Por pedro.logato

Rio - Há três meses e um dia no cargo de diretor executivo de futebol do Flamengo, Felipe Ximenes faz balanço positivo de seu trabalho. Ele cita a troca bem-sucedida de técnico, as contratações de Canteros e Eduardo da Silva e, alinhado com Vanderlei Luxemburgo, defende a priorização da luta contra o rebaixamento. Também afirma não se arrepender da bronca que deu no time, no vestiário, após a derrota por 3 a 0 para o Cruzeiro, e nega qualquer ranhura pelo episódio.

O DIA: Qual o balanço que você faz desses primeiros três meses no cargo?

FELIPE XIMENES: Foi um início de trabalho incomum, com a parada da Copa do Mundo, 46 dias. Adequamos a programação e fomos para Atibaia. Procurei entender rapidamente as impressões que o Ney Franco teve do time e iniciei o processo mais amplo da direção executiva, de estruturação do futebol. Quando cheguei, o time estava na zona de rebaixamento. Buscamos o Vanderlei, que rapidamente conseguiu resultados. Fizemos as contratações de Canteros e Eduardo da Silva e a reposição do Hernane com a vinda do Elton. É um processo muito inicial, mas a cada dia que passa tenho conhecimento maior do clube.

O DIA: Você disse que estava aprendendo quando foi apresentado. O que já aprendeu no Flamengo?

FELIPE XIMENES: Uma coisa que eu aprendi, que já tinha a percepção de fora, mas rapidamente entendi quando cheguei, é que o Flamengo é um clube nacional, extrapola as fronteiras do Rio. Você vai para Santa Catarina e tem catarinenses flamenguistas. Isso faz com que a responsabilidade seja maior, assim como a noção do que é Nação Rubro-Negra. Por outro lado, aprendi que a rotina de trabalho não difere de qualquer outro clube.

Ximenes fez balanço do seu momento no FlamengoDivulgação

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O DIA: Como dirigir o futebol de um clube cuja política é de austeridade financeira? Dificulta ou facilita?

FELIPE XIMENES: Nem facilita, nem dificulta. O importante é o profissional conhecer a realidade do clube nas entrevistas que fizer antes de assumir aquele trabalho e não usar isso como subterfúgio no caso de um insucesso. A situação me foi passada claramente.

O DIA: O Lancenet publicou que você tem rejeição de pessoas importantes do futebol do Flamengo. Como é a sua relação com as pessoas do clube em geral?

FELIPE XIMENES: É até engraçado comentar. Não posso ter a pretensão de trabalhar num clube da grandeza do Flamengo e achar que todos me adoram, que acham que o que eu faço é o melhor. Se eu for me pautar por isso não consigo trabalhar. Mas não posso me preocupar com notícias que são parte da rotina do futebol. Sinto uma receptividade extremamente positiva, das pessoas mais simples até os cargos mais importantes.

O DIA: Quando você estava no Coritiba, praticamente aboliu a concentração. É possível fazer o mesmo no Flamengo?

FELIPE XIMENES: Cada clube tem a sua realidade. Depende do tamanho da cidade, da exposição dos jogadores. Mas para poder tomar uma decisão tão importante como essa, ciente dos riscos, o processo precisa estar bem amadurecido no clube.

O DIA: Sobre o episódio em que a ESPN captou o áudio de uma bronca que você deu no vestiário, após a derrota para o Cruzeiro, poucos dias depois da sua chegada, você se arrepende?

FELIPE XIMENES: Ficou alguma ranhura na relação com os jogadores ou foi positivo para a volta por cima?

FELIPE XIMENES: O que não é comum é uma pessoa invadir o espaço privado e tornar pública uma conversa que é absolutamente interna. Quem trabalha no futebol sabe que discutir no vestiário é fato cotidiano. Não tenho nenhum tipo de arrependimento e muito menos a percepção de que aquilo fez o time melhorar ou piorar. Seria um absurdo achar que tenho esse poder. Não houve ranhura. É como numa família em que se briga com mãe, pai e irmão. A exploração disso é minimizar o trabalho.

O DIA: O time começou mal na Copa do Brasil. O Vanderlei já havia dito que a prioridade é não cair no Brasileiro. Você pensa igual?

FELIPE XIMENES: Estou absolutamente alinhado com o Vanderlei. Ele chegou com um discurso importante demais naquele momento. Ele pegou a equipe na lanterna e expôs para poder se comunicar com a Nação, como rubro-negro que é. Mas ele e o grupo trataram o jogo contra o Coritiba com o mesmo zelo que tratam a outra competição. O fato de ter utilizado outros jogadores foi importante para a maratona. O time vinha de duas semanas de jogos quarta e domingo, viagens, e agora terá mais seis semanas assim, com nove clássicos em 13 rodadas.

TIME BUSCA GORDURA EM SALVADOR

O Flamengo busca, contra o Vitória, às 18h30, no Barradão, gordura para o início do segundo turno do Campeonato Brasileiro. Dentro do planejamento de Vanderlei Luxemburgo, o time precisa conquistar seis pontos a cada 12 disputados.

O treinador dividiu o campeonato em blocos de quatro jogos. No grupo Atlético-MG, Criciúma, Vitória e Grêmio, a missão já foi cumprida, com duas vitórias nos dois primeiros jogos. Mas o objetivo é acumular pontos, já que o início da segunda metade da competição promete ser espinhoso.

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