Por fabio.klotz

Rio - Fora do clássico com o Fluminense, neste domingo, no Maracanã, Vanderlei Luxemburgo partiu para o ataque mais uma vez. O técnico do Flamengo fez um pronunciamento, nesta sexta-feira, no Ninho do Urubu, e protestou veementemente contra a punição que recebeu do Tribunal de Justiça Desportiva do Rio (TJD-RJ) por ter criticado a Ferj.

Luxa usou até uma 'mordaça' para protestar contra puniçãoDivulgação

"Conto com a colaboração de vocês para não ter perguntas, respeitando o meu momento. É só um pronunciamento em função das coisas que estão acontecendo. Acho importante meu posicionamento como cidadão e como profissional. Não é a primeira vez que fico fora de um jogo suspenso. Já aconteceu outras vezes e fui campeão, ganhei. Não vejo como problema para equipe, não vai existir algum tipo de prejuízo. Temos um processo trabalhado com o Deivid. É um situação do futebol, até por expulsão. Os jogadores sabem das nossas propostas. Por decisão minha, conversando com a presidência, se não posso estar no vestiário, não estarei no Maracanã, não vou ao jogo. Eu me senti prejudicado e não tem motivo para estar em um local onde não exercerei meu direito de trabalho. Vou ver o jogo como torcedor. Agora, como cidadão, em um momento importante do Brasil, onde estivemos recentemente uma eleição para Presidente da República com debates ferrenhos, acusações, ideias, movimentos ruins de violência, onde confundiram processo democrático com violência e a população não aceitou. Em seguida, tivemos movimentos democráticos a favor e contra o governo. O direito do povo brasileiro foi conquistado através de lutas para quebramos a ditadura, direito de se expressar sem repressão. Não pode, em 2015, em um órgão importante do Rio de Janeiro, voltarmos a viver um momento de ditadura. Começamos lá atrás com a queda de um presidente e está na constituição o direito de liberdade de ir e vir, que não pode ser quebrado. Eu me senti violentado e agredido como cidadão. Já fiz muitas coisa que merecia ser punido. O que fiz foi buscar o melhor para o povo brasileiro. Em um momento onde tomamos uma derrota de sete, busquei um caminho. Não me posicionei contra nenhum dirigente, mas contra qualquer federação que impeça jovens de jogar futebol. Quando usei o termo porrada, não era dar porrada na mão, foi um termo que usamos constantemente, vejo constantemente ser usado na televisão. Não foi tentativa de mandar agredir ninguém. Não podemos buscar através do futebol a moralidade de um segmento que não tem moral. Como cidadão brasileiro, venho repudiar. Vou continuar sendo da forma que sempre fui e vou seguir criticando o que achar que deve ser criticado. Nunca fui de ficar atrás de nada. Vou continuar buscando viver em um país melhor e que minhas filhas e meus netos encontrem um processo democrático ainda melhor. Não vão me calar de jeito nenhum. Se quiserem me tirar do Carioca, que me tirem. Só vou me posicionar quando tiver o meu direito de liberdade", declarou Luxa. Na sequência, ele colocou uma fita e cobriu os lábios.

LEIA MAIS: Flamengo e Fluminense unidos na guerra contra a Ferj

A "guerra" entre Luxemburgo e Ferj começou às vésperas do jogo contra o Bangu. Com problemas para armar o time, devido lesões, suspensões e convocações, Luxa bradou contra o regulamento que permite a inscrição de apenas cinco jogadores da base. Na ocasião, o técnico do Flamengo falou "tem de dar porrada na federação", no sentido de criticá-la. A frase o levou a julgamento e rendeu uma punição de dois jogos baseada no artigo 258 do Código Brasileiro de Justiça Desportiva (Assumir atitude contrária à disciplina ou à moral desportiva, em relação a componente de sua representação, representação adversária ou de espectador).

LEIA MAIS: Notícias, contratações e bastidores: confira o dia a dia do Flamengo

O Flamengo conseguiu uma liminar no STJD que liberava o técnico para o Fla-Flu. Porém, a entidade voltou atrás e revogou o efeito suspensivo. Desta forma, Luxa está fora do clássico - o auxiliar Deivid, ex-atacante, vai comandar o Rubro-Negro. Agora, Vanderlei vai ter de aguardar o julgamento do recurso no Pleno do TJD-RJ.

Você pode gostar