Por rafael.arantes
Rio - Um sorteio que poderia ser mais amigável... O Flamengo fugiu do grupo da morte da Libertadores, mas pode ter iniciado um exorcismo rumo ao título que não fatura há mais de 30 anos, quando a inesquecível geração de Zico & Cia. conquistou a América, em 1981, pela primeira e única vez, batendo o surpreendente Cobreloa. O Rubro-Negro terá uma verdadeira caça aos fantasmas logo na fase de grupos e terá pela frente três pedras no sapato: altitude, clube do México e o Emelec. Além disso, vai sofrer com o desgaste de viagens.
Flamengo vai enfrentar 'fantasmas recentes' na próxima edição da Copa Libertadores da AméricaAndré Mourão / Agência O Dia

A noite de festa que marcou o sorteio dos grupos da Libertadores de 2014, no Paraguai, deu ao Flamengo adversários no estilo que mais temia. A missão do Rubro-Negro será deixar para trás seus traumas e provar para sua torcida que está pronto para recomeçar uma era de ouro. Para começar mais uma batalha, os rivais são: Bolívar, a 3.600m de altitude, Emelec, a 2.530m acima do mar, e León, que está perto de conquistar o Campeonato Mexicano (venceu a primeira partida da final por 2 a 0 sobre o América-MEX).

Cabeça de chave do Grupo 7, o Bolívar fará o Rubro-Negro desafiar a altitude da Bolívia, um dos maiores temores dos times brasileiros na competição. O Emelec,, equipe que também fará o time da Gávea atuar na altitude, marcará as recordações da eliminação de 2012. Ao se classificar de forma heroica, os equatorianos tiraram o Rubro-Negro, na época com Ronaldinho e Love, logo na fase de grupos. O último rival é a surpresa, mas nada agradável. O León, do México, deixará o Flamengo em alerta, fruto da traumática despedida na Libertadores de 2008, quando o América-MEX frustrou todo o Maracanã.

Lembranças que assustam o time da Gávea
Publicidade
Em 2007, as imagens dos jogadores rubro-negros tendo que utilizar balões de oxigênio na partida contra o Real Potosí, que tem seu estádio localizado 3.960m acima do nível do mar, na Bolívia, chocaram o mundo do futebol e levantaram mais uma vez a questão de proibir ou não os jogos em grandes níveis de altitude. Mesmo assim, o Flamengo conseguiu arrancar um empate heroico por 2 a 2 com gols de Roni e Obina. Naquele ano, o Fla parou nas oitavas de final, sendo eliminado pelo Defensor, do Uruguai. Agora, o Rubro-Negro se prepara para mais uma batalha nas alturas.

No ano seguinte, o Maracanã foi coberto por lágrimas rubro-negras. O Flamengo tinha acabado de ser campeão carioca, preparava-se para se despedir do técnico Joel Santana (acertara com a África do Sul) e havia vencido a primeira partida das oitavas de final por 4 a 2, fora de casa. Um cenário perfeito para uma verdadeira festa. No entanto, os 50.936 torcedores presentes no Maracanã no dia 7 de maio de 2008 voltaram para casa com um sentimento de trauma. O atacante Cabañas marcou duas vezes e Esqueda completou a goleada e a eliminação do Fla na Libertadores. O espírito de "oba-oba" falou mais alto e o time da Gávea guarda até hoje as marcas de um de seus maiores vexames.

América-MEX eliminou o Fla na Libertadores de 2008 e frustrou os mais de 50 mil presentes no MaracanãEfe

Em 2012, com um elenco comandando por Ronaldinho Gaúcho e pelo técnico Vanderlei Luxemburgo, o Flamengo teve de enfrentar novamente a altitude, só que desta vez na fase preliminar da competição. Contra o Potosí, o Fla abriu o placar com Léo Moura, mas o oxigênio faltou e o time foi derrotado por 2 a 1. No confronto de volta, no Engenhão, o Rubro-Negro penou para fazer 2 a 0 nos bolivianos, com o gol de salvador de Ronaldinho saindo apenas nos minutos finais.

Já sob o comando de Joel Santana, o Flamengo sofreu uma das suas eliminações mais dolorosas no torneio continental. Após chegar à última rodada da fase de grupos dependendo de uma combinação de resultados, o Rubro-Negro fez a sua parte e venceu o Lanús por 3 a 0, no Engenhão. Contudo, em um dos jogos mais incríveis da Libertadores, o Emelec conseguiu uma vitória por 3 a 2 sobre o Olimpia, no último lance da partida, e em menos de um minuto os rubro-negros, que tanto comemoravam mudaram a expressão para a tristeza de mais uma eliminação.