Por pedro.logato

Rio - Mesmo impedido, Márcio Araújo entrou para história do Flamengo, ao fazer o gol do título carioca, aos 46 do segundo tempo. Mas o herói rubro-negro, que ontem esteve na mira de flashes e holofotes, ainda é capaz de sair anônimo pelas ruas do Rio. Ontem, enquanto ele concedia entrevista em frente à loja do clube, na sede da Gávea, torcedores perguntavam aos jornalistas: “Quem está ali?”. No entanto, logo se apressavam em busca de autógrafos e fotos com o novo ídolo.

“Ainda não me reconhecem, mas prefiro que não me reconheçam. Acho melhor ter essa vida de anonimato e curtir minha família”, disse o novo dono da camisa 8, que era de Elias em 2013.

Márcio Araújo posa ao lado de estátua de ZicoJoão Laet / Agência O Dia

“Foi mais coincidência mesmo usar a 8, mas graças a deus ela me deu sorte e fui iluminado como ele pra fazer a diferença”, acrescentou.

Ainda no gramado, logo após a conquista, Márcio Araújo ficou surpreso ao ser informado de sua posição irregular. Nesta segunda, ele preferiu exaltar a raça do time, que em nenhum momento desistiu de tentar o empate, e isentou a arbitragem de culpa:

“O mais importante é que tivemos luta para conseguir o resultado. Nós queremos ficar fora dessa discussão, de qualquer tipo de provocação ou briga. Ninguém entra lá influenciado para errar, eles são humanos como nós. Era um lance difícil, dentro de campo ninguém reclamou, só lamentaram o gol. Hoje (segunda) é muito fácil botar a culpa no árbitro”.

Se no dos outros arde mais, Márcio Araújo, com a humildade de quem dá de ombros para a fama, admite que estaria igualmente indignado caso estivesse na pele dos rivais. Para o Rubro-Negro, porém, ficou o sabor da vitória, enquanto a pimenta sobrou para o Vasco.

“Se fosse contra a gente nós lamentaríamos muito, mas também fomos prejudicados e não tem porque ligar para reclamação”, afirmou.

Pior do que o gosto amargo de mais um vice, a frustração de sofrer o gol no último minuto deixou nos vascaínos a sensação de que um doce lhes foi arrancado da boca. No banco, jogadores como Fellipe Bastos e William Barbio comemoravam e até provocavam, segundo o goleiro Felipe. A torcida gritava “olé”. Márcio Araújo se mostra compreensivo:

“Foi um desabafo deles, eles estão sendo massacrados, a torcida implica bastante com o estigma de vice que eles têm, então é normal essa reação. Eles estavam comemorando num momento em que eles estavam por cima. Não tenho que falar sobre isso. O jogo só termina quando juiz apita e nós provamos isso.”

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