser cuidadosos e a redução da folha era fundamental. O objetivo era preparar o terreno para um novo Flamengo a partir de 2014.
Confiava em vários profissionais envolvidos naquele projeto além do Bap e saí de lá esperançoso. Dei meu apoio ao Eduardo Bandeira de Mello, alçado no grupo para disputar a presidência. E falei isso aqui no meu site mais de uma vez. O Flamengo precisava ser tratado com a grandeza que ele merece. É o que eu acredito.
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As eleições vieram, a Chapa Azul venceu e a promessa do Bap se confirmou. Nada das loucuras habituais em dezenas de contratações, aposta num time com olhar para a base, somado a alguns nomes de fora e a grande preocupação em garantir a volta de credibilidade financeira, apesar das dívidas gigantescas. Via e gostava do que via já no primeiro momento.
Junto comas medidas de austeridade e compromisso com o futuro do clube, alguns meses de sofrimento para o torcedor deram tom de profecia ao havia falado o dirigente agora vice de marketing do clube. Todos nós ficamos preocupados com os resultados. Era duro imaginar o risco do rebaixamento, apesar de eu achar que o futebol brasileiro precisa se acostumar com a ideia de ver clubes sendo punidos pelo mau desempenho. Cair de divisão não significa o fim do mundo e pode mostrar que é preciso fazer mudanças. Grandes clubes em todo o canto do planeta já aprenderam a lição e voltaram com importantes conquistas após rebaixamentos. Agora, é preciso realmente aprender com a queda e não encarar como vergonha, mas como oportunidade.
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Voltando ao Flamengo, a lógica do compromisso com as finanças fez a direção olhar para Jayme e Cantarele após a saída do Mano. Um golaço que celebrei à distancia por conta da identificação dos dois ex-companheiros com o Flamengo, além da competência que sabia que eles tinham.
Enquanto isso o torcedor, que há anos cobrava um jeito de colaborar de alguma forma, crescia em importância num modelo de sócio-torcedor. Tenho orgulho de ser parte desse projeto e fui contratado para que minha imagem fosse explorada de modo a trazer mais sócios.
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Infelizmente os estádios de futebol não comportam uma torcida do tamanho do Flamengo. E eu lamento demais que não exista ainda um jeito de garantir que o torcedor mais pobre tenha acesso ao estádio. Acho realmente que seria importante ter todo mundo lá no caldeirão que virou o novo Maracanã. Mas só cabem 70 mil e o ponto de corte deverá ser cada vez mais o programa voltado aos sócios-torcedores, que já passou de 60 mil.
O mais importante, eu acho, é que o torcedor em condições de aderir ao programa possa ver vantagens. Há uma conta que mostra que o valor mais baixo pode sair de graças usando descontos e vantagens ao longo do mês. É preciso cobrar que seja assim mesmo, que funcione. Na verdade, mantenho o que sempre digo sobre clubes, entidades e governos. O torcedor deve estar pronto para cobrar da diretoria do Flamengo, que neste ano mostrou resultados. Em 2014, esperamos que o trabalho continue e que o clube avance em muitas questões. É preciso seguir apoiando, torcendo e cobrando para chegarmos a objetivos ainda maiores.
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Não pude acompanhar aqui em Doha muitos jogos este ano, mas vi alguns e gostei. O time jogou sempre com raça e superando limitações, principalmente na Copa do Brasil em que bateu quatro times que ocupam as primeiras posições, entre eles o Campeão Brasileiro de 2013. É preciso admitir que ninguém esperava que viesse um título nacional nesse primeiro ano...
Além do tri da Copa do Brasil, demos alguns passos adiante. A dívida ainda é muito grande e há gente disposta a usar o instrumento que tiver na frente para atacar o clube e quem o dirige, mesmo alguns garantindo ser Flamengo. São muitos os interesses. Vale usar a imprensa, jogar sujo, mas acho melhor nem entrar nesse tema porque o balanço é positivo demais para perdermos tempo com quem já passou.
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Vamos comemorar neste fim de ano e nos preparar para que 2014 seja ainda melhor. Sem você, que é torcedor como eu, não será possível. Vamos juntos nessa torcida. E deixo aqui meus parabéns a todos os atletas, comissão técnica, equipes de apoio, dirigentes, funcionários do Flamengo em geral que ajudaram a tornar este um ano especial, um ano de conquista no futebol. E tenho o privilegio de poder dizer que de conquistas no Flamengo eu entendo!
Saudações rubro-negras e até a próxima!