Por fabio.klotz
São Paulo - Bressan é um jogador que enxerga além das quatro linhas. Ele cursou três períodos de Administração e planeja se formar em Direito depois que encerrar a carreira. Agora no Rio, pretende estudar Inglês. Aficionado por biografias do esporte, tem atualmente a do ex-tenista Gustavo Kuerten na cabeceira da cama.
Novo reforço do Flamengo%2C Bressan mostra conhecimento da história do clubeUanderson Fernandes

A advogada Marilda, mãe do jogador, exercia marcação cerrada no zagueiro. Enquanto ele, ainda garoto, em Caxias do Sul, sonhava ganhar a vida roubando a bola dos atacantes, ela fazia questão que o filho se agarrasse aos livros. O pai de Bressan, o economista Dorivaldo, também estimulava os estudos, embora botasse fé no talento do garoto, que completou 22 anos no último dia 15.

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“Quando eu tinha 12 para 13 anos, fui jogar no Juventude e tinha que treinar de manhã e à tarde. Minha mãe não queria que eu me dedicasse só ao futebol. Tive que estudar à noite. Ela não queria que eu mudasse de turno, mas meu pai disse que depois ela teria que me explicar por que não fui jogador”, contou Bressan, que se considera um privilegiado:

“Eu tive um conforto maior do que a maioria das famílias brasileiras.”
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Mesmo depois do filho ter se tornado profissional, dona Marilda mantém sua insistência na importância dos estudos. Como a carreira de jogador é curta, ela quer ver seu primogênito preparado para a vida além do futebol. Bressan, por enquanto, traça como meta virar advogado.
“É uma profissão que posso usar na vida pessoal e até levar como carreira dentro do futebol.”
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Na hora de escolher um livro, Bressan prefere as biografias de pessoas ligadas ao esporte. Na prateleira de obras lidas estão, por exemplo, as que contam a vida de Michael Jordan, Bernardinho e Andre Agassi, recém-terminada. Delas, ele tira lições, como a de se empenhar ao máximo:
“O Jordan treinava muito, tinha uma dedicação fora do comum. O Agassi não gostava de tênis, mas o pai o obrigou a jogar. Achei interessante que ele não teve uma infância ruim, mas sofreu com o pai que o obrigava a jogar e acabou se tornando um dos melhores de todos os tempos.”
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O estímulo para estudar vem de todos os lados. Há quatro anos, Bressan namora Luciana, formada em comércio exterior. Nas viagens internacionais dos dois, ela vira porta-voz do casal. O jogador, porém, garante que o papel de intérprete exercido pela amada está com os dias contados.
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“Este ano no Rio vou ver se procuro um curso.”
Na sua coletiva de apresentação, Bressan mostrou conhecimento de história do Flamengo. Citou Rondinelli e Mozer, que não viu jogar. Mas isso ele não aprendeu nos livros.
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“Meu pai era apaixonado pelo time do Flamengo dos anos 1980. No time do bairro, ele jogava de zagueiro e dizia que era o Rondinelli. No Flamengo eu vi Juan, Ronaldo Angelim, Fábio Luciano, Júnior Baiano”, concluiu o zagueiro, cujo irmão Gabriel, sete anos mais novo, joga na base do Juventude.