Por rafael.arantes

Rio - A maior torcida do mundo costuma fazer a diferença no Maracanã, com presença massiva e pulmões incansáveis. Mas os 2.487 pagantes (3.376 presentes) de quarta-feira, na vitória do Flamengo sobre o Madureira por 2 a 0, nem sequer encheriam a Gávea. Até então, o pior público da nova versão do estádio era de 5.934 pagantes, no jogo entre Fluminense e Resende. Mais que o dobro. Uma marca vexatória capaz de constranger a diretoria e a Nação, que foi obrigada a pagar de R$ 60 a R$ 160 (entrada inteira) para ver o time B em ação no Campeonato Carioca. A renda foi de apenas R$ 117.620,00.

A repercussão negativa do episódio deixou a diretoria rubro-negra sem saber o que fazer. Ninguém se pronunciou ontem. Os dirigentes cogitaram emitir uma nota com a posição oficial do clube, o que não aconteceu. Nesta sexta, o diretor-geral Fred Luz deve quebrar o silêncio.

Flamengo não vem contando com grande público em seus jogosMárcio Mercante / Agência O Dia

A política de preços altos tem como objetivo, além de elevar a arrecadação com a bilheteria, estimular os rubro-negros a aderir o programa de sócio-torcedor. Em partidas de grande apelo, como na final da Copa do Brasil, ano passado, a fórmula se mostra eficaz. Porém, num jogo do time reserva contra uma equipe de menor investimento, com transmissão da TV aberta, a uma semana da estreia na Libertadores no Rio, fica difícil convencer o consumidor.

Embora a torcida do Flamengo tenha comparecido em peso à final da Copa do Brasil, quando o valor dos ingressos de entrada inteira variou de R$ 250 a R$ 800, os preços praticados pela diretoria sempre foram motivo de insatisfação. Na ocasião, até Procon e Ministério Público questionaram o clube. Na quarta, o técnico Jayme de Almeida expôs sua frustração:

“Fazer um espetáculo sem torcedor, qualquer que seja o estádio, é muito ruim. A motivação, a energia, o frio na barriga, que é normal, em um estádio vazio cai muito, cai até o espírito do jogo. Eu tive a oportunidade de jogar neste estádio com muita gente. É um momento nostálgico, mas alguma coisa tem que ser feita”.

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